Sep 16, 2024 / 15:54 pm
Enquanto muitos líderes católicos na Nigéria estão preocupados com a influência do pentecostalismo, os católicos nas regiões sudeste do país estão preocupados com outra tendência.
Nas áreas rurais do país da África ocidental, o número de jovens que participam da missa dominical despencou e continua caindo, pois muitos deles se voltam para o paganismo.
O padre Vitalis Anaehobi serve na região e diz que a maioria dos jovens com quem ele falou está triste com as "dificuldades da vida", como pobreza, desemprego e "a falha da Igreja em protegê-los", à medida que os ataques contra cristãos continuam no país, onde a perseguição religiosa é uma das mais altas do mundo.
Anaehobi falou à ACI Africa, agência da EWTN na África, sobre preocupações com o crescimento de ministérios privados se ligando à Igreja na Nigéria: “Não estamos chateados com a influência desses ministérios. O maior medo que temos, especialmente no sudeste da Nigéria, onde estou baseado, é o fato de que os jovens estão voltando para a religião tradicional”.
Ele disse que os jovens das aldeias rurais da Nigéria não estão frequentando igrejas pentecostais, mas religiões que seus antepassados abandonaram quando abraçaram o cristianismo.
“Nossos jovens estão voltando ao paganismo”, disse Anaehobi à ACI África. “Essa tendência emergente não está em lugar nenhum nas mídias sociais, mas para nós aqui, essa é nossa maior preocupação. Meninos e meninas muito jovens estão voltando a essas práticas”.
O padre Anaehobi, secretário-geral da Conferência Episcopal Regional da África Ocidental (RECOWA, na sigla em inglês), disse que no centro da tendência preocupante está a crescente insegurança na região.
“Há a falsa crença de que, diante da atual insegurança na região, o cristianismo não pode proteger ninguém. [Os jovens] acreditam que, com a religião tradicional, eles podem obter alguma maneira de se proteger”, disse o padre.
“Segundo nossos jovens, o cristianismo não é tão prático quanto a religião tradicional. Quando você vai às igrejas em nossas aldeias, não encontrará jovens lá. Eles estão lá fora praticando a religião tradicional”.
O padre disse que, devido à pobreza e à falta de emprego, os jovens de lá, especialmente nas áreas rurais do país, estão evitando a Igreja, onde lhes é dito “para ir em frente e dar o pouco que têm para receber bênçãos”.
Eles dizem que com a religião tradicional, ninguém tem permissão para dar muito, disse o padre Anaehobi à ACI África, acrescentando que os jovens que abraçam práticas religiosas africanas, em vez disso, “se encontram, matam animais, realizam rituais, dançam e vão para casa com o estômago cheio”.
Atualmente, essa tendência só pode ser observada em vilas rurais.
“Não estamos preocupados com as cidades porque lá a Igreja está cheia de jovens”, disse Anaehobi. “O que mais nos preocupa são nossas aldeias”.
Para incentivar os jovens rurais a permanecerem na Igreja, o padre sugeriu que a Igreja na Nigéria repensasse seu papel e buscasse maneiras práticas de capacitar os jovens no país.
“À medida que ensinamos e damos esperança, precisamos sair e encontrar esses jovens onde eles estão. Eles estão lá fora procurando soluções para sua pobreza e desemprego”, disse Anaehobi. “A Igreja pode não ter os meios para empregar nossos jovens, mas podemos organizar programas de mentoria para eles e facilitar sua ligação com potenciais recrutadores”.
O bispo de Oyo, Nigéria, dom Emmanuel Adetoyese Badejo, disse à ACI África que observa a crescente presença do paganismo no país.
“No momento, estamos falando sobre o renascimento da superstição e das antigas religiões e crenças tradicionais na Nigéria”, disse o bispo.
Os comentários de Badejo foram ecoados pelo arcebispo de Abuja, Nigéria, dom Ignatius Ayau Kaigama, que falou sobre o surgimento de um grupo no país que se autodenomina “Velhos Católicos”.
“Temos um novo grupo chegando, que se autodenomina 'Velhos Católicos', e eles estão montando igrejas por todo lugar e causando confusão entre as pessoas”, disse o arcebispo, acrescentando que alguns membros se vestem como padres e fazem liturgias semelhantes à missa.
“Muitas pessoas estão seguindo esse grupo”, disse. “Somos muito cuidadosos como bispos para ficar atentos e esclarecer nosso povo para que tenha muito cuidado para não cair em suas armadilhas. Isso não é nada saudável para nós”.
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