21 de dezembro de 2024 Doar
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São João Henry Newman e seus sermões proféticos sobre a vinda do anticristo

A Tentação de Cristo de Félix Joseph Barrias (1860). | Wikimedia Commons / Domínio público.

O que se sabe sobre o anticristo? O cardeal são John Henry Newman abordou esse tema em quatro sermões baseados na Bíblia e nos Padres da Igreja.

"Ele entregou esse olhar a um futuro não muito distante há mais de 180 anos, mas suas ideias soam como se tivessem sido escritas e pregadas nos tempos de hoje", escreve Joseph Pronechen, autor do artigo publicado para o National Catholic Register, da EWTN News.

Em cada um dos sermões, o cardeal Newman se refere ao que disse Jesus em várias passagens da Bíblia, que entrelaçam as profecias do fim dos tempos nas visões dos livros de Daniel e Apocalipse, e algumas passagens das epístolas.

Ele também esclareceu que nenhuma das interpretações é sua.

Primeiro sermão: "Tempos do Anticristo"

Neste primeiro sermão, o cardeal começa descrevendo os sinais do segundo advento de Cristo. Ele observa que haverá "uma terrível apostasia e a manifestação do homem do pecado, o filho da perdição, ou seja, como ele é comumente chamado, o Anticristo".

"Nosso Salvador parece acrescentar que esse sinal O precederá imediatamente, ou que Sua vinda o seguirá de perto; pois depois de falar de 'falsos profetas' e de 'falsos cristos', 'fazendo sinais e maravilhas', 'abundância de iniqüidade' e 'amor esfriando' e coisas do tipo, acrescenta: 'Quando virdes todas essas coisas, sabei que está perto, às portas' ”, escreveu ele.

 

 

 

São Paulo, em sua Segunda Carta aos Tessalonicenses, explica no capítulo dois que existe um poder restritivo que impede que o "adversário" seja revelado, mas que se manifestará no devido tempo.

Newman diz que os antigos consideravam o Império Romano como o adversário. Ainda que o império tenha sido aparentemente destruído ou desmantelado, são João Newman, em vista da profecia em Tessalonicenses santo acreditava que o Império Romano ainda existia de alguma forma.

Seu sermão também fala de uma dessas formas, menos distante de seu tempo: a Revolução Francesa, que perseguiu a religião e consagrou e adorou a liberdade e o homem.

Mas o cardeal Newman disse que o anticristo será uma só pessoa.

"Diz-se que 'virá uma apostasia, e o homem do pecado será revelado'. Em outras palavras, o Homem do Pecado nasce de uma apostasia, ou pelo menos chega ao poder por meio de uma apostasia, ou é precedido por uma apostasia, ou não seria se não fosse por uma apostasia", escreveu ele.

O cardeal Newman via um afastamento da religião nas partes mais civilizadas do mundo em seu próprio tempo: "Não há uma opinião reconhecida e crescente de que uma nação não tem nada a ver com religião; que é apenas uma questão da consciência de cada um? Certamente soa como o relativismo de nossos dias”.

Newman continua: "Não existe um movimento vigoroso e unido em todos os países para derrubar a Igreja de Cristo do poder e do lugar? Não há um esforço febril e sempre ocupado em se livrar da necessidade de religião nas transações públicas? Uma tentativa de educar sem religião? Uma tentativa de substituir totalmente a religião?”

 

 

O cardeal Newman diz para não se deixar enganar pelas iscas de Satanás: "Você acha que ele é tão desajeitado em seu ofício a ponto de pedir aberta e claramente que você se junte a ele em sua guerra contra a Verdade? Não; Ele oferece iscas para te tentar. Ele promete liberdade civil; promete-lhe igualdade; promete comércio e riqueza; promete perdão de impostos; promete reforma... Ele promete a você a iluminação - oferece conhecimento, ciência, filosofia, ampliação da mente. Ele zomba dos tempos passados; zomba de todas as instituições que veneram esses tempos”.

Por fim, ele nos adverte com as Escrituras: " ‘Que comunhão tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? Saí, portanto, do meio deles e separai-vos’... para que não sejais cooperadores dos inimigos de Deus e deis caminho ao Homem do Pecado, filho da perdição."

Segundo Sermão: "A religião do Anticristo"

No seguinte sermão, o cardeal Newman afirma que tanto são João como são Paulo descrevem o inimigo como caracterizado pelo mesmo pecado: negar a Deus (1 Jo 2, 22-23) e estabelecer-se a si mesmo como um deus.

