Sep 12, 2024 / 14:50 pm
O papa Francisco elogiou hoje (12) Singapura por seu “exemplo brilhante” na construção de um país unido com base na harmonia e na cooperação, mas também falou sobre os riscos que o progresso rápido pode ter sobre a família, as relações humanas e os membros mais fracos da sociedade.
Um dia depois de desembarcar na rica cidade-estado do sudeste da Ásia, também conhecida como Cidade Leão , o papa se encontrou com o presidente, Tharman Shanmugaratnam, e o primeiro-ministro, Lawrence Wong, em reuniões separadas no parlamento de Singapura.
O papa falou sobre sua admiração pela dedicação dos líderes passados e presentes do país para construir a unidade em meio à diversidade de etnias, religiões e culturas.
“Assim como a estrela que guiou os Magos, que a luz da sabedoria oriente sempre Singapura na construção de uma sociedade unida e capaz de transmitir esperança”, escreveu o papa no livro de honra de Singapura no Parlamento.
Lar de cerca de 5,9 milhões de pessoas, Singapura tem o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do mundo. São US$ 133,7 mil, cerca de R$ 754,6 mil. O do Brasil é de cerca de R$ 42 mil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Desde que se tornou uma república em 1965, liderada pelo primeiro político a ser primeiro-ministro do país, Lee Kuan Yew, por 25 anos, o país experimentou rápido crescimento e transformação.
Em discurso a líderes civis e ao corpo diplomático da Universidade Nacional de Singapura (NUS, na sigla em inglês), o papa disse que o país é um claro testemunho da engenhosidade humana e do dinamismo empreendedor.
O papa disse ter a esperança de que o país com o lema Majulah Singapura (Avante Singapura, em malaio) não se esqueça dos pobres, dos idosos e dos trabalhadores migrantes.
“Gostaria de chamar a atenção para o risco que comportam um certo pragmatismo e exaltação do mérito, com a consequência não intencional de se legitimar a exclusão dos que se encontram à margem dos benefícios do progresso”, disse Francisco aos líderes do país.
“Reconheço e louvo as várias políticas e iniciativas postas em prática, tanto para apoiar os mais frágeis – e faço votos que seja dada especial atenção aos pobres e aos idosos cujo trabalho lançou as bases da Singapura de hoje – como para proteger a dignidade dos trabalhadores migrantes, que tanto contribuem para a construção da sociedade e a quem deve ser garantido um salário justo”, disse o papa.
Diante do rápido envelhecimento da população de Singapura e das baixas taxas de fertilidade, o papa falou sobre sua preocupação com a vida familiar e a necessidade de relacionamentos humanos genuínos num mundo tecnologicamente avançado.
“As sofisticadas tecnologias da era digital e os rápidos desenvolvimentos na utilização da inteligência artificial não podem fazer-nos esquecer que é essencial cultivar relações humanas reais e concretas”, disse Francisco aos reunidos no teatro da universidade.
“Nas condições sociais atuais, os alicerces sobre os quais as famílias são construídas tornam-se objeto de discussão e correm o risco de ser enfraquecidos”, disse o papa.
“As famílias precisam de ser apoiadas de modo a poderem transmitir os valores que dão sentido e forma à vida, e ensinar os jovens a formar relações sólidas e saudáveis.”
Amanhã (13), último dia de sua mais longa viagem apostólica por quatro países da Ásia e da Oceania, o papa Francisco vai visitar idosos no asilo católico St. Theresa's Home, participar de um encontro inter-religioso liderado por jovens no Catholic Junior College, e celebrar uma missa em particular e ter um encontro privado com clérigos e religiosos.
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