15 de dezembro de 2024 Doar
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Embaixada de Israel junto à Santa Sé critica líderes católicos da Terra Santa por declaração sobre 'guerra justa'

Comboio do exército israelense deixa a Faixa de Gaza ontem (3). | Amir Levy/Getty Images

A embaixada de Israel junto à Santa Sé criticou uma declaração recente de líderes católicos na Terra Santa que sugeriu que a campanha em curso de Israel em Gaza não é uma "guerra justa".

Em comunicado publicado no domingo (30), a Comissão de Justiça e Paz da Terra Santa deu a entender que o comportamento de Israel em Gaza vai além do "uso proporcional da força" necessário para que uma guerra esteja enraizada na justiça.

A comissão, patrocinada pela Assembleia dos Ordinários Católicos da Terra Santa, reúne líderes católicos latinos e orientais em Israel, Palestina, Jordânia e Chipre. A comissão é liderada pelo patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa.

A declaração de domingo disse que o alto número de mortos em Gaza é um sinal de que a conduta de Israel na região não é justa.

"Como católicos na Terra Santa que compartilham a visão do papa Francisco por um mundo pacífico, estamos indignados que atores políticos em Israel e no exterior estejam mobilizando a teoria da 'guerra justa' para perpetuar e legitimar a guerra em curso em Gaza", diz o comunicado.

"Essa teoria está sendo usada de uma maneira que nunca foi pretendida: para justificar a morte de dezenas de milhares de pessoas, nossos amigos e nossos vizinhos", diz.

O comunicado alega que, no caso da guerra de Israel em Gaza, está claro que as negociações não se esgotaram antes do uso da força, entre outras questões.

"Há quem finja que a guerra segue as regras da 'proporcionalidade', ao argumentar que uma guerra que continue até o fim amargo pode salvar a vida dos israelenses no futuro, equilibrando assim a balança das milhares de vidas palestinas perdidas no presente", diz o comunicado.

"Ao fazer isso, privilegiam a segurança de pessoas hipotéticas no futuro sobre a vida de seres humanos vivos que estão sendo mortos todos os dias", acrescenta.

"É com espírito de esperança que não podemos permitir que palavras como 'justa' sejam mobilizadas para justificar o que é injusto, cruel e devastador. Devemos defender a integridade da linguagem, porque continuamos convencidos de que a verdadeira justiça ainda é possível se conseguirmos manter firme sua promessa", diz.

Israel busca evitar novas 'atrocidades', diz embaixada

Em resposta publicada nas redes sociais na terça-feira (2), a embaixada de Israel junto à Santa Sé classificou a declaração como "uso de pretexto religioso e acrobacias linguísticas" para se opor de fato ao "direito de Israel de se defender".

A embaixada disse que o objetivo de Israel desde o início do conflito era "acabar com o domínio do Hamas no território e garantir que atrocidades como as cometidas em 7 de outubro [de 2023] não aconteçam novamente".

A embaixada criticou o fato de líderes católicos terem classificado os eventos pós-7 de outubro como "a guerra em Gaza" e disse que as críticas à natureza desproporcional dos combates criam "uma falsa simetria que reflete preconceito e unilateralidade".

A embaixada disse que os terroristas do Hamas se inseriram em áreas civis, colocando em risco os não-combatentes.

O parágrafo 2.309 do Catecismo da Igreja Católica diz que, para que uma guerra seja justificada, em parte, é necessário “que o emprego das armas não traga consigo males e desordens mais graves do que o mal a eliminar”.

O papa Francisco questionou o conceito de guerra justa em entrevista publicada na sexta-feira (28) ao dizer que "a guerra é essencialmente uma falta de diálogo". O secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, disse na terça-feira (2) que o conceito de guerra justa "está sendo revisto".

Esta não é a primeira vez que a embaixada de Israel junto à Santa Sé, liderada pelo embaixador Raphael Yaakov Schutz, critica as declarações dos líderes católicos sobre a guerra.

Em dezembro de 2023, Schutz acusou Pizzaballa de "difamação de sangue" por dizer que duas mulheres cristãs em Gaza foram mortas intencionalmente "a sangue frio" pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).

O papa Francisco se uniu ao patriarcado ao condenar a morte das mulheres, chegando a chamá-la de ato de "terrorismo" em discurso depois da oração do Ângelus de 17 de dezembro do ano passado.

A embaixada de Israel junto à Santa Sé condenou duramente os comentários da jornalista iemenita Tawakkol Karman, vencedora do prêmio Nobel da Paz em 2011, sobre o suposto "genocídio" de Israel em Gaza, feitos em uma conferência da Santa Sé em maio.

As declarações "não devem ter influência nas relações bilaterais", já que a "declaração vergonhosa não foi feita pela Santa Sé ou em nome da Santa Sé", disse Schultz à agência de notícias italiana ANSA.

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