Jul 24, 2024 / 09:46 am
Os Cavaleiros de Colombo cobriram temporariamente com papel a obra de arte do padre e ex-jesuíta Marko Rupnik no Santuário Nacional de São João Paulo II, em Washington, D.C., EUA, até o resultado final da investigação da Santa Sé sobre acusações de abuso sexual contra o padre e artista esloveno.
Os mosaicos de Rupnik revestem as paredes da capela dos Mistérios Luminosos do rosário, que contém uma relíquia de primeiro grau do sangue de são João Paulo II na frente do altar, e a capela maior Redemptor Hominis, ambas dentro do santuário. O santuário é mantido e administrado pelos Cavaleiros de Colombo, a maior organização católica leiga dos EUA.
O papel será oportunamente substituído por uma tela de tecido.
A Santa Sé investiga acusações de que Rupnik abusou espiritualmente, psicologicamente e sexualmente de entre 20 e 40 mulheres adultas, incluindo irmãs religiosas de um instituto criado por ele.
A obra de Rupnik foi totalmente coberta ontem (23), menos de duas semanas depois de Patrick Kelly, cavaleiro supremo da ordem, anunciar que a organização cobriria obras de Rupnik no santuário e na sede nacional em New Haven, Connecticut.
Rupnik foi acusado pela primeira vez em 2018 e, posteriormente, enfrentou inúmeras acusações de abuso sexual no passado em 2021 e novamente em 2022, 2023 e 2024.
Kelly disse em 11 de julho que os Cavaleiros de Colombo cobririam as obras "porque a nossa primeira preocupação deve ser com as vítimas de abuso sexual, que já sofreram imensamente na Igreja, e que podem ficar ainda mais magoadas com a exposição contínua dos mosaicos no santuário”.
Os Cavaleiros de Colombo consultaram vítimas de abuso sexual, historiadores de arte, peregrinos ao santuário, bispos e teólogos especializados em moral antes de tomar a decisão.
“Embora as opiniões variem entre aqueles que foram consultados, houve um forte consenso para priorizar as necessidades das vítimas, especialmente porque as alegações são atuais, não resolvidas e horrendas”, disse Kelly.
A Santa Sé investigou Rupnik em maio de 2019 por violar a lei canônica ao fornecer absolvição durante a confissão a uma cúmplice em pecado — uma mulher com quem ele teve relações sexuais. Depois da investigação, a Santa Sé confirmou em maio de 2020 que Rupnik incorreu em uma excomunhão automática, que a Congregação para a Doutrina da Fé levantou duas semanas depois.
Novas acusações de abuso sexual contra Rupnik vieram à tona em junho de 2021 da Comunidade Loyola na Eslovênia, onde ele é acusado de abusar de freiras. A Congregação para a Doutrina da Fé declarou em outubro de 2022 que o caso prescreveu e Rupnik não poderia ser investigado. No entanto, em dezembro de 2022, Rupnik enfrentou novas acusações de abusos de seu tempo no Centro Aletti em Roma.
Em outubro de 2023, o papa Francisco suspendeu a prescrição do caso e ordenou que o dicastério para a Doutrina da Fé iniciasse um processo judicial para investigar a acusação. Mais acusações vieram à tona depois do anúncio.
Rupnik foi expulso dos jesuítas em junho de 2023 por desobedecer a ordem de seu superior de não falar publicamente. Ele ainda é padre e consultor do dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
As obras de arte de Rupnik ainda são exibidas ao redor do mundo, inclusive na capela Redemptoris Mater no Vaticano.
Rupnik também é autor de Secondo Lo Spirito: La Teologia Spirituale in Cammino con la Chiesa di Papa Francesco (Segundo o Espírito: A Teologia Espiritual em Caminho com a Igreja do Papa Francisco), publicado pela Libreria Editrice Vaticana, a editora oficial da Santa Sé, na coleção La Teologia di Papa Francesco.
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