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Dicastério para a Doutrina da Fé tem novos membros

Papa Francisco com membros do Dicastério para a Doutrina da Fé em 26 de janeiro de 2024. | Vatican Media

O papa Francisco nomeou novos membros do Dicastério para a Doutrina da Fé: o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, cardeal José Tolentino de Mendonça, o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, e o arcebispo de Chieti-Vasto, Itália, dom Bruno Forte.

As novas nomeações ocorrem num momento em que o Dicastério para a Doutrina da Fé continua a lidar com as consequências ecumênicas da Fiducia supplicans, declaração do dicastério que permite bênçãos não litúrgicas a uniões entre pessoas do mesmo sexo.

O cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do dicastério desde setembro do ano passado, viajou recentemente ao Egito numa tentativa de aliviar as tensões depois da Igreja Copta Ortodoxa suspender o diálogo com a Igreja Católica devido a preocupações com a declaração de bênçãos.

Esses são os novos membros do dicastério, que supervisiona questões de ortodoxia doutrinária na Igreja Católica ao redor do mundo, assim como a investigação e processamento de alegações de abuso sexual contra o clero:

Cardeal José Tolentino de Mendonça

O cardeal José Tolentino de Mendonça é prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé. Segundo a Santa Sé, o cardeal de 58 anos, natural da ilha portuguesa da Madeira, é especialista na relação entre literatura e teologia. Ele publicou poesia e também artigos teológicos acadêmicos. Foi arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana de 2018 a 2022.

Antes de ir a Roma, Mendonça foi professor em Portugal e no Brasil e passou um ano no Straus Institute for the Advanced Study of Law and Justice da Universidade de Nova York.

Mendonça também foi reitor da Capela do Rato, uma capela privada em Lisboa conhecida antes da chegada do cardeal pelo seu ministério com pessoas com tendências homossexuais.

“Não escolho as pessoas com quem tenho que caminhar. Como não escolho, não julgo. A atitude da Igreja deve ser de acolhimento, de acompanhamento normal daquilo que as pessoas vivem e são”, disse o cardeal ao responder sobre o ministério em entrevista em 2015.

Mendonça escreveu um prefácio para um livro sobre teologia feminista da Irmã Maria Teresa Forcades i Vila , freira beneditina que fez uma defesa teológica do direito ao aborto que seja “compatível com o Evangelho”. Ele elogiou a irmã por “apontar corajosamente as contradições e buscar alternativas de interpretação que apoiem uma ruptura de sentido e de civilização”.

A irmã beneditina também falou no lançamento do livro de Mendonça em 2016, mesmo ano em que a freira publicou o livro “Somos todos diversos! Em favor de uma teologia queer”.

O papa Francisco escolheu Mendonça para pregar os exercícios espirituais da Quaresma para a Cúria Romana em 2018 e nomeou-o cardeal em 2019. Ele é membro da Ordem Terceira de São Domingos desde 2020.

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“Sejam os cristãos recasados, os feridos pela experiência do rompimento conjugal, ou a realidade das novas famílias [irregulares], ou as pessoas homossexuais, a Igreja deve encontrar um espaço de escuta”, disse Mendonça em 2016.

Cardeal Marcello Semeraro

O cardeal Marcello Semeraro é o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé. O cardeal tem 76 anos e é do sul da Itália. Foi bispo de Albano, uma diocese suburbana localizada a cerca de 16 quilômetros de Roma. É doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense.

Antes de ser nomeado cardeal em 2020, Semeraro atuou como secretário do conselho de cardeais conselheiros do papa Francisco durante sete anos.

Semeraro escreveu o prefácio do livro do padre Aristide Fumagalli “Amor Possível: Pessoas Homossexuais e Moralidade Cristã” em 2020.

Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera em 2016, Semeraro disse que “não tinha objeções” ao reconhecimento legal de uniões homossexuais civis, desde que “não fossem equiparadas à realidade do matrimônio”.

O cardeal também falou publicamente a sua opinião sobre o divórcio e o novo casamento, dizendo ao jornal italiano Quotidiano di Puglia em 2018: “Eu digo que se as pessoas divorciadas querem casar novamente, isso é até uma coisa boa: significa que não perderam a fé no casamento. E hoje a Igreja está muito atenta ao aspecto subjetivo das questões, por isso deve ser avaliado caso a caso. Os tempos mudam… O pai que sempre pune é tão ineficaz quanto o pai que nunca pune”.

Dom Bruno Forte

Dom Bruno Forte é um teólogo que atua como arcebispo de Chieti-Vasto, na costa leste da Itália, desde 2004. O arcebispo de 74 anos é autor de inúmeras publicações sobre teologia, filosofia e espiritualidade.

O papa são João Paulo II pediu ao arcebispo que pregasse os exercícios espirituais no retiro quaresmal da Cúria Romana em 2004, depois de Forte ter ajudado a supervisionar a preparação do documento da Santa Sé “Memória e Reconciliação: A Igreja e as Falhas do Passado”, que precedeu o pedido de desculpas do papa são João Paulo II pelos pecados históricos cometidos por católicos em 2000.

Forte também foi responsável pelas seções sobre homossexualidade no documento provisório da primeira sessão do Sínodo da Família em 2014, segundo Edward Pentin, correspondente do jornal National Catholic Register, parte do grupo EWTN a que pertence ACI Digital, que escreveu um livro sobre o Sínodo.

“A Igreja não acredita que o termo ‘família’ possa ser usado para se referir tanto a uma união entre um homem e uma mulher aberta à procriação como a uma união entre pessoas do mesmo sexo. Dito isto, parece-me óbvio que os humanos têm experiências diferentes e têm direitos que devem ser protegidos. A questão aqui, portanto, não é igualar os dois em todos os sentidos, inclusive em termos terminológicos”, disse Forte durante o sínodo de 2014, segundo o jornal italiano La Stampa.

“Naturalmente, isto não significa que devamos descartar a procura de uma forma de descrever os direitos das pessoas que vivem em uniões do mesmo sexo. É uma questão – penso eu – de ser civilizado e respeitar a dignidade das pessoas.”

Dom Forte chamou a atenção da imprensa no ano passado ao fazer uma declaração sobre uma parada gay local ao dizer: “Rezamos para que qualquer pessoa envolvida no evento… verifique a sua consciência sobre a bondade das suas escolhas e, se forem crentes, façam isso diante Deus, com sentido de responsabilidade para com toda a comunidade eclesial e civil”.

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