13 de novembro de 2024 Doar
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É preciso fazer mais para restaurar a dignidade das vítimas do crime organizado, diz papa Francisco

Familiares de vítimas da máfia participam de manifestação organizada pela Libera por ocasião do Dia Nacional de Memória e Compromisso com a Lembrança das Vítimas da Máfia, em 21 de março de 2023, em Milão, Itália. | Emanuele Cremaschi/Getty Images

O papa Francisco pediu ontem (19) aos participantes da Conferência sobre o Uso Social dos Bens Confiscados da Máfia que trabalhem para recuperar o bem-estar — não apenas os bens — das vítimas e comunidades feridas pelo crime organizado.

“Convido vocês a concentrar as conversas destes dias na urgência de recuperar o bem-estar de todas as pessoas, homens e mulheres, o bem de cada um, onde todos contam e ninguém é descartado”, disse o papa em mensagem escrita originalmente em espanhol por ocasião da conferência que acontece ontem (19) e hoje (20) na Pontifícia Academia de Ciências Sociais, no Vaticano.

Francisco disse que não é “possível nem tolerável” esquecer os danos causados ​​à dignidade de milhões de homens e mulheres que sofrem “fome e medo da violência, opressão ou injustiça” por causa de operações criminosas transnacionais.

“Somente entendendo esses danos poderemos discernir como ajudar, proteger e reparar aspectos essenciais para resolver conflitos e trazer a paz”, disse o papa.

A conferência, organizada pela Pontifícia Academia de Ciências Sociais e pela organização italiana antimáfia Libera, tem como objetivo destacar a necessidade de cooperação internacional e uma abordagem integrada para mitigar as atividades e o impacto das redes e estruturas criminosas.

O papa Francisco pediu aos participantes da conferência que também se orientem pela doutrina social da Igreja sobre a dignidade humana e o princípio do bem comum, conforme descrito na Gaudium et spes (nº 26), constituição pastoral de 1965 do Concílio Vaticano II sobre a Igreja no mundo moderno.

O papa também se referiu aos protocolos traçados na Convenção de Palermo das Nações Unidas, em 2000, como uma ajuda na discussão da justiça criminal.

Em sua mensagem, o papa disse que o crime organizado é um ataque ao bem comum que requer vontade política e uma resposta global coordenada para lutar contra “um dos desafios mais importantes para a comunidade internacional”.

“O crime organizado, que é definido como um grupo estruturado que se estabelece ao longo do tempo e atua em conjunto para cometer crimes com o objetivo de obter um benefício material ou econômico, tem vocação transnacional e abrange todos os principais tráficos”, disse Francisco.

“Junto com o terrorismo, [o crime organizado é] a ameaça não militar mais importante à segurança de cada nação e à estabilidade econômica internacional”, disse o papa.

Francisco elogiou as iniciativas antimáfia italianas dedicadas a reconstruir a paz e o bem comum, direcionando os lucros criminosos “para reparar os danos causados ​​às vítimas e à sociedade”.

Antes de concluir sua mensagem com votos de felicidades e a promessa de orações pelos participantes da conferência, o papa disse que o estudo e a reflexão sobre o direito e a justiça devem levar os participantes a agir para construir um mundo melhor.

“E com esses sentimentos, reafirmo minhas orações por vocês e suas famílias. Eu os abençoo e peço, por favor, que rezem por mim”, disse.

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