2 de dezembro de 2024 Doar
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Órgão de defesa dos direitos humanos da ONU se manifesta contra homens que competem em esportes femininos

Imagem ilustrativa. | Pavel1964/Shutterstock

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a violência contra mulheres e meninas nos esportes defendeu na terça-feira (8) espaços para mulheres, ao pedir esportes separados para homens que se identificam com o sexo oposto.

A relatora especial da ONU sobre violência contra mulheres e meninas exigiu, numa apresentação do relatório na terça-feira (8), que os países-membros preservem os espaços femininos, ao dizer que a supressão de testosterona para atletas masculinos “não eliminará o conjunto de vantagens de desempenho comparativo que eles já adquiriram”.

A relatora especial da ONU sobre violência contra mulheres e meninas, a jordaniana Reem Alsalem, nomeada pela Comissão de Direitos Humanos dos EUA em 2021, apresentou o relatório de 24 páginas ao terceiro comitê da assembleia geral da ONU em Nova York, EUA. O relatório citou casos de ferimentos graves em mulheres e meninas forçadas a competir contra homens que participam de divisões femininas, violações de privacidade nos vestiários e consequências públicas contra mulheres que se manifestam.

“Atletas do sexo masculino têm atributos específicos considerados vantajosos em certos esportes, como força e níveis de testosterona mais altos do que a média feminina, mesmo antes da puberdade, resultando na perda de oportunidades justas”, diz o relatório.

O relatório falou sobre “uma invasão crescente de espaços exclusivos para mulheres nos esportes”, ao dizer que as divisões exclusivas para mulheres nos esportes garantem “oportunidades iguais, justas e seguras nos esportes” para as atletas.

May Mailman, diretora do Independent Women's Law Center, grupo que defende os direitos e espaços das mulheres, disse que a declaração foi encorajadora, embora ela tenha notado que foi feita só por um ramo da "organização difícil de manejar".

“Estamos animados com o reconhecimento do óbvio: que as mulheres merecem esportes. Isso deveria envergonhar as muitas organizações nos EUA que falham em fazer o mesmo”, disse Mailman à CNA, agência em inglês da EWTN News. “Mas isso não torna a ONU em geral uma organização razoável. Há muitas falhas para citar, incluindo que a ONU Mulheres parece se importar pouco com os estupros, assassinatos e sequestros de mulheres israelenses.”

O gabinete da relatora especial da ONU sobre Direitos das Mulheres, desde que foi criado em 1994, aborda a violência doméstica, o tráfico, a migração, os conflitos armados, o HIV/AIDS, a violência contra as mulheres e também defende o aborto sob o pretexto de "direitos reprodutivos". O secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, recentemente criticou a ONU por promover o aborto e a ideologia de gênero.

Segurança física e privacidade das mulheres

O relatório disse que a segurança e a privacidade das mulheres são ameaçadas quando homens são convidados para espaços femininos, como práticas esportivas, jogos e vestiários.

As atletas mulheres são “mais vulneráveis ​​a sofrer lesões físicas graves quando espaços esportivos exclusivos para mulheres são abertos para homens, conforme documentado em disciplinas como vôlei, basquete e futebol”, diz o relatório, ao citar casos de lesões graves que vão desde dentes arrancados e pernas quebradas até fraturas no crânio e comprometimento neurológico por concussões.

Por exemplo, a declaração da IWF disse que Payton McNabb tinha 17 anos quando ficou parcialmente paralisada depois que um atleta masculino que se identifica com o sexo oposto acertou uma bola de vôlei em seu rosto.

McNabb tem danos cerebrais, paralisia no lado direito e tem dificuldade para andar sem cair.

“Se os líderes nos EUA se importam com o tratamento das mulheres como a relatora especial sobre violência contra mulheres e meninas se importa, então isso deveria dar a eles cobertura para finalmente fazer o que é certo pelas mulheres”, disse Mailman à CNA, ao referir-se ao relatório da ONU.

O relatório da ONU falou sobre o perigo da agressão sexual ao abrir vestiários femininos para homens, ao dizer que isso poderia “aumentar o risco de assédio sexual, agressão, voyeurismo e ataques físicos e sexuais em vestiários e banheiros unissex”.

“Atletas femininas também supostamente sofrem disseminação forçada de imagens sexuais não consensuais offline e online e com exibicionismo, inclusive como resultado da falha em manter vestiários separados por sexo”, diz o relatório.

Violar espaços exclusivos para mulheres pode não só afetar negativamente “a saúde mental e o senso de segurança pessoal” das mulheres no esporte, diz o relatório, mas também pode “prejudicar sua imagem pública e ter repercussões de longo prazo na carreira”.

A perda de espaços femininos também tem consequências psicológicas para as atletas. Saber que ela tem que competir contra um homem “causa extremo sofrimento psicológico devido à desvantagem física, à perda de oportunidade de competição justa e de oportunidades educacionais e econômicas, e à violação de sua privacidade em vestiários e outros espaços íntimos”, disse o relatório.

A ONU diz que “exames de sexo” podem ser “necessários, legítimos e proporcionais para garantir justiça e segurança nos esportes”. O relatório citou a Olimpíada Paris 2024, onde boxeadoras competiram contra duas boxeadoras “cujo sexo como mulheres foi seriamente contestado, mas o Comitê Olímpico Internacional se recusou a realizar um exame de sexo”.

Liberdade de expressão

A inclusão de homens nos esportes femininos resultou na perseguição de mulheres que se defendem, diz o relatório da ONU.

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Mulheres que se manifestam contra os perigos dos homens em espaços femininos são frequentemente tratadas injustamente, "acusadas de intolerância, suspensas de times esportivos e sujeitas a ordens de restrição, expulsão, difamação e processos disciplinares injustos", diz o relatório.

“Atletas e treinadoras que se opõem à inclusão de homens em seus espaços devido a preocupações com segurança, privacidade e justiça são silenciadas ou forçadas a se autocensurar; caso contrário, correm o risco de perder oportunidades esportivas, bolsas de estudo e patrocínios”, diz o relatório.

Mailman disse que muitos líderes deixaram que xingamentos “superassem seu dever de promover justiça, segurança e igualdade”.

“Os líderes dos EUA demonstraram tremenda covardia ao defender as mulheres porque não querem ser chamados de antitrans”, diz Mailman.

“Quanto mais pessoas mostrarem como fazer a coisa certa, mais os seguidores poderão finalmente fazer o mesmo”, continuou ela.

O relatório da ONU diz que pessoas que se identificam com o sexo oposto ainda devem poder participar de esportes, observando que, por meio de categorias abertas, “a justiça nos esportes pode ser mantida, garantindo ao mesmo tempo a capacidade de todos participarem”.

Proteger os espaços das mulheres “não resulta automaticamente na exclusão de pessoas transgênero dos esportes”, diz o relatório.

Mailman diz que “a solução não é dissolver os esportes femininos, mas criar uma categoria aberta ou tornar a categoria masculina uma categoria aberta”.

“O relatório da ONU abordou a segurança e a justiça, incluindo o fato de que a supressão de testosterona não iguala o campo de jogo e é arbitrária em qualquer caso. Ele falou sobre a privacidade no vestiário. Ele falou sobre o assédio que as mulheres enfrentam por se defenderem”, disse Mailman à CNA. “Tudo isso é importante. A única coisa lamentável é que isso vem de um órgão especializado e ainda não se espalhou para níveis mais altos.”

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