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A Igreja na África não tem medo de falar, diz organizador do Sínodo da Sinodalidade

O cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do Sínodo da Sinodalidade, fala à mídia na sede temporária da Sala de Imprensa da Santa Sé, no Vaticano, em 20 de junho de 2023. | Daniel Ibáñez/CNA

O arcebispo de Luxemburgo, cardeal Jean-Claude Hollerich, elogiou a ousadia e a fidelidade da Igreja na África depois de uma peregrinação do arcebispo ao Benin na semana passada.

“A Igreja na África é uma Igreja que conhece seu próprio valor e não tem medo de falar”, disse Hollerich, relator geral do Sínodo da Sinodalidade da Santa Sé, ao jornal católico francês La Croix International.

Hollerich participou da peregrinação mariana anual à caverna Notre-Dame d'Arigbo em Dassa-Zoumè, Benin.

O cardeal disse ao La Croix que a Igreja na África é “viva e cheia de fé” e que ele veio para “aprender”, acrescentando: “Olho para essa Igreja como pastor de uma Igreja europeia para ver como podemos avançar no futuro.” Ele notou a “alegria” vista nas celebrações na África, que ele contrastou com as celebrações europeias que ele disse “são às vezes muito monótonas.”

“As pessoas nem sempre participam com o coração”, disse o cardeal, que é arcebispo de Luxemburgo desde 2011. “Torna-se meramente uma cerimônia — um rito. No entanto, aqui na África, o que é feito é magnífico. Até mesmo a peregrinação da qual participo mostra essa participação e fé profunda na África. Na Europa, falamos mais de tradição do que de fé. Mas a tradição só é entendida quando há fé para interpretá-la. Então, é lindo ver a fé como ela é vivida na África.”

A hierarquia católica na África frequentemente se inclina mais para o tradicionalismo e o conservadorismo do que a hierarquia em todo o mundo ocidental. No início deste ano, bispos africanos se recusaram a implementar uma diretriz da Santa Sé que permitiu bênçãos pastorais “espontâneas” de uniões homossexuais e outros casais em “situações irregulares”.

A declaração Fiducia Supplicans , da Santa Sé permitiu o reconhecimento de uniões civis e instruiu o clero a não tomar nenhuma ação que pudesse fazer as bênçãos parecerem um casamento. Menos de um mês depois, o Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagascar (SECAM) emitiu uma declaração que dizia que não haveria “nenhuma bênção para casais homossexuais nas igrejas africanas”.

O prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, concedeu anteriormente margem de manobra à hierarquia da Igreja para aplicar a diretriz, dizendo: “É apropriado que cada bispo local faça esse discernimento”.

Posteriormente, o papa Francisco disse que a África era “um caso especial”, porque “para eles, a homossexualidade é algo ‘feio’ do ponto de vista cultural; eles não a toleram”.

Hollerich abordou a questão do próximo Sínodo da Sinodalidade, cuja sessão final está programada para ocorrer de 2 a 27 de outubro no Vaticano, quando as autoridades farão um relatório final para entregar ao papa Francisco.

“Meu papel… é garantir que todos sejam ouvidos, que não haja maquinações políticas dentro da Igreja, mas que todo o povo de Deus, de todos os continentes, seja ouvido e que toda a Igreja possa caminhar junta”, disse Hollerich na entrevista.

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