17 de dezembro de 2024 Doar
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A vontade do povo deve ser ouvida e posta em prática, diz bispo venezuelano

O bispo de San Cristóbal, Venezuela, dom Mario Moronta, fala a meios de comunicação. | Diocese de San Cristóbal

O bispo de San Cristóbal, Venezuela, dom Mario Moronta, vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), disse à Rádio Vaticano e ao Vatican News, serviço de informações da Santa Sé, que os políticos devem ouvir e pôr em prática a vontade do povo ao falar sobre a crise causada pela eleição presidencial de 28 de julho.

Dom Moronta disse que o cenário menos desejado para o país é o da violência que se transforma em explosão social, embora a CEV e o clero apostem na paz.

“Um dos piores cenários, a meu ver, seria que se a situação não fosse resolvida, poderia haver indiferença e poderia haver um novo grupo de migrantes que deixassem a Venezuela em busca de uma nova situação”, disse o bispo de San Cristobal. “Esperamos, por isso volto a insistir que esperamos que prevaleça a consciência, a inteligência e o sentido de serviço ao povo”.

O bispo também agradeceu o apoio recebido de conferências episcopais de outros países. “Isso tem uma dimensão muito bonita” porque “fala do fato da Igreja, embora se encarne em certas realidades, nunca perde a dimensão do 'católico' ”.

 

 

 

 

 

Para dom Moronta, a situação venezuelana exemplifica as palavras de são Paulo apóstolo: se um membro do corpo sofre, todo o corpo sente. O bispo venezuelano destacou o apoio da Igreja na Nicarágua, que sofre sob o regime do presidente Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que acumula mais de 30 anos no poder.

“Expressamos, por exemplo, de forma muito direta, pública e privada, aos nossos irmãos na Nicarágua que continuam a sofrer com a situação de perseguição, a nossa solidariedade e agora também nos fizeram saber que têm a Venezuela muito presente nas suas orações”, disse o vice-presidente da CEV.

Por fim, no âmbito da festa da Transfiguração do Senhor e do Santo Cristo de La Grita, devoção profundamente enraizada nos Andes venezuelanos, dom Moronta sublinhou que o seu apelo é de que os venezuelanos sejam ouvidos, “que Deus seja ouvido no clamor do seu povo.”

E concluiu ao dizer que pedirá a Deus para que as autoridades do país “possam dar o exemplo de consenso na procura de uma solução que favoreça o país, não que favoreça um pequeno grupo, não que favoreça uma tendência política”.

Auditoria internacional e independente

Carmen Beatriz Fernández, professora venezuelana de comunicação política na Universidade de Navarra, Espanha, disse à EWTN News que a melhor forma de resolver o conflito eleitoral é permitir uma auditoria internacional e independente dos resultados.

 

“O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) não tem jurisdição sobre um poder autônomo [o Poder Eleitoral]. Na Venezuela já faz muito tempo, e não é segredo para ninguém, que não existe um verdadeiro equilíbrio de poderes, mas sim que os poderes do Estado estão vergonhosamente subordinados à figura presidencial”, disse a pesquisadora.

Fernández enfatizou a complicada situação internacional do regime chavista, depois que muitos de seus aliados ideológicos históricos - como o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva - se distanciaram do regime de Nicolás Maduro e agora exigem que sejam publicadas as atas de votação que provem sua vitória, o que não ainda ocorreu mais de uma semana depois das eleições.

“A pressão da comunidade internacional e a pressão que existe internamente nas ruas da Venezuela e nas instituições é muito importante”, disse Fernández. “A eleição pode ser reconhecida pela comunidade internacional, desde que a ata seja publicada”, acrescentou.

Sobre a carta escrita por dois cardeais venezuelanos, o arcebispo emérito de Caracas, cardeal Baltazar Porras, e o arcebispo emérito de Cumaná, cardeal Diego Padrón, na qual indicam que a Igreja não se prestará aos falsos diálogos promovidos pelo regime chavista, o especialista destacou que ambos “atuaram sem meias medidas e de uma forma muito firme”, ao mesmo tempo que destaca que as palavras complementam as ditas pelo papa Francisco sobre a Venezuela na oração do Ângelus no último domingo (4).

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