16 de setembro de 2024 Doar
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Oblatos beneditinos vivem o espírito da regra de são Bento vivendo no mundo

Thiago (João Crisóstomo) S. M. de Moraes, oblato secular beneditino. | Crédito: Arquivo pessoal.

Thiago S. M. de Moraes, obl. OSB é casado, pai de três meninas, professor de filosofia e teologia. Ele também é João Crisóstomo, oblato beneditino secular. Há nove anos ele fez a sua oblação no mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro (RJ). Para ele, conciliar a regra de são Bento com a vida familiar é simples, basta “fazer da minha família um mosteiro”.

O artigo 1º do Estatuto dos Oblatos Beneditinos Seculares define: “Oblato Beneditino Secular é o fiel (leigo, consagrado ou sacerdote) que, chamado por Deus, e em conformidade com seu estado de vida, associa-se a uma comunidade monástica beneditina, a fim de viver coerentemente a sua consagração batismal, em comunhão com a Igreja, no espírito da Regra de São Bento”.

A Regra, escrita pelo santo no século IV, estabelece o caminho espiritual de conversão a Deus por meio da obediência tendo Cristo como guia cujo amor deve estar acima de toda coisa e rege e vida monástica dos beneditinos.

 A primeira fundação beneditina no Brasil foi o mosteiro de São Sebastião, na Bahia, em 1582, fundado pela Congregação Beneditina de Portugal. Depois, foram fundados os mosteiros de Olinda, entre 1586 e 1592, o do Rio de Janeiro, em 1590, e o de São Paulo, em 1598.

Em 1827 os mosteiros brasileiros se separaram da Congregação Beneditina Portuguesa e foram erigidos pelo papa Leão XII em congregação própria, com o nome de Congregação Beneditina do Brasil.

Atualmente, a Congregação Beneditina do Brasil tem sete mosteiros masculinos e 16 femininos.

Segundo o Diretório Litúrgico da Congregação Beneditina do Brasil de 2023, há 369 oblatos seculares somando todos os mosteiros masculinos da congregação. A Abadia de Nossa Senhora da Assunção em São Paulo (SP) é a que tem mais com 105 oblatos. Nos 16 mosteiros femininos da congregação há 365 oblatos seculares. O mosteiro de Nossa Senhora das Graças em Belo Horizonte é o que tem mais, com 55 oblatos.

Espírito da regra

“Tudo na regra pode ser trazido para uma convivência entre pessoas, principalmente na família que é um lugar de convivência”, disse Moraes. “Não de modo caricaturizado, não fazer da família um mosteiro no sentido estrito porque não é, mas pegar os elementos que são possíveis de viver e vivê-los de modo natural. Pegar os valores, que são universais e para todos os cristãos e vivê-los nas relações familiares”.

Na regra, são Bento compara o mosteiro a uma família, argumenta Moraes. A própria palavra “abade”, que designa o superior de um mosteiro beneditino, vem de abbá, palavra aramaica com que Jesus se dirigia a Deus e significa “pai”.

“Quando eu leio na regra como deve ser o abade, eu leio como deve ser o pai”, diz Moraes. “Quando vejo lá a relação entre os monges, vejo como deve ser a relação entre as minhas filhas”.

Etapas para a formação de um oblato

“A formação do oblato é parecida com a do monge, tem o postulantado, noviciado e no final a cerimônia de oblação que é praticamente idêntica à cerimônia de profissão solene dos votos dos monges”, contou Moraes. “A grande diferença que é fundamental, é que na profissão monástica, quando o monge emite os votos, ele promete viver a regra de são Bento. O oblato promete viver segundo o espírito da regra de são Bento”.

A diferença canônica é que os monges fazem o voto que é uma promessa solene feita a Deus e os oblatos fazem a promessa pública solene.

Obediência, conversão dos costumes e estabilidade

Os compromissos feitos no dia da oblação são três: Obediência, conversão dos costumes e estabilidade. Os mesmos feitos pelos monges.

“Obediência à regra e ao abade. No caso do abade tem o diretor dos oblatos, que é o superior mais próximo a nós”, disse.

“A conversão dos costumes subentende a pobreza e a castidade. Para os oblatos é um valor que deve ser vivido no seu estado de vida”, continuou. “A pobreza beneditina é muito mais a ideia de austeridade do que não ter o bem. Buscamos ser o mais austeros possível, ter zelo pelos bens, zelo pelas coisas, evitar o consumismo. Evitar gastos desnecessários simplesmente por luxo ou consumismo”, continuou.

Ele contou que são Bento pedia “que os monges tratassem as ferramentas, os bens, os itens da cozinha como se fossem vasos sagrados do altar, ou seja, tem que cuidar de tudo com o máximo cuidado porque aquilo faz parte da casa de Deus que é o mosteiro”. Em sua casa, Thiago adapta essa regra ensinando às filhas a cuidarem dos brinquedos, das roupas, a terem zelo pela casa.

O compromisso da estabilidade significa que “o monge e o oblato se comprometem com um mosteiro. Porque os mosteiros seguem a regra, mas cada mosteiro tem costume próprio, é independente”, disse Thiago. “Há um tripé na vida beneditina. Abade, regra e comunidade. É como um casamento que o monge faz e o oblato também. Me filio àquela comunidade específica”.

Espiritualidade beneditina se alimenta da liturgia

Além de viver segundo o espírito da regra de são Bento, os oblatos se comprometem à oração frequente, principalmente da liturgia das horas, que está intimamente ligada à vida beneditina.

Segundo Moraes, a espiritualidade beneditina “é dentro da liturgia”.

“Há uma obrigação de que a gente se esforce por rezar a liturgia das horas, não tem como impor porque não é um voto”, disse. 

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Oração, leitura e trabalho

“São Bento propõe uma vida equilibrada de moderação”, disse. “O ritmo de vida do beneditino, monge e oblato, é o convite a que sejam feitos ao longo do dia momentos de oração, leitura e trabalho. Momentos intercalados, pequenos momentos”, disse.

“Os momentos de leitura, principalmente das Sagradas Escrituras, a Lectio Divina, são muito importantes, mas o beneditino é convidado a todo estudo porque Deus é a verdade”, disse.

“O trabalho é visto como um meio de desenvolvimento da própria dignidade do homem, do próprio sustento”. “Nós oblatos buscamos na nossa rotina de trabalho intercalar com momentos de oração. No início, meio do dia, fim do trabalho. E se a gente for olhar, a liturgia das horas acompanha muito bem o ritmo de trabalho de qualquer pessoa”.

“O surgimento da vida monástica não surgiu de homens e mulheres que queriam viver uma vida diferente. O questionamento inicial foi: como viver como cristão de modo radical? Só isso, viver radicalmente o cristianismo, só. Sou cristão e quero viver como cristão de modo firme e aí se lançaram. É perfeitamente conciliável com a vida”, concluiu.

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