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Corpo de patriarca armênio que pode ser canonizado retorna ao Líbano

Multidão recebe o corpo do patriarca e cardeal Gregório Pedro XV Agagianian na praça dos Mártires em Beirute, Líbano, em 12 de setembro de 2024. | Romy Haber/ACI Mena

O Patriarcado Católico Armênio fez uma grande cerimônia na praça dos Mártires em Beirute, Líbano, em 12 de setembro, para receber de Roma os restos mortais do patriarca e cardeal Gregório Pedro XV Agagianian. Seu corpo foi sepultado na catedral católica armênia de Santo Elias e São Gregório o Iluminador no centro de Beirute.

Agagianian, conhecido por sua forte oposição ao governo comunista durante a Guerra Fria, tornou-se uma figura proeminente na história da Igreja. Ele foi um dos principais candidatos ao papado em duas ocasiões. O processo de sua beatificação, um passo em direção à santidade na Igreja, começou em Roma em 28 de outubro de 2022.

Os restos mortais do patriarca católico armênio chegaram ao Líbano num caixão de vidro carregado por 12 jovens libaneses de várias denominações religiosas, simbolizando a unidade inter-religiosa.

Enquanto a banda dos escoteiros armênios tocava, participantes estenderam as mãos para tocar o caixão para receber bênçãos. Alguns jogaram arroz e pétalas de rosas no caixão — tradição do Oriente Médio que simboliza uma recepção alegre.

A cerimônia, que contou com a presença de várias figuras políticas e religiosas, começou com um documentário sobre a vida do patriarca.

Em discurso, o atual patriarca católico armênio, Raphaël Bedros XXI Minassian, disse: “Nós o trouxemos ao Líbano para mostrar ao mundo nossa unidade, solidariedade e amor mútuo entre as denominações e todos os partidos. Jovens de várias denominações carregaram o caixão, representando um verdadeiro reflexo de como é uma família libanesa”.

O patriarca maronita, cardeal Bechara Boutros al-Rahi, líder da maior comunidade cristã do Líbano, disse que o túmulo de Agagianian ficará na catedral católica armênia de Santo Elias e São Gregório, o Iluminador, na praça Dabbas, em Beirute.

“Ele está entre os incorruptíveis da Igreja”, disse o patriarca. “Esperamos que esse milagre facilite o apelo por sua beatificação. Em todo caso, ele será um santo abençoado e grande. Parabenizamos a Igreja Católica Armênia, todas as igrejas e todo o Líbano. As maravilhas de Deus são grandes em seus santos”.

O bispo auxiliar da diocese patriarcal de Beirute, dom Krikor Badishah, disse: “Graças à presença magnífica de numerosos participantes, a Praça dos Mártires é mais uma vez não um mero local, mas um símbolo nacional que une todos os libaneses, independentemente de suas afiliações. É um farol de esperança brilhando sobre nossa amada pátria, constantemente nos lembrando de nossos valores compartilhados e nossa unidade inquebrável”.

Na cerimônia, a cantora Layal Nehmé Matar se apresentou, acompanhada pela banda do exército libanês, dando uma atmosfera de reverência e solenidade.

O processo de beatificação

A iniciativa de beatificar Agagianian começou com o antigo patriarca católico amênio Krikor Bedros XX Ghabroyan. A iniciativa ganhou força quando o atual patriarca, Minassian, solicitou a abertura do túmulo de Agagianian há cerca de dois anos, revelando seu corpo aparentemente incorrupto.

Embora não haja um protocolo oficial na Igreja para determinar se um corpo é incorrupto e a incorruptibilidade não seja considerada uma indicação de santidade, muitos santos são considerados incorruptos. O processo formal para sua possível canonização teve início em Roma em 28 de outubro de 2022.

Essa etapa envolveu uma investigação completa, examinando todos os aspectos da vida e virtudes de Agagianian. Informações foram coletadas de documentos escritos, testemunhas contemporâneas e relatos de milagres atribuídos à sua intercessão. O processo agora progride rapidamente.

O legado do patriarca Agagianian

Agagianian era famoso por sua virtude. Nossa Senhora ocupava um lugar especial em sua espiritualidade, e ele era devoto do Sagrado Coração de Jesus e da Eucaristia. Ele era um defensor da justiça e servia aos marginalizados, incluindo idosos, órfãos e pessoas com deficiência. Mesmo depois de se tornar bispo, continuou a visitar comunidades armênias espalhadas por todo o mundo.

Agagianian ocupou vários cargos significativos na Igreja. Nomeado cardeal pelo papa Pio XII em 1946, foi chefe da Sagrada Congregação para a Propagação da Fé (Propaganda Fide), a futura Congregação para a Evangelização dos Povos, de 1958 a 1970, e presidiu a comissão papal responsável pela elaboração de leis para as Igrejas Católicas Orientais. Ele também foi nomeado pelo papa são Paulo VI para servir como um dos quatro moderadores dos últimos anos do concílio Vaticano II (1962-1965), evento marcante na história católica moderna. Numa época em que o papa raramente saía de Roma, Agagianian serviu como enviado da Santa Sé, visitando muitos países em vários continentes. Ele foi considerado duas vezes "papabile", um candidato sério ao papado, em 1958 e 1963.

A ligação de Agagianian com o Líbano

Agagianian era descendente de georgiano-armênios, mas adquiriu cidadania libanesa depois de chegar ao país como visitante apostólico em 1935. Um ano depois, aos 42 anos, ele se tornou patriarca da Igreja Católica Armênia.

Ele desenvolveu relacionamentos próximos com vários segmentos da sociedade libanesa e trabalhou para unir políticos. Ele frequentemente os reunia no mosteiro católico armênio em Jounieh (Monte Líbano) para reuniões privadas. Agagianian teve um papel na reconciliação do patriarca maronita Paul Meouchi com o então presidente libanês Camille Chamoun. Ele também ajudou a nomear Charles Helou (que mais tarde se tornou presidente do Líbano) o primeiro embaixador libanês na Santa Sé.

Agagianian era conhecido como o “patriarca construtor” devido aos seus numerosos projetos arquitetônicos, incluindo uma escola e um orfanato em Anjar, Líbano. Seus restos mortais foram sepultados na catedral católica armênia de Santo Elias e São Gregório, o Iluminador, que ele construiu no coração de Beirute.

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