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Santa Sé se pronuncia sobre supostas aparições marianas de Garabandal

Cardeal Víctor Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, fala sobre Garabandal, na conferência de imprensa sobre Medjugorje, no Vaticano no dia 19 de setembro de 2024. | Crédito: Daniel Ibáñez/EWTN News.

O cardeal Víctor Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, falou sobre as supostas aparições marianas de Garabandal, Espanha, durante a conferência de imprensa sobre a experiência espiritual de Medjugorje, que aconteceu no Vaticano na quinta-feira (19).

“Garabandal, como El Escorial [n.d.r. supostas aparições marianas não aprovadas pela Igreja, iniciadas em junho de 1981] e outros casos, recebeu um 'non constat', não é um constat de non (constat que não é sobrenatural), mas um 'non constat', ou seja, ‘não há elementos para chegar a esta conclusão’”, disse o cardeal argentino ao responder a uma pergunta sobre Garabandal, sendo a primeira vez que fala publicamente sobre o assunto.

“O non constat que se dava em outros tempos poderia agora corresponder a várias determinações que estão descritas nas novas normas. Pode ser uma proibição total ou pode ser, por exemplo, o que se chama curatur, que significa que o culto público não é permitido”, continuou Fernández.

Ao falar sobre as normas, o cardeal Fernández referiu-se às novas Normas para proceder no Discernimento de presumidos fenômenos sobrenaturais, publicadas pelo seu dicastério em maio deste ano, que determinam que a declaração de sobrenaturalidade será excepcional e será reservada ao papa. Depois da publicação das normas a Santa Sé aprovou a devoção em nove lugares diferentes, sem especificar se as mensagens vêm ou não de Nossa Senhora.

Nas normas promulgadas em 1978 pelo papa são Paulo VI, vigentes antes da publicação da nova norma, havia três possíveis pronunciamentos sobre as aparições marianas: afirmativo (constat de supranaturalitate), negativo (constat de non supranaturalitate) ou não definitivo (non constat de supranaturalitate) .

Continuando com a sua resposta, o cardeal disse que em Garabandal “não é permitido nada que tenha relação entre as mensagens e as aparições, mas pode haver um culto privado”.

“Esse curatur representa mais ou menos o que, de fato, já acontece em vários casos. Acho que hoje Garabandal pode corresponder a esse curatur porque é permitido às pessoas irem ao local rezar e depois irem à missa numa paróquia”.

Segundo a nova norma, a conclusão do curatur significa que “relevam-se diversos ou significativos elementos críticos, mas ao mesmo tempo já existe uma ampla difusão do fenômeno e uma presença de frutos espirituais a ele coligados e verificáveis. Desaconselha-se uma proibição a seu respeito, que poderia perturbar o Povo de Deus. Em todo caso, o Bispo Diocesano é solicitado a não encorajar esse fenômeno, a buscar expressões alternativas de devoção e, eventualmente, a reorientar seu perfil espiritual e pastoral”.

O prefeito disse ainda que “nestes casos os bispos têm a possibilidade de revisar, de precisar melhor qual é a situação em cada lugar. Isso está acontecendo com vários casos em alguns países.

“Veremos se o bispo quer especificar alguma coisa. Até o momento creio que ele não tem nenhum interesse", concluiu.

A ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, entrou em contato com a diocese de Santander para perguntar se o bispo local, dom Arturo Ros, tinha algo a dizer sobre isso. “Não haverá declarações”, disse o delegado diocesano de meios, padre Antonio Arribas.

O que aconteceu em Garabandal?

Entre 1961 e 1965, quatro meninas – Conchita, Jacinta, Mari Loli e Maricruz – afirmaram ter testemunhado as aparições de são Miguel Arcanjo e da Virgem Maria na sua cidade, San Sebastián de Garabandal, na comunidade da Cantábria, Espanha.

Os eventos atraíram multidões que afirmaram ter visto as meninas entrarem em profundo êxtase, levitarem e realizarem demonstrações de força.

Durante as supostas aparições, que foram registradas por câmeras fotográficas e filmagens, vários tentaram fazer com que as meninas saíssem do transe através do uso da força.

Há alguns anos, dom José Vilaplana, bispo de Santander entre 1991 e 2006, disse que não encontrava sobrenaturalidade, mas também não condenou a suposta aparição e permitiu que os peregrinos celebrassem missa na igreja da cidade.

“Todos os bispos da diocese, de 1961 a 1970, afirmaram que o caráter sobrenatural destas aparições, que ocorreram por volta daquele momento, não podia ser confirmado”, disse dom Vilaplana, e expressou ainda que não considerava necessário reiterar isso em uma nova declaração e dar publicidade a algo que aconteceu há muito tempo.

Em 2018 foi lançado o filme Garabandal, Só Deus Sabe, que conta a história das supostas aparições.

Em outubro de 2022, dom Manuel Sánchez Monge, bispo de Santander entre 2015 e 2023, declarou que “minha posição, como a de meus predecessores, é que a avaliação de Roma continua válida: ‘Não há sinais de sobrenaturalidade’”.

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