21 de dezembro de 2024 Doar
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Trump acusa Kamala Harris e os democratas de perseguir católicos

Trump discursa na Cúpula de Crentes da organização conservadora americana Turning Point Action na última sexta-feira (26) em West Palm Beach, Flórida, EUA. | Joe Raedle/Getty Images

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, acusou os democratas de "perseguir os católicos" e criticou a vice-presidente americana, Kamala Harris, provável candidata democrata a presidente, por interrogar agressivamente indicados a cargos judiciais que são membros dos Cavaleiros de Colombo, a maior organização laica católica dos EUA.

Em discurso na Cúpula de Crentes da organização conservadora americana Turning Point Action na última sexta-feira (26), Trump disse que "alguém não gosta de católicos naquele governo", e acrescentou não achar “que seja [o presidente Joe] Biden porque, não acho que ele tenha ideia do que diabos está fazendo".

"Não sei como um católico pode votar nos democratas porque eles estão atrás dos católicos quase tanto quanto estão atrás de mim", disse o ex-presidente. “... Como uma pessoa católica vota em um democrata com o que eles estão fazendo com os católicos? Eu simplesmente não entendo."

Trump liderou o evento, que ocorreu de 26 a 28 de julho. A cúpula, que incluiu vários palestrantes cristãos, foi focada em "capacitar os participantes com conhecimento prático e estratégias para viver sua fé com ousadia e neutralizar as narrativas woke predominantes com graça, verdade e convicção, enraizadas no Evangelho", segundo o site do evento. O termo woke é usado no mundo inteiro para designar o pensamento de esquerda dominante hoje que se afastou de questões trabalhistas e abraçou temas como ideologia de gênero, ambientalismo, decolonização etc.  

Em seu discurso, Trump prometeu "parar o aparelhamento da aplicação da lei pelo governo Biden-Harris contra americanos de fé" e "não haverá mais permissão para o DOJ [Departamento de Justiça, na sigla em inglês] e o FBI [Federal Bureau of Investigation] terem como alvo, perseguir ou prender cristãos ou ativistas pró-vida e pô-los na prisão por viverem suas crenças religiosas".

A campanha de Trump citou o memorando do escritório do FBI em Richmond, Virgínia, vazado em fevereiro de 2023, que mostrou a agência investigando uma suposta ligação entre católicos "tradicionalistas radicais" e "o movimento nacionalista branco de extrema direita". O FBI retirou o memorando imediatamente depois de ele se tornar público. Um relatório de abril do Departamento de Justiça dos EUA sob Biden afirmou que não havia evidências de "intenção maliciosa" na criação do documento.

A campanha do ex-presidente também se concentrou nas recentes prisões e processos do Departamento de Justiça dos EUA contra ativistas pró-vida que foram considerados culpados de violar a Lei de Liberdade de Acesso às Entradas de Clínicas (FACE, na sigla em inglês). Vários dos ativistas são católicos. Muitos legisladores republicanos acusaram o Departamento de Justiça dos EUA de visar ativistas pró-vida, negligenciando a investigação adequada de crimes contra centros de gravidez pró-vida, o que o procurador-geral Merrick Garland nega.

Em seu discurso, Trump fez referência a uma ativista pró-vida, Paulette Harlow, católica que foi condenada no início deste ano a 24 meses de prisão por participar de um bloqueio pró-vida de uma clínica de aborto em Washington, D.C.

"A partir do momento em que eu ganhar a eleição, revisarei rapidamente os casos de todos os presos políticos que foram injustamente vitimados pelo regime Biden-Harris para que possamos tirá-los da prisão e voltar para suas famílias, que é o lugar deles", disse o ex-presidente. "Há muitos deles por aí, e isso inclui Paulette Harlow, a mulher de 75 anos com problemas de saúde que o governo Biden-Harris mandou para a prisão por protestar pacificamente do lado de fora de uma clínica."

Trump também acusou Harris por perguntas dela a indicados judiciais federais que são membros dos Cavaleiros de Colombo. "A ideologia de esquerda radical que Kamala apoia é realmente militantemente hostil aos americanos de fé", disse ele. "Ela atacou violentamente os indicados judiciais altamente qualificados simplesmente porque eram membros dos Cavaleiros de Colombo, sugerindo que sua fé católica os desqualificava para servir na esfera federal".

Quando Brian Buescher foi nomeado para o Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Nebraska em 2018, a então senadora Harris perguntou se ele sabia que "os Cavaleiros de Colombo se opunham ao direito de escolha de uma mulher quando se juntou à organização" e se ele estava ciente "de que os Cavaleiros de Colombo se opunham à igualdade no casamento quando se juntou à organização". Buescher respondeu: "Os Cavaleiros de Colombo são uma organização de serviço católica romana com aproximadamente 2 milhões de membros em todo o mundo".

Trump também reiterou sua promessa de "criar uma nova força-tarefa federal para combater o preconceito anticristão, e sua missão será investigar todas as formas de discriminação ilegal, assédio e perseguição contra os cristãos na América".

Durante o ciclo eleitoral de 2020, a campanha de Trump estabeleceu uma coalizão para alcançar católicos chamada Catholics for Trump, liderada por Matt Schlap, diretor da União Conservadora Americana, pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Newt Gingrich, e pela consultora política Mary Matalin.

Trump se descreve como um cristão não-denominacional, o que é comum nos EUA. Seu companheiro de chapa, J.D. Vance, converteu-se ao catolicismo já adulto. Biden é católico e Harris é batista.

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