23 de novembro de 2024 Doar
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Cardeal venezuelano denuncia agressão do regime chavista contra bispo

O arcebispo emérito de Caracas, Venezuela, dom Baltazar cardeal Porras. | Arquidiocese de Caracas

O arcebispo emérito de Caracas, Venezuela, dom Baltazar cardeal Porras, acusou um general do exército venezuelano pelos ataques sofridos pelo arcebispo eleito de Valência, dom Jesús González de Zárate, presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), e pela equipe da Cáritas Venezuela, enquanto atendiam pessoas afetadas pelas fortes chuvas e pela inundação de um rio na cidade de Cumanacoa, no leste do país.

A passagem do furacão Beryl ao largo da costa venezuelana gerou fortes chuvas e causou o transbordamento do rio Manzanares. No dia seguinte, 3 de julho, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, designou o major-general Nayade Lockiby Belmonte como a “única autoridade” de Cumanacoa para enfrentar a emergência.

Segundo informações oficiais, 31 mil pessoas foram afetadas, seis morreram e quase 8 mil casas sofreram danos graves. A Igreja na Venezuela estabeleceu diferentes vias de apoio ao povo de Cumanacoa, especialmente através da Cáritas.

Na segunda-feira (15), diversos meios de comunicação e porta-vozes relataram um ataque sofrido por dom González durante a celebração da missa e antes de se preparar para entregar ajuda material às vítimas.

O portal de notícias NTN24 recolheu depoimentos de moradores da cidade, que destacaram que homens em “uniformes militares interromperam a homilia e disseram a dom González Zárate que o único autorizado a distribuir ajuda aos afetados era o governante Nicolás Maduro”.

“Para espanto e gritos dos paroquianos, que rezavam por Cumanacoa, os Guardas responderam de forma insultuosa e a igreja teve que ser fechada. Antes de partir, a GNB [Guarda Nacional Bolivariana] exigiu a saída do arcebispo do local, assim como da organização Cáritas”, noticiou a NTN24.

Poucos dias antes, a CEV havia publicado uma exortação pastoral pedindo aos venezuelanos que participem das eleições presidenciais de 28 de julho para superar a “grave situação de crise” do país. O documento foi lido em todas as paróquias da Venezuela.

“É tradição que todas as exortações pastorais feitas em janeiro e julho pela Conferência Episcopal Venezuelana sejam lidas nas igrejas no domingo seguinte”, disse o cardeal Porras em entrevista ao programa de rádio Éxitos.

O cardeal acrescentou que se uma pessoa não concorda com a mensagem da conferência episcopal, pode expressar isso, mas não “daquela forma inoportuna e violenta” que não leva a nada além de “nos separar mais, nos deixar mais irritados”.

“A única autoridade que existe com base em todas as informações diretas que tivemos não é a melhor”, disse o cardeal sobre o major-general Lockiby.

“O que aconteceu em Cumanacoa é algo incomum. Porque é o que a Cáritas e a Igreja fazem: a ajuda que chega até nós de um lado e de outro é para ajudar as pessoas necessitadas por causa desses deslizamentos, dessas chuvas torrenciais. Não há razão para impedir o que está sendo feito sem qualquer tipo de proselitismo religioso, político ou social”, disse.

Dom González divulgou um comunicado através da emissora de televisão ValeTV depois do ocorrido em que diz “’não ter sofrido nenhuma agressão física dentro da Igreja de Cumanacoa, como tem sido noticiado nas redes”.

“Ocorreu um incidente desagradável, pelo que é necessária uma comunicação permanente e eficaz com as autoridades da zona para evitar situações semelhantes, que só prejudicam a população mais carente”, disse o arcebispo.

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