Sep 30, 2024 / 13:52 pm
A escalada militar em curso entre as Forças de Defesa de Israel e o grupo islâmico Hezbollah pode diminuir a presença de patriarcas católicos orientais do Líbano no Sínodo da Sinodalidade.
Como a segunda sessão da 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos no Vaticano começa hoje (30) com um retiro, os patriarcas católicos orientais e outros representantes do Líbano devem chegar a Roma nos próximos dias de avião.
No entanto, a maioria das companhias aéreas cancelou seus voos para Beirute, embora o ministro interino de Obras Públicas e Transportes, Ali Hamieh , tenha confirmado em 25 de setembro que o Aeroporto Internacional de Beirute, o único aeroporto civil do país, está totalmente operacional.
Como Israel atingiu centenas de alvos do Hezbollah no Líbano nos últimos dias, os moradores locais temem que o aeroporto de Beirute possa estar na lista de alvos. O governo libanês pode fechar o aeroporto por prudência, mesmo que ele não seja atingido.
Se qualquer um desses cenários acontecer, os patriarcas podem não conseguir chegar a Roma a tempo.
Os patriarcas católicos orientais participam dos sínodos ex officio, o que significa que não são designados pelo papa ou por uma conferência de bispos, mas têm um lugar por serem chefes de suas Igrejas.
Segundo a lista de participantes, publicada pelo secretário geral do sínodo, os seguintes patriarcas são esperados: Ignace Youssef III Younan da Igreja Católica Siríaca, Youssef Absi da Igreja Católica Melquita e Raphaël Bedros XXI Minassian da Igreja Católica Armênia.
Notavelmente ausente da lista está o patriarca maronita Bechara cardeal Boutros al-Raï. As razões para sua ausência ainda não foram oficialmente esclarecidas.O bispo Flaviano Rami Al-Kabalan, procurador do patriarcado católico siríaco na Santa Sé, disse que Younan “deve chegar a Roma”.
O patriarcado melquita disse à ACI Mena, agência em árabe da EWTN News, que Absi “estará no Vaticano na próxima semana se as condições da aviação permitirem”.
Charbel Bastoury, responsável pelas relações públicas do Patriarcado Católico Armênio, disse que Minassian vai participar. No entanto, ele disse que isso só vai acontecer “depois que Sua Beatitude estiver tranquilo sobre a situação no país, o que significa que ele pode chegar atrasado”.
A influência dos patriarcas
A segurança em meio à situação crescente não é a única preocupação dos católicos orientais. Qualquer ausência de participantes libaneses pode acarretar o risco de uma influência menor das Igrejas Católicas orientais no Sínodo da Sinodalidade, processo cujos resultados os patriarcas gostariam de discutir de antemão.
A presença de Younan, Absi e Minassian pode desempenhar um papel essencial nas discussões que levarão ao documento final que será enviado ao papa Francisco pela assembleia.
Os patriarcas católicos orientais são geralmente considerados “conservadores” quando se trata de questões controversas como a ordenação de mulheres e uniões homossexuais. Nenhum dos três patriarcas participantes apoiou publicamente mudanças na doutrina da Igreja sobre essas questões.
Como chefes de igrejas autocéfalas, os patriarcas também costumam ser muito respeitados pelos cardeais, por autoridades da Santa Sé e pela Cúria Romana.
Os patriarcas também são chefes de Igrejas sinodais que fazem um sínodo anual de bispos, tomando várias decisões importantes, como decidir quais padres de suas Igrejas são possíveis indicados para se tornarem bispos. Isso significa que Younan, Absi e Minassian têm experiência considerável com o exercício da sinodalidade na Igreja — o tópico principal deste sínodo.
Outros libaneses no sínodo
Dois bispos também devem representar a Igreja Maronita em Roma: o vigário patriarcal de Sarba, Líbano, dom Paul Rouhana, e o bispo de Batroun, Mounir Khairallah.
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A Igreja Maronita fez um processo sinodal entre 2020 e 2023 sobre o papel das mulheres na Igreja, resultando num documento que apoia o diaconato feminino conforme a antiga tradição oriental.
Vários representantes libaneses das assembleias continentais, um teólogo e um facilitador também estão programados para participar da segunda sessão.
Quando a ACI Mena perguntou a uma das representantes, Rita Kouroumilian, se ela estaria no sínodo apesar do perigo relacionado ao aeroporto, ela disse: “Deus é minha força, não temeremos, e como Deus nunca nos abandonou, ele não nos deixará agora. Se ele quiser que participemos do sínodo, iremos.”
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