21 de novembro de 2024 Doar
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Santo Antônio é conhecido como “martelo dos hereges” e “arca do testamento”.

Sermão de santo Antônio aos peixes | Renata Sedmakova/Shutterstock

Santo Antônio de Pádua, celebrado hoje (13) pela Igreja, é conhecido como “martelo dos hereges” e “arca do testamento”. Segundo o historiador católico Raphael Tonon, ele recebeu esses títulos por causa de suas pregações, combate a heresias e conhecimento e amor à palavra de Deus.

Nascido em Lisboa, Portugal, em 1195, santo Antônio inicialmente fez parte da ordem dos cônegos de Santo Agostinho. Estando em Coimbra, ao ver a urna com as cinco relíquias de mártires franciscanos que foram pregar o Evangelho no Marrocos e foram assassinados por ódio à fé, sentiu desejo de se tornar franciscano, deixando os agostinianos e ingressando na ordem dos frades menores.

Ele também foi ser missionário no Marrocos, mas no caminho, uma tempestade desviou seu navio, que foi parar na Sicília, Itália. “Nessa altura, estava acontecendo um capítulo da ordem dos franciscanos na Itália do qual santo Antônio participou e o próprio são Francisco, num primeiro momento, não deu tanta atenção a ele”, contou Tonon.

Tempos depois, “ele foi incumbido por seu superior por extrema falta de opção de fazer um sermão diante de alguns franciscanos que haviam sido ordenados sacerdotes”. Frei Antônio obedeceu “e sua pregação foi de tal modo pujante e profunda e ao mesmo tempo corajosa por criticar as heresias e os erros do seu tempo que os superiores o incumbiram de pregar”, contou o historiador.

Assim, “começa o seu grande ministério de pregação e é daí que vem sua fama de ‘martelo dos hereges’, combatendo o erro, dando exemplos e realizando diversos milagres”, disse e ressaltou que “isso não foi um caminho de flores”.

O historiador recordou o episódio quando, em Rimini, Antônio foi pregar ao povo que “já estava tomado pela argumentação dos hereges” e “se recusaram a ouvi-lo”. “Então, ele se dirigiu ao mar e chamou pelos peixes, criaturas de Deus, para que viessem ouvir a Palavra de Deus. E os peixes, então, começaram a pulular e tirar a cabeça fora d’água num milagre, num evento extremamente surpreendente que fez com que aquelas pessoas que haviam aderido à heresia se aproximassem num primeiro momento por curiosidade e num segundo momento, tomadas de horror pelos próprios erros e pecados, se converteram”.

Tonon contou que o santo “chegou a pregar diversos sermões”, alguns “notados por ele mesmo” e outros, “franciscanos confrades dele”.

Além disso, o historiador destacou que “santo Antônio tinha uma memória formidável”. “Dos 73 livros da Bíblia, ele tinha em torno de 36 livros de cor, de cabeça ele os conhecia. Isso era bastante comum na Idade Média, as pessoas tinham mesmo o hábito de decorar livros, mas não chegavam a decorar uma quantidade de livros tão grande como a que o frei Antônio decorou. Isso rendeu a ele também o apelido, a aclamação de ‘arca do testamento’. Ele era chamado de’ arca do testamento’ devido ao amor à Palavra de Deus”, disse.

A grande devoção no Brasil

Raphael Tonon disse que santo Antônio teve influência na evangelização do Brasil desde o início da colonização portuguesa, quando nove franciscanos aportaram no território junto com a esquadra de Pedro Álvares Cabral em 1500.

“Quem rezou a primeira missa em solo brasileiro foi o frei Henrique de Coimbra, um franciscano. Então foi obra dos filhos de são Francisco a evangelização do Brasil”, disse o historiador. “Ao lado de são Francisco de Assis, santo Antônio aos pouco foi se tornando um dos santos prediletos do povo brasileiro”.

Para Rapahel Tonon, a chegada da devoção a santo Antônio ao Brasil logo que os portugueses chegaram “explica a grande quantidade de cidades e igrejas dedicadas a santo Antônio desde o início da colonização”.

“Sem dúvidas, a vida, o exemplo, os milagres de santo Antônio fizeram parte do imaginário dos católicos brasileiros”, disse o historiador, para quem a fé católica é “a grande herança que Portugal nos deu”. Ele destacou o fato de que o primeiro santo nascido no Brasil, santo Antônio de Sant’Anna Galvão, foi franciscano e se chamava Antônio.

“Que os brasileiros possam aprender de santo Antônio o amor à Palavra de Deus, a obediência aos legítimos superiores, a devoção intensa a Nossa Senhora e sobretudo a busca de uma vida de santidade, porque o melhor meio de espantar o mal é justamente a santidade de vida”, concluiu o historiador.

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