Jun 18, 2024 / 15:24 pm
A Santa Sé divulgou na sexta-feira (14) a lista dos teólogos encarregados de preparar o “Instrumentum Laboris 2”, documento no qual se basearão os trabalhos da segunda sessão do Sínodo da Sinodalidade, marcada para outubro próximo em Roma.
Abaixo, mostramos os perfis de vários membros deste grupo de teólogos, formado por sacerdotes, leigos, religiosos e bispos.
Dario Vitali: “Repensar toda a Igreja” e “restaurar” o diaconado feminino
O teólogo italiano Dario Vitali já participou da primeira assembleia de outubro de 2023. Na ocasião, durante seu discurso na Assembleia Sinodal na Congregação Geral, o teólogo fez referência à autoridade e às mudanças na Igreja institucional.
Ele defendeu “repensar a Igreja num sentido sinodal, para que toda a Igreja e tudo na Igreja – vida, processos, instituições – sejam reinterpretados em termos de sinodalidade”.
Em janeiro deste ano, Vitali falou sobre o diaconato feminino durante uma entrevista ao Vatican News. Segundo o teólogo a tradição “pensava no ministério diaconal como uma forma de serviço à comunidade, e na tradição havia também a presença de mulheres realizando esse serviço”.
“E é precisamente essa presença feminina na tradição que nos obriga a refletir se não podemos restaurar o diaconato também para as mulheres. Uma reflexão que deve nos permitir encontrar um equilíbrio dentro da Igreja, respeitando todas as sensibilidades existentes”, disse.
Myriam Wijlens: “Cabe ao Sínodo discernir o diaconato feminino”
Myriam Wijlens, professora holandesa de Direito Canônico na Universidade de Erfurt, Alemanha, é teóloga, participa da preparação do documento e também faz parte da Comissão Consultiva do Sínodo.
Numa entrevista em 2023, ela expressou que não cabe a ela, mas ao sínodo, “discernir como responder à questão do diaconato feminino”. Segundo Wijlens, esse pedido “não vem apenas das mulheres, mas de toda a comunidade”.
Ormond Rush: “O Concílio Vaticano II pode iluminar o debate sobre a tradição”
No seu discurso na Sala Paulo VI durante a primeira sessão do Sínodo da Sinodalidade, em outubro de 2023, o teólogo australiano disse que a discussão sobre a Tradição que ocorreu durante o Concílio Vaticano II é a autoridade para as reflexões do Sínodo.
Para ele, “a tradição não deve ser considerada apenas afirmativamente, mas também criticamente”.
Dom Roberto Repole: Sinodalidade para promover a “cultura democrática das Igrejas locais”
O arcebispo de Turim, Itália, dom Roberto Repole, que confiou a gestão das paróquias aos leigos da diocese de Turim, é também um dos teólogos encarregados do Instrumentum Laboris 2.
Foi um dos oradores da conferência intitulada “Igreja e Sínodo são sinônimos: estilos e formas de uma Igreja sinodal”, que aconteceu no dia 14 de outubro do ano passado em Roma.
No seu discurso, dom Repole alegou que o Concílio Vaticano II “não abraçou totalmente as realidades das Igrejas locais”. Por isso, ele defendeu a sinodalidade “para infundir o Evangelho na cultura em que operam as Igrejas locais, enfatizando a cultura democrática das Igrejas locais”.
Rafael Luciani: Uma “revisão sinodal” das estruturas da Igreja
O teólogo venezuelano Rafael Luciani disse várias vezes que as estruturas da Igreja precisam de “uma revisão sinodal”.
Para Luciani, “a sinodalidade é talvez a contribuição epocal mais importante que os cristãos podem dar ao resto da humanidade”.
Ele definiu a sinodalidade como “o processo mais significativo de conversão e reforma que a Igreja Católica empreendeu depois do Concílio [Vaticano II] para revisar as suas relações, dinâmicas de comunicação e estruturas”.
