13 de dezembro de 2024 Doar
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Conferência Episcopal Nórdica e mais de 30 grupos cristãos assinam declaração contra ideologia de gênero

O bispo de Trondheim, Noruega, dom Erik Varden, presidente da Conferência Episcopal Nórdica. | Daniel Ibáñez/CNA

A Conferência Episcopal Nórdica se uniu a mais de 30 comunidades cristãs na Noruega para emitir uma declaração em apoio à “realidade biológica” e contra movimentos como a ideologia de gênero e a “teoria queer”.

A Declaração Ecumênica sobre “Gênero e Diversidade Sexual”, publicada ontem (15), cita tanto “a confissão da Bíblia como a palavra de Deus” quanto a “realidade biológica” ao criticar esses movimentos.

Ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher. Daí a sigla LGBTQI+, usada para identificar “lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo e mais”.

A ideia contraria a Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. ‘Ser homem’, ‘ser mulher’ é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, ‘à imagem de Deus’. No seu ‘ser homem’ e no seu ‘ser mulher’, refletem a sabedoria e a bondade do Criador”.

Em sua declaração, os 31 signatários — incluindo o Conselho de Bispos Católicos Noruegueses, a Sociedade Luterana Missionária, a Foursquare Norway e a Value Alliance — dizem que há “apenas dois sexos biológicos: masculino e feminino” e que “o sexo de uma pessoa é decidido no momento da concepção”.

“A ideia de que existe um gênero subjetivo e uma 'identidade de gênero' autoescolhida, livremente escolhida e baseada em sentimentos, é resultado de ideologia e não tem fundamento na biologia ou na ciência”, diz a declaração.

Nos últimos anos, em muitos países, autoridades têm promovido a ideologia de gênero para jovens estudantes. Os signatários descrevem em sua carta como “extremamente problemático confrontar crianças e jovens na sala de aula com a ideia de que há ‘meninos, meninas e outros gêneros’”.

“Essa influência pode levar à confusão, insegurança e escolhas de vida destrutivas para muitas crianças e jovens”, diz.

A declaração diz que “órgãos governamentais e autoridades públicas abusam de seu mandato e poder quando tentam pressionar cidadãos e organizações a se conformarem com a 'teoria queer' em relação a gênero, sexualidade e casamento”.

Além das críticas à ideologia de gênero, a declaração também critica a inseminação artificial e a barriga de aluguel, ao chamar seu uso de “uma violação da vontade criativa de Deus e dos direitos da criança”.

“Um ser humano é criado a partir do óvulo de uma mulher e do esperma de um homem”, diz a declaração. “Nem a mãe, nem o pai, nem outros membros da família são dispensáveis ​​ou supérfluos na vida de uma criança”.

Os signatários escrevem que são “contra a intimidação e a exclusão, a manipulação e a coerção, o assédio e o ódio, o ostracismo e a violência em todas as suas facetas”, mas dizem que “não farão nenhuma concessão às custas das verdades bíblicas, mesmo que essas verdades entrem em conflito com as diretrizes políticas ou as tendências sociais atuais”.

“Acreditamos que muito do que é conhecido sob os termos modernos 'diversidade de gênero' e 'diversidade sexual' não é baseado em conhecimento médico e ciência natural”, escrevem os signatários. “Essa ideologia de gênero também é incompatível com nossa fé cristã e compreensão da realidade”.

'A visão antropológica cristã'

O bispo de Trondheim, Noruega, dom Erik Varden, presidente da Conferência Episcopal Nórdica, disse ontem (15) à CNA Deutsch, agência em alemão da EWTN News, que o contexto da declaração é baseado na teologia por trás de uma declaração semelhante de 2016 sobre o casamento, assinada por cerca de três dúzias de grupos cristãos noruegueses.

“[É] importante mostrar que a visão antropológica cristã, sua visão do que uma pