Aug 27, 2024 / 12:38 pm
A Tunísia tem um espetáculo único todos os anos: uma procissão anual em homenagem a Nossa Senhora, conhecida localmente como “Khorja el Madonna” — a “procissão de Nossa Senhora” — numa região onde os cristãos muitas vezes passam despercebidos devido ao seu pequeno número e presença pública limitada. Há entre 25 mil e 30 mil católicos em uma população de 12,3 milhões.
Apesar da ascensão de movimentos islâmicos extremistas na Tunísia no início da década de 2010, a tradição persiste. Todo mês de agosto, centenas de cristãos caminham sem impedimentos por La Goulette, no norte da capital, Túnis, levando uma imagem de Nossa Senhora adornada com flores para celebrar a festa da Assunção.
Cristãos e muçulmanos se unem
A tradição começou no final do século XIX, quando migrantes de Trapani, Sicília, Itália, levaram uma estátua de Nossa Senhora para a Tunísia. Hoje, os tunisianos se referem orgulhosamente à “Virgem de Trapani” como a “Virgem de Tunis”.
Para a procissão, centenas de fiéis se reúnem na igreja de Santo Agostinho e São Fidélis em La Goulette para carregar a estátua de Nossa Senhora numa breve procissão. Muitos cristãos, mesmo não católicas, especialmente migrantes africanos, se juntam à procissão.
Origens dos cristãos na Tunísia
Em 2007, o governo tunisiano relatou ao Comitê das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial que a maioria dos cristãos tunisianos tem raízes na África Subsaariana e são predominantemente católicos, com números menores de protestantes e ortodoxos.
Historicamente, o cristianismo tem sido a principal minoria religiosa na Tunísia. Hoje, essa minoria consiste em três grupos distintos: cristãos tunisianos de ascendência europeia e cristãos europeus que residem permanentemente na Tunísia; migrantes cristãos da África subsaariana; e tunisianos convertidos do islamismo ao cristianismo.
Como outros países do norte da África, a Tunísia testemunha um movimento crescente de conversões do islamismo para o cristianismo. Embora a Tunísia não criminalize conversões religiosas, tabus sociais fazem imensa pressão sobre os convertidos tunisianos, forçando-os a praticar sua fé a portas fechadas por medo de estigmatização, rejeição familiar e até mesmo violência.
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