21 de novembro de 2024 Doar
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Conselho episcopal da América Latina pede que não se naturalizem as drogas

"O problema das drogas é como uma mancha de óleo que invade tudo", diz documento final da V Conferência em Aparecida, citado pelo CELAM em sua mensagem | Shutterstock/Tinnakorn jorruang

“Não naturalizemos a situação” das drogas disse o Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM), hoje (26), Dia Internacional Contra os Abusos e o Tráfico Ilícito de Drogas. “O tráfico de drogas é a dissolução dos Estados, a substituição do Estado de Direito pelo estabelecimento de outra lei, a dos mais fortes”, diz a mensagem do CELAM. “É um sinal do colapso da civilização ocidental”.

A mensagem do CELAM aparece um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir descriminalizar o porte de maconha para consumo pessoal no Brasil.

O CELAM reiterou sua avaliação sobre o tema, feita em 2007, no documento final da V Conferência em Aparecida: “o problema das drogas é como uma mancha de óleo que invade tudo. Não reconhece fronteiras, nem geográficas, nem humanas. Ataca igualmente países ricos e pobres, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres. A Igreja não pode ficar indiferente a este flagelo que destrói a humanidade, especialmente as novas gerações” (Documento de Aparecida, 422).

Para a presidência do órgão, a “situação se agravou”. “O narcotráfico demonstrou em muitos países da região sua capacidade de se infiltrar e corromper os poderes do Estado, da polícia, das forças armadas, da mídia, das empresas, enfim, de todas as instituições da democracia”. Além disso, “foi capaz de encontrar cumplicidade nos sistemas financeiros, fugindo de controles e fiscalizações, e até mesmo encontrando esconderijos, como o financiamento descentralizado de criptomoedas” e “em seu rastro, consagrou territórios inteiros para sua própria produção, organizou seus próprios exércitos, gangues e sistemas violentos para o controle de territórios. Milhões de jovens fecharam suas vidas no uso de substâncias, e famílias inteiras foram arruinadas”.

“Ganham voz as propostas derrotistas que apontam que é inútil lutar, que legalizar a produção, o consumo e a distribuição de drogas resolveria isso”, disse o CELAM.

“Não naturalizemos a situação, não deixemos que nossos corações se encham de medo ou entorpeçam nossa capacidade de reconhecer que o presente e o futuro da sociedade estão em jogo. Por isso, encorajamos a Igreja e os povos da América Latina e do Caribe a não se resignarem e a continuarem a se organizar para cuidar da vida”, escreveu o CELAM.

Ao final da mensagem, a carta pede “ao Senhor pelas vítimas do narcotráfico” e “a Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América, que abençoe a vida de nossos povos e nos encoraje a encontrar caminhos de paz que nos levem à Vida plena”.

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