22 de dezembro de 2024 Doar
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Os mártires missionários de Papua-Nova Guiné

Duas crianças, uma delas segurando uma estátua do beato Pedro To Rot, aguardam no sábado (7) a visita do papa Francisco à Escola Secundária Técnica da Caritas em Port Moresby, Papua-Nova Guiné. | Daniel Ibáñez/ACI Digital

O papa Francisco falou em sua viagem apostólica a Papua Nova-Guiné sobre os sacrifícios feitos pelos primeiros missionários e mártires católicos na região, que se aventuraram nas profundezas das florestas tropicais inexploradas para levar o Evangelho “até os confins da Terra”.

Ao falar a católicos de toda a ilha reunidos no santuário de Maria Auxiliadora em Port Moresby no sábado (7), o papa homenageou o legado daqueles que levaram o cristianismo à ilha do Pacífico.

“Os missionários chegaram a este país em meados do século XIX e os primeiros passos do seu trabalho não foram fáceis; pelo contrário, algumas tentativas falharam. Mas eles não desistiram”, disse Francisco.

“Com grande fé e zelo apostólico continuaram a pregar o Evangelho e a servir os seus irmãos, recomeçando muitas vezes, precisamente onde com tantos sacrifícios não tiveram sucesso”, disse o papa ao falar sobre como os missionários, por meio de seus “inícios” e “reinícios”, corajosamente lançaram as bases para a Igreja em Papua-Nova Guiné.

O cristianismo foi introduzido em Papua-Nova Guiné por missionários Marish que chegaram à ilha Woodlark em 1847. Os primeiros missionários foram forçados a se retirar no ano seguinte. Eles foram seguidos cinco anos depois por missionários do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras, mas eles também foram forçados a sair depois de três anos de trabalho na ilha. A primeira missa seria celebrada em Papua-Nova Guiné mais de 30 anos depois, em 4 de julho de 1885, por missionários franceses na ilha Yule.

O legado desses missionários inclui tanto aqueles que fizeram o maior sacrifício por sua fé quanto aqueles cujas vidas de virtude heroica estão sendo reconhecidas pelo processo de beatificação da Igreja.

Na Segunda Guerra Mundial, 197 católicos romanos foram executados durante a invasão japonesa de Papua-Nova Guiné em 1942 e 1943, segundo pesquisadores da Universidade de Papua-Nova Guiné.

A ocupação causou muitas mortes, incluindo as de missionários que firmemente mantiveram sua fé. O principal candidato para ser o primeiro santo nativo de Papua-Nova Guiné estava entre os martirizados durante a ocupação japonesa.

Três indivíduos notáveis ​​moldaram a missão católica em Papua-Nova Guiné:

Beato Giovanni Battista Mazzucconi (Itália)

O padre Giovanni Battista Mazzucconi, missionário italiano, foi um dos primeiros mártires da Igreja em Papua-Nova Guiné.

Nascido em 1º de março de 1826, na Itália, Mazzucconi foi ordenado em maio de 1850 e ingressou no Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras.

Ele chegou à Austrália em março de 1852, antes de embarcar em sua missão para Woodlark Island, na província de Milne Bay. Apesar de seus esforços para mergulhar na cultura local e suas lutas iniciais com a doença, Mazzucconi permaneceu dedicado à sua missão. Em 7 de setembro de 1855, ele foi emboscado e morto por moradores locais enquanto tentava continuar seu trabalho. Ele foi beatificado em 1984 por ter sido morto in odium fidei (por ódio à fé), e sua canonização aguarda a confirmação de um milagre.

O papa Francisco incentivou a devoção a Mazzucconi ao falar para cerca de 35 mil católicos reunidos para sua missa no estádio em Port Moresby.

O papa Francisco celebra missa no estádio John Guise em Port Moresby, Papua-Nova Guiné. Daniel Ibáñez/CNA

“Que o Beato João Mazzucconi acompanhe vocês nesta jornada, pois em meio a muitas dificuldades e hostilidades ele trouxe Cristo ao meio de vocês, para que ninguém permanecesse surdo diante da alegre mensagem da salvação, e que todos pudessem soltar suas línguas para cantar o amor de Deus. Que isso realmente seja assim para vocês hoje”, disse o papa.

Beato Pedro To Rot (Papua Nova Guiné)

O beato Peter To Rot, natural da província de New Britain, em Papua-Nova Guiné, é celebrado por sua fé inabalável e bravura em defender a doutrina da Igreja.

Nascido em 1912, To Rot foi catequista em sua aldeia, assumindo a responsabilidade depois que o padre local foi preso pelo exército japonês. Durante a ocupação japonesa, To Rot foi um defensor feroz dos ensinamentos cristãos, como a santidade do casamento. Sua recusa em cumprir as regras japonesas que restringiam a prática religiosa levou à sua prisão num campo de trabalho forçado.

Em 1945, ele foi executado por injeção letal. Beatificado em 1995 pelo papa são João Paulo II, o legado de To Rot é um testamento de sua pureza de fé e seu comprometimento com sua comunidade sob circunstâncias terríveis.

No encontro do papa Francisco com católicos na remota diocese de Vanimo, na costa norte de Papua-Nova Guiné, o papa falou sobre o “testemunho de amor” de To Rot.

“O Beato Peter To Rot, esposo, pai, catequista e mártir desta terra deu testemunho do amor pela palavra e pelo exemplo. Ele deu sua vida precisamente para defender a unidade da família diante daqueles que queriam minar seus fundamentos”, disse o papa.

Venerável Bispo Alain de Boismenu (França)

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O bispo de Boismenu, França, dom Alain Marie Guynot, nascido em 27 de dezembro de 1870, na França, é lembrado como uma figura fundamental na missão da Igreja em Papua-Nova Guiné.

Ordenado padre e membro dos Missionários do Sagrado Coração, Boismenu chegou à Papua-Nova Guiné em 1897. Foi nomeado vigário apostólico de Papua em 1908, função que ocupou até sua aposentadoria em 1945.

Em seu mandato, ele expandiu significativamente o alcance da Igreja, estabelecendo novas missões, escolas e centros de treinamento para catequistas. Ele também fundou as Handmaids of the Lord, congregação religiosa para mulheres.

Embora não seja um mártir, o processo de beatificação de Boismenu com base em suas virtudes heroicas foi iniciado em 1984, e ele foi declarado venerável pelo papa Francisco em 2014. Sua dedicação ao cuidado pastoral e à educação deixou uma marca indelével na região.

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