Sep 17, 2024 / 13:40 pm
Os participantes do Sínodo da Sinodalidade vão se reunir em retiro para rezar juntos e pedir perdão pelos pecados numa vigília de oração penitencial liderada pelo papa Francisco antes da segunda sessão do sínodo começar em Roma no início de outubro. Quatro novos fóruns também serão realizados em duas datas paralelamente à assembleia de um mês e darão uma plataforma pública para reflexão e debate sobre tópicos teológicos discutidos durante o sínodo.
Essas e outras mudanças na segunda parte da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, de 2 a 27 de outubro, foram destacadas ontem (16) pelos organizadores do sínodo.
Vigília penitencial
No dia anterior ao início do sínodo, um culto de oração na basílica de São Pedro em 1º de outubro marcará a conclusão de um retiro de dois dias no Vaticano para os membros do sínodo. Na vigília pública, “alguns dos pecados que causam mais dor e vergonha serão chamados pelo nome, invocando a misericórdia de Deus”, disse ontem (16) em coletiva de imprensa o secretário geral do sínodo, cardeal Mario Grech.
No culto de oração, três pessoas falarão sobre suas experiências de serem prejudicadas por abuso sexual, guerra e indiferença para com os migrantes, e haverá uma “confissão de vários tipos de pecados”, disse o cardeal Grech.
“Não será sobre denunciar o pecado dos outros, mas sobre nos reconhecermos como parte daqueles que, por ação ou pelo menos omissão, se tornam a causa do sofrimento sofrido pelos inocentes e desamparados”.
O evento foi organizado pela secretaria do sínodo em colaboração com a diocese de Roma, a União dos Superiores Maiores e a União Internacional dos Superiores Maiores.
Segundo comunicado à imprensa, os participantes vão pedir perdão “em nome de todos os batizados” pelo “pecado contra a paz, pecado contra a criação, contra as populações indígenas, contra os migrantes; pecado de abuso; pecado contra as mulheres, a família, a juventude; pecado de usar a doutrina como pedras a serem atiradas; pecado contra a pobreza; pecado contra a sinodalidade/falta de escuta, contra comunhão e a participação de todos”.
O Sínodo da Sinodalidade terá seu início oficial com uma missa de abertura na praça de São Pedro em 2 de outubro.
Participantes e metodologia
O arcebispo de Luxemburgo, cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do Sínodo da Sinodalidade, disse ontem que não houve “grandes mudanças” nos 368 membros votantes e 96 participantes sem direito a voto na segunda sessão da assembleia.
Até o momento, apenas 25 mudanças foram registradas, em sua maioria substituições de pessoas que não podem mais comparecer, disse o cardeal Hollerich, incluindo várias por motivos de saúde.
O número de delegados fraternos, representantes de religiões cristãs não-católicas, aumentou de 12 para 16 a pedido do papa Francisco. As novas adições são representantes do Patriarcado de Alexandria e de toda a África, do Patriarcado Ortodoxo Sírio de Antioquia, da Federação Luterana Mundial e da Conferência Menonita Mundial.
O formato geral do encontro de quase um mês continua muito semelhante ao do ano anterior — incluindo oração diária, reflexões teológicas e “conversação no Espírito” em pequenos grupos de trabalho divididos por idioma.
Mas os organizadores disseram ontem que haverá menos plenárias (quando os membros têm a oportunidade de se dirigir a toda a assembleia) este ano e, em vez disso, representantes de cada um dos grupos de trabalho se reunirão entre si para falar sobre o que surgiu durante as conversas.
Também haverá “mais pausas para oração e reflexão”, segundo Sheila Pires, que faz parte da equipe de comunicação do sínodo.
Uma dessas pausas será outro dia de retiro em 21 de outubro, segundo o padre jesuíta Giacomo Costa, secretário especial do sínodo. Ele disse que esse retiro permitirá que os membros se preparem espiritualmente para a apresentação do rascunho do documento final do sínodo, para o qual eles serão chamados a dar um feedback antes de votar no conteúdo final do documento.
Também haverá votação durante o sínodo para determinar quais tópicos serão discutidos concretamente, disse o padre.
Fóruns teológico-pastorais
Os organizadores dizem que os tópicos mais importantes discutidos na primeira sessão não estarão no programa de outubro, que vai se concentrar em “como a Igreja sinodal está em missão”.
Este ano, no entanto, os fundamentos teológicos e pastorais das discussões sinodais estarão abertos ao público para conhecimento durante quatro fóruns nos dias 9 e 16 de outubro, em Roma.
Os fóruns serão sobre “O povo de Deus, sujeito da missão”, “O papel e a autoridade do bispo em uma Igreja sinodal”, “A relação mútua entre a Igreja local e a Igreja universal” e “O exercício da primazia no Sínodo dos Bispos”.
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Em cada fórum, quatro ou cinco teólogos, canonistas e bispos apresentarão “as principais questões, focando nas diferentes perspectivas a partir das quais essas questões podem ser vistas”, disse ontem o secretário especial do sínodo, padre Riccardo Battocchio
Depois, o espaço será aberto para perguntas e respostas dos presentes.
Segundo um comunicado de imprensa, os fóruns são destinados a todos os participantes da assembleia (membros, convidados especiais, delegados fraternos, especialistas). Jornalistas credenciados na Sala de Imprensa da Santa Sé também são convidados e membros do público podem comparecer conforme o espaço disponível. O registro será necessário para qualquer um que queira participar, com detalhes sobre como se registrar a serem divulgados em uma data posterior.
Esses quatro fóruns, disse Battocchio, “pretendem oferecer uma contribuição adicional de reflexões... para aqueles que participarão da segunda sessão... mas também para outras pessoas interessadas nos temas do sínodo”.
Serão abordados, disse ele, temas ligados a diversas seções do Instrumentum laboris .
Os palestrantes dos fóruns ainda não foram divulgados.
A assembleia de outubro do Sínodo da Sinodalidade marcará o fim da fase de discernimento do processo sinodal da Igreja, que o papa Francisco abriu em 2021.
A terceira fase do sínodo — depois da “consulta do povo de Deus” e do “discernimento dos pastores” — será a “implementação”, segundo os organizadores.
O Instrumentum laboris para a parte final do Sínodo da Sinodalidade, publicado em 9 de julho, se concentrou em como implementar certos objetivos do sínodo, deixando de lado alguns dos tópicos mais polêmicos da reunião de outubro do ano passado, como mulheres diaconisas, celibato sacerdotal e alcance a homossexuais.
Esses assuntos mais controversos e outros foram delegados à competência de 15 grupos de estudo formados no final do ano passado.
Em vez disso, o documento orientador deste ano deu propostas concretas para instituir um ministério de escuta e acompanhamento, maior envolvimento dos leigos na economia e finanças paroquiais e conselhos paroquiais mais poderosos.
“Sem alterações concretas, a visão de uma Igreja sinodal não será credível”, diz o Instrumentum laboris.
Os 15 grupos de estudo continuarão a se reunir até junho do ano que vem, mas darão uma atualização sobre seu progresso no início da segunda sessão em outubro.
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