Padre Carlos Maria Galli, teólogo argentino próximo ao papa Francisco
Padre Galli é um dos teólogos de referência do papa Francisco e colaborador de documentos relevantes do seu pontificado. É também autor de vários escritos nos quais defende a Teologia da Libertação.
O padre argentino chegou a dizer que o papa Francisco “superou” a concepção piramidal da Igreja e falou “de uma pirâmide invertida, onde a base se converte no cume”: o ministério dos bispos está ao serviço do povo de Deus.
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Quanto à “reforma da Igreja”, o padre Galli disse que não se trata apenas de mudar a estrutura, mas que “a reforma ou renovação da Igreja consiste numa mudança de atitudes em todos os membros do Povo de Deus”.
Em outra ocasião, condenou a “teologia autoritária” e disse que o papa Francisco “acredita nos processos e quer que sejam irreversíveis”.
Gloria Liliana Franco: “O caminho da mulher na Igreja é cheio de cicatrizes”
A irmã Gloria Liliana Franco Echeverri, presidente da Conferência Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas, lamentou durante sua intervenção na primeira sessão do Sínodo da Sinodalidade em Roma que “o caminho das mulheres na Igreja está cheio de cicatrizes de situações que a levaram à dor e à redenção”.
Ela disse que existe um “desejo e imperativo de uma maior presença e participação das mulheres na Igreja”, mas que ainda assim “não há ambição de poder ou sentimento de inferioridade ou busca egoísta de reconhecimento”, defendendo “o direito à participação e à corresponsabilidade igualitária no discernimento e nas decisões”.
O papa Francisco fez referência a estas declarações numa das suas intervenções no Sínodo da Sinodalidade de 2023: “os ministros excedem em seu serviço e maltratam o povo de Deus, desfiguram o rosto da Igreja com atitudes machistas e ditatoriais”.
Maria Cimperman: justiça social e cuidado do meio ambiente
Irmã Maria Cimperman, membro das Religiosas do Sagrado Coração de Jesus e professora de Teologia Moral, Ética Social e Vida Consagrada na União Teológica Católica de Chicago, lida com sustentabilidade e ecologia.
Para a freira, a justiça social e o cuidado do meio ambiente são expressões fundamentais da fé cristã. É autora do livro “Comprometendo-se com a diversidade. Interculturalidade e vida consagrada hoje”.
Padre Paul Béré: “É necessária uma ‘africanidade’ dentro da abordagem católica”
O padre jesuíta de Burkina Faso foi o primeiro africano a ganhar o prestigiado Prêmio Ratzinger em 2019. Ele se mostrou a favor da adaptação do ensino cristão às culturas locais e disse que é necessária uma “africanidade” dentro da abordagem católica para resolver problemas regionais.
Outros teólogos que participaram
Além dos citados, também pertencem a este grupo os professores de Teologia Dogmática da Pontifícia Universidade Gregoriana Giuseppe Bonfrate e Padre Pasquale Bua.
Inclui também o arcebispo de Perth, Austrália, dom Timothy John Costelloe; Clarence Sandanaraj Davedassan, professor de Teologia Moral na Academia Alfonsiana de Roma; Paolo Foglizzo, especialista do sínodo; o bispo de Xai-Xai, Moçambique, dom Lúcio Andrice Muandula; irmã Josée Ngalula, professora de Teologia Dogmática na Universidade Católica do Congo; Gilles Routhier, professor de Eclesiologia e Teologia Prática na Universidade de Laval, Canadá; Péter Szabó, professor de Direito Canônico na Universidade Católica de Budapeste; e Felix Wilfred, professor emérito de Filosofia e Pensamento Religioso na Universidade Estadual de Madras, Índia.
Nos próximos meses, o Conselho Ordinário do Sínodo da Sinodalidade fará um primeiro discernimento do que foi escrito por estes teólogos em Roma.
Depois, acontecerão as fases de elaboração do documento propriamente dito e um sistema de ampla verificação até que o Conselho Ordinário aprove o documento, que será entregue ao papa Francisco para aprovação final.
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