18 de dezembro de 2024 Doar
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Advogada acusa Nicarágua de impedir volta de padre que foi em missão aos EUA

Padre Rodolfo French Naar | Diocese de Siuna

A advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina acusou a “ditadura criminosa” de Daniel Ortega na Nicarágua de impedir a entrada no país do padre Rodolfo French Naar, da diocese de Siuna, sacerdote de origem misquita que viajou aos EUA em missão.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, eleito pela quinta vez em 2021, é um ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma mais de trinta anos no poder. Ele chegou ao governo da Nicarágua com a derrubada do ditador Anastasio Somoza, em 1979, pela Frente Sandinista de Libertação Nacional, da qual era líder.

O padre French, da paróquia San Rafael Arcángel, em Waspán, foi impedido de “embarcar no avião” no qual voltaria à Nicarágua. Segundo as fontes citadas por Molina, “a imigração (…) disse-lhe para avisar a companhia aérea que não poderia embarcar”.

“Esse sacerdote é muito querido na Nicarágua porque, quando os furacões Eta e Iota atingiram [o país] há alguns anos, o padre French levou alimentos e ajuda humanitária aos residentes de comunidades rurais misquitas muito empobrecidas atacadas pela ditadura. O padre deu a vida pela sua comunidade”, disse Molina ontem (2) à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Os misquitos ou miskitos é a maior nação indígena da Nicarágua e se estende também a Honduras.

A advogada nicaraguense, que vive no exílio, disse também que o que aconteceu ao sacerdote é “um ultraje que se soma aos crimes contra a humanidade que a ditadura continua a cometer contra a Igreja Católica” e que “apesar do silêncio imposto aos bispos e padres, o número de religiosos exilados aumentou”.

Molina lamentou essa e outras “situações caóticas contra a Igreja” na Nicarágua que não tem autorização de enunciar. A advogada disse que tomou conhecimento de outros 12 sacerdotes que tiveram que fugir do país ou que não puderam retornar devido à perseguição do governo.

Molina disse que vai comparecer diante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em 11 de julho, representando o Grupo Ecumênico da Nicarágua, para denunciar publicamente os abusos cometidos pelo governo, e mostrar os números atualizados de seu relatório Nicarágua: Uma Igreja perseguida?

Segundo esse números, foram registrados 667 ataques contra a Igreja Católica na Nicarágua entre 2018 e 2023. Esses números incluem o ataque a 214 agentes pastorais.

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