21 de dezembro de 2024 Doar
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Arquidiocese de Brasília abre casa de acolhida para grávidas em situação de vulnerabilidade

Cardeal Paulo Cezar Costa abençoando a Casa Berçário. | Crédito: ABC Prodein.

A arquidiocese de Brasília (DF) inaugurou no domingo (16) o Centro de Ajuda à Mulher Casa Berçário Nossa Senhora de Guadalupe, para que mães em situação de extrema vulnerabilidade rejeitem abortar e tenham os seus bebês. 

A Casa Berçário, inaugurada com a bênção do arcebispo cardeal Paulo Cezar Costa, tem espaço para acolher como residência temporária 14 mulheres grávidas em situação de extrema vulnerabilidade, que não tenham nenhum apoio familiar. Poderão morar lá durante toda a gravidez até o primeiro ano do bebê. Fica na região da Paróquia Nossa Senhora do Encontro com Deus, na Cidade Estrutural, Brasília (DF), e é de responsabilidade da Associação Benéfica Cristã Promotora do Desenvolvimento Integral (ABC Prodein).

“A ideia é que seja como uma residência que seja uma família para as jovens”, disse à ACI Digital o pároco, padre Miguel Ángel Díaz.  “Para que durante a gravidez e depois possamos criar nelas hábitos e formá-las para algum ofício e depois encaminhá-las para as suas famílias, na medida do possível”.

Cada mulher terá o seu próprio quarto. Elas terão atendimento médico pré-natal  especializado, atendimento psicológico, social, e material, como enxoval e alimentação. Também poderão terminar o colégio e receber cursos de formação para aprender uma profissão.

Quarto da Casa Berçário. Crédito: ABC Prodein.

“Junto com a formação humana, para nós é muito importante a formação espiritual, religiosa”, disse o padre Díaz. “Será uma ponte para a vida sacramental dessas jovens, reconstruí-las física e espiritualmente que é o que mais precisam, salvar também as suas almas”. Ele contou que a casa tem uma capela do Santíssimo onde elas poderão fazer suas orações pessoais e comunitárias.

A abertura da casa, disse o padre Díaz, “é uma resposta concreta e eficaz da Igreja dada desde a perspectiva do Evangelho, de Cristo, que nos prega que a vida é sagrada, a pessoa humana temos que proteger em todas as etapas da vida”.

Para a presidente da ABC Prodein no Brasil, irmã Omarys Ayala, a abertura da casa “mostra à sociedade que é possível encontrar caminhos em que se respeite a vida humana, onde se regenere a dignidade perdida da mulher”.

ABC Prodein é “uma associação da sociedade civil nacional sem fins lucrativos de inspiração católica para o desenvolvimento, cujo foco principal é a formação e a promoção integral da pessoa humana, tornando-o agente de sua própria superação”, segundo o site da organização.

“Em meio às discussões do PL1904 sinto uma grande alegria de poder dar algo para a sociedade”, disse a irmã Ayala. “Não é só salvar a vida da mãe e do bebê, o que já é algo imensamente grande, mas devolver à sociedade uma pessoa que estava quebrada, danificada, esquecida, magoada, devolvê-la como uma pessoa totalmente renovada”.

O aborto nunca é uma saída

“O aborto nunca é uma saída. A solução do problema não é dar anticoncepcionais e abrir mais clínicas de aborto.”, continuou ela. “O que temos que fazer é dar opções, políticas públicas para poder ajudar estas mulheres, encaminhar sua vida não só para o bem delas e de seus bebês, mas para o próprio bem social”.

“O que temos que fazer é ver a formação dessas mães para que não continuem cometendo erros, saibam encaminhar a sua vida”, disse a irmã Ayala.

“Se as mulheres com gravidezes indesejadas tivessem o apoio de que precisam, diminuiria a demanda por aborto porque na maioria dos casos está estatisticamente comprovado que em geral a mulher não quer abortar”, disse ela.

“Talvez alguém pode pensar que é muito pouco dar abrigo a 14 mães gestantes, mas pensamos como santa Teresa de Calcutá, certamente uma gota de água não faria um mar, mas sem essa gota de água o mar ficaria incompleto”, concluiu a irmã Ayala.

O trabalho pró-vida de ABC Prodein na Cidade Estrutural, Brasília (DF)

Desde 2004 a Paróquia Nossa Senhora do Encontro com Deus faz junto com ABC Prodein o trabalho com jovens grávidas que não têm o apoio da própria família e que foram vítimas de violência ou estupro.

O trabalho pró-vida consiste em salvar a vida da criança conseguindo coisas básicas para o enxoval, médicos, psicólogos. Segundo o padre Díaz, mais de 300 crianças já foram salvas do aborto.

O padre Díaz contou que desse apostolado surgiu a necessidade de acolher essas mulheres fisicamente em uma casa, para evitar que caiam no desespero, na solidão e recorram ao aborto pensando que é a última saída.

 A irmã Ayala contou o caso de uma moça de 26 anos que chegou grávida de gêmeos “segundo parto em uma situação triste, de um pai que ela não sabia nem quem era”.

“Chegou aqui sem dentes, parecia que tinha 48 anos. Quando encontrou aqui uns braços que a acolheram que falaram para ela que ela é valiosa e não um objeto de prazer, essa menina começou a chorar, começou a pensar que ela certamente tinha algo para contribuir e para receber. Graças a Deus os gêmeos nasceram e ela está se capacitando e mudando a sua realidade”, contou a irmã.

“Tenho confirmado de um modo muito concreto como mulheres que estavam desesperadas viram esse afeto espiritual e humano e se abriram à esperança de suas vidas”, concluiu o padre Díaz.  

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