23 de novembro de 2024 Doar
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Análise: um bispo chinês fala pela primeira vez no Sínodo da Sinodalidade

Um dos encontros do Sínodo da Sinodalidade 2024. | Vatican Media

Houve um desenvolvimento notável até agora na segunda semana do Sínodo da Sinodalidade, e não é o ressurgimento da "ordenação de mulheres" e outras questões polêmicas que possivelmente não estavam na agenda da assembleia deste mês.

O notável foi uma fala na última segunda-feira (7) do bispo de Hangzhou, China, dom Joseph Yang Yongqianng. Foi a primeira vez que um bispo chinês toma a palavra para falar com seus colegas delegados do sínodo.

Dom Yang, que também participou da assembleia do ano passado, mas partiu antes da conclusão da sessão, é um dos dois bispos delegados da China continental nomeados para o sínodo pelo papa Francisco, que foi protagonista, em junho do ano passado, da primeira "transferência" de dioceses sob o acordo entre a China e a Santa Sé.

Dom Yang leu um breve discurso em chinês com tradução simultânea. Fontes do Sínodo disseram à EWTN News que suas falas, que não foram transmitidas, focaram em três pontos principais: a história do catolicismo chinês, o acordo da China com a Santa Sé sobre a nomeação de bispos e a troca cultural.

Segundo uma fonte da Secretaria de Estado da Santa Sé, uma delegação da Santa Sé esteve em Pequim na última semana de setembro para conversas sobre a renovação do acordo válido por dois anos assinado em 2018 e renovado desde então, possivelmente por três ou quatro anos desta vez.

 

 

 

 

Dom Yang, que deve ficar até o fim da assembleia este ano, falou positivamente sobre o acordo provisório, dizendo que aprofundará as relações entre a Santa Sé e seu país. Ele também fez um convite aos participantes do Sínodo para visitar a China e falou sobre a importância da "sinicização", os termos usados para se referir aos esforços para garantir que a Igreja na China tenha um caráter distintamente chinês alinhado com os objetivos do governo comunista da China.

Enquanto isso, o bispo de Chiayi, Taiwan, dom Norbert Pu, disse à EWTN News que conversa com os bispos chineses no sínodo.

Tudo isso ressalta como o Sínodo da Sinodalidade pode ser um lugar para construir pontes entre diferentes lugares e culturas. No entanto, essa dimensão do sínodo pode ser ofuscada por tentativas de reacender a atenção sobre questões polêmicas que se pensava terem sido reservadas para os vários grupos de estudo abordarem.

O fato de que essas questões estão retornando de várias formas atesta a pressão que ambos os lados fazem para mudar ou afirmar a doutrina tradicional da Igreja.

A questão da ordenação ministerial de mulheres surgiu numa das falas desta semana, segundo fontes do sínodo, e numa entrevista coletiva na terça-feira (8), na qual a irmã Mary Theresa Barron, das irmãs de Nossa Senhora dos Apóstolos, disse que "algumas mulheres sentem um chamado ao sacerdócio ou ao diaconato".

Na mesma reunião, o arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Jaime Spengler, futuro cardeal, falou sobre o tema da dispensa da disciplina do celibato sacerdotal em regiões onde há escassez de padres.

 

 

 

 

Enquanto isso, a necessidade de maior cuidado pastoral para pessoas com tendências homossexuais foi o foco de um evento paralelo no mesmo dia patrocinado pela associação Outreach do padre jesuíta americano James Martin e pelo veículo de mídia administrado por jesuítas America Media. O bispo de Hong Kong, China, o cardeal Stephen Chow, também jesuíta, estava entre os presentes.

Por fim, o papel dos bispos numa Igreja sinodal foi assunto de destaque num fórum teológico aberto realizado na quarta-feira (9). Os participantes incluíram o arcebispo de Turim, Itália, dom Roberto Repole, futuro cardeal; a irmã Gloria Liliana Franco Echeverri; o professor Carlos Maria Galli; o professor Gilles Routhier; e o professor Matteo Visioli.

Foi um painel diversificado. Galli, que é professor na Universidade Católica da Argentina, imediatamente se destacou como um dos intérpretes mais profundos do pensamento do papa Francisco. Ele falou sobre a figura dos bispos em termos de "irmãos e amigos". A irmã Franco Echeverri pediu aos bispos que "não percam tempo com questões burocráticas" e não "encubram ou enterrem nada" em caso de abuso. Routhier disse que o bispo é "um irmão entre irmãos", enquanto Visioli falou do conceito de "poder", dividido nas dimensões de "ordem" e "jurisdição". O primeiro refere-se aos atos sacramentais e o segundo às funções governamentais.

Alguma dessas questões será incluída no documento final do sínodo? Ainda não sabemos. Mas está claro que o debate continua.

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