Também diz que, tanto Irineu como Hipólito interpretam o número da besta como a palavra Latinus, ou o rei latino, e cita que o veem como o chefe do Império Romano restaurado.

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Embora todas as expectativas detalhadas até agora possam estar certas ou erradas, diz o cardeal Newman, ainda é muito útil falar sobre essas coisas à luz do que estava acontecendo em sua época e que, obviamente, pioraram muito.

 

 

 

 

 

Suas palavras são adaptadas aos dias atuais, enquanto ele diz: "No estado atual das coisas, quando se supõe que o grande objetivo da educação é livrar-se das coisas sobrenaturais, quando nos pedem para rir e zombar de acreditar em tudo o que não vemos, e avaliam cada afirmação com a pedra de toque da experiência, devo pensar que essa visão do Anticristo como um poder sobrenatural que há de vir, é um grande ganho providencial, já que é um contrapeso às tendências malignas da época”.

Terceiro Sermão: "A cidade do Anticristo"

No terceiro sermão, o cardeal Newman discute o que foi cumprido nas profecias e o que ainda precisa ser cumprido. Ele mostra como o Império Romano se dissolveu, mas é difícil dizer se ele desapareceu totalmente, porque ainda pode existir "em um estado aleijado e decadente ... se assim for, um dia deve ser revivido”.

Com riqueza de detalhes, e de referências bíblicas, o cardeal Newman mostra como o Império Romano foi punido em grande medida pela espada bíblica, pela fome e pelas pragas, mas ainda não foi totalmente demolido, apesar de todas as pragas, a invasão dos bárbaros e a divisão em outras nações.

Por que ainda não? Porque a "Igreja habitava em Roma, e enquanto seus filhos sofriam na cidade pagã por causa dos bárbaros, voltaram a ser a vida e o sal daquela cidade onde sofreram... Que regra maravilhosa da providência de Deus é mostrada aqui! A Igreja santifica, mas sofre com o mundo, compartilhando seus sofrimentos, mas aliviando-os".

O cardeal Newman também diz que a Roma pagã pode ser o tipo de alguma outra grande cidade, ou talvez de um mundo orgulhoso e enganoso, ou de todas as grandes cidades do mundo juntas e com seu governante de "espírito avarento, luxuoso, autossuficiente e irreligioso".

 

 

Quarto Sermão: "A perseguição do Anticristo"

No sermão final, o cardeal Newman olha para as Escrituras para falar das bem-aventuranças: "Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus", dando a entender que a Igreja começa e provavelmente terminará perseguida.

"Ele a reconhece como sua, a emoldurou e a reivindicará, como uma Igreja perseguida, carregando Sua cruz", diz o cardeal Newman ao lembrar Mateus 24:21; 2 Tessalonicenses 2:9-11 e Apocalipse 13:13-14, dizendo que será bom para os cristãos porque os dias serão abreviados.

"Talvez não seja uma perseguição de sangue e morte, mas apenas de arte e sutileza, não de milagres, mas de maravilhas naturais e poderes da capacidade humana, aquisições humanas nas mãos do diabo. Satanás pode adotar as armas mais alarmantes do engano – ele pode se esconder – ele pode tentar nos seduzir em pequenas coisas e, assim, mover os cristãos, não de uma só vez, mas pouco a pouco, de sua verdadeira posição".

Depois disse: "Sabemos que ele fez muito dessa maneira ao longo dos últimos séculos. Sua política é dividir-nos e dividir-nos, para gradualmente desalojar-nos de nossa rocha. E se vai haver uma perseguição, talvez seja então quando estivermos todos em todos os lugares da cristandade tão divididos e tão reduzidos, tão cheios de cisma, tão perto da heresia. Quando nos lançamos sobre o mundo, e dependemos dele para nossa proteção, e desistimos de nossa independência e nossa força, então ele pode explodir sobre nós com fúria, até onde Deus permitir”.

 

 

 

 

 

"Então, de repente, o Império Romano [que parece arder de várias formas em algum lugar] pode ser quebrado, e o Anticristo aparece como um perseguidor, e as nações bárbaras ao redor irrompem. Mas todas essas coisas estão nas mãos de Deus e no conhecimento de Deus, e vamos deixá-las lá", acrescentou.

"É nosso dever, como o Senhor nos mostra no Pai Nosso, orar: Venha o Vosso Reino. Faça-se na terra como no céu", conclui o cardeal Newman.

 

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