22 de dezembro de 2024 Doar
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Relíquia peregrina de primeiro grau de São Benedito chega ao Rio de Janeiro

A relíquia de primeiro grau de são Benedito esteve no santuário São Francisco, em São Paulo para veneração | Luciney Martins/O SÃO PAULO

Uma relíquia de primeiro grau de São Benedito chega ao Rio de Janeiro (RJ) no domingo, 18 de agosto para veneração e ficará até o dia 20 de agosto. A peregrinação da relíquia faz parte das celebrações dos 500 anos de nascimento do santo.

A relíquia ex-corpore de são Benedito consiste em um fragmento de um músculo do santo e tem cerca de sete centímetros. Ela veio de Palermo, Itália, com os frades da província do Santíssimo Nome de Jesus, na Sicília, Itália, Fernando Truppia e Marcelo Badalamenti.

A relíquia de são Benedito já fez peregrinação na Venezuela, no Peru e está no Brasil desde o dia 8 de agosto, visitando as Irmandades do Rosário e de São Benedito em São Paulo e a partir do dia 18, no Rio de Janeiro. A peregrinação da relíquia no Brasil foi organizada pelo Conselho Nacional das Irmandades de São Benedito (CONISB).

A relíquia chegará no Rio de Janeiro às 9h, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, na Rua Uruguaiana, centro do Rio de Janeiro. Às 12h, o vigário episcopal do vicariato para as Irmandades, monsenhor André Sampaio celebrará uma missa. Às 15h30, a relíquia será encaminhada até o santuário Cristo Redentor e às 17h haverá uma bênção sobre o Rio de Janeiro e o Brasil.

No dia 19 de agosto a relíquia irá para Angra dos Reis e visitará as igrejas Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Santa Luzia. No dia 20 de agosto, a relíquia voltará ao Rio de Janeiro, e irá para o convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, às 9h50. Depois, às 10h haverá uma missa.

Segundo o reitor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, padre Robson Cristo de Oliveira, são Benedito, “ao se tornar um religioso franciscano” tinha “como carisma especial o acolhimento e a vida de oração”, além disso, o santo “aconselhava, abençoava e cuidava, como um bom pastor” do seu rebanho.

Oração do Jubileu dos 500 anos do nascimento de São Benedito

O arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta compôs uma oração especial pelos 500 anos do nascimento de São Benedito, pedindo a intercessão para as necessidades da Igreja e do povo de Deus. Segundo a arquidiocese do Rio de Janeiro, ele também autorizou que ela fosse rezada pelos fiéis nestes dias de peregrinação da relíquia no Rio de Janeiro.

“Ó São Benedito, flor da Etiópia, lírio transplantado para a terra da Sicília, tu que amaste o Cristo Crucificado e a sua Mãe Santíssima, de quem recebeste nos braços o Divino Menino e obtiveste numerosos milagres. Tu, seguidor de Francisco de Assis, ofereceste um exemplo brilhante aos jovens. Tu que soubeste interpretar as Sagradas Escrituras, esquadrinhar o coração dos homens, ouve a nossa oração, que o povo fiel te dirige depois de quinhentos anos do teu nascimento. Ao mundo ainda escravo do pecado, aos homens divididos pela cor da pele, às nações sem paz, obtém o perdão, o bem e a paz de Jesus, da Virgem Maria e de São Francisco, para que os homens se amem como irmãos, como filhos de Deus não se odeiem, como seguidores de Francisco de Assis cantem o hino do amor universal. Dá saúde aos doentes, conforto aos aflitos, apoio aos pobres, numerosas vocações à vida cristã, e à Igreja o triunfo da Verdade do Evangelho. Amém”.

São Benedito, o Mouro

Benedito Manasseri nasceu em 1526 no vilarejo de São Fratello, em Messina, na ilha da Sicília, na Itália. Ele era filho de escravos africanos que foram vendidos na Sicília. Seus pais eram católicos e viviam nas terras de um proprietário rico, cujo sobrenome era Manasseri, sobrenome adotado por eles, segundo o costume da época. Manasseri tornou o pai de são Benedito um capataz de seus servos e prometeu a liberdade a Benedito.

Quando criança, são Benedito era piedoso e tinha uma intensa vida de união com Deus. Aos dez anos, ele era chamado il moro santo (o mouro santo), segundo o hábito antigo dos italianos de chamar todos os negros de mouros, habitantes do que hoje é a Mauritânia. O nome acompanhou são Benedito por toda a sua vida. Aos 21 anos, ele ingressou em uma irmandade de eremitas franciscanos, em Palermo, na Sicília. Na irmandade ele era cozinheiro e apesar de ser analfabeto, tinha os dons da sabedoria e do discernimento e, por isso, tornou-se mestre dos noviços e, mais tarde, superior do convento.

Em 1562, o fundador de sua Irmandade morreu e o papa Paulo IV decidiu extinguir a irmandade, ordenando que todos os consagrados integrassem à ordem de São Francisco de Assis. Benedito escolheu o convento Santa Maria de Jesus, em Palermo. Lá ele também foi cozinheiro, mas por conta de alguns dons carismáticos que tinha, especialmente o dom de milagres, ganhou a fama de santo, por intercessão de suas orações.

São Benedito morreu em 4 de abril de 1589, aos 63 anos na cozinha do convento. Ele foi canonizado em 24 de maio de 1807, pelo papa Pio VII. Além de patrono da cidade de Palermo, ele também é patrono dos afro-americanos, dos cozinheiros e dos nutricionistas.

Quanto ao dia de sua festa, o frei brasileiro, Clarêncio Neotti escreveu em seu livro São Benedito, Homem de Deus e do Povo que  “depois da reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II”, a festa de são Benedito “foi fixada no dia 5 de outubro, um dia depois da festa de São Francisco”. Antes, a festa de são Benedito era no dia de sua morte, 4 de abril, uma “data ruim para celebrar um santo, por causa da coincidência com a Semana Santa ou Páscoa ou sua oitava”.

“No Vale do Paraíba (SP), sua festa foi celebrada ainda antes da canonização na segunda-feira de Pentecostes; depois, passou para a segunda-feira da Páscoa, até hoje. No Espírito Santo, desde meados de 1700, São Benedito foi celebrado no dia 27 de dezembro e continua nos dias de hoje. No Amazonas ocupa todo o mês de dezembro, envolvendo o Natal e Ano Novo. Também na Venezuela e Peru o santo é festejado em dezembro. No Nordeste, muitas comunidades continuam a celebrá-lo na segunda de Pentecostes”, relatou o frade em seu livro.

 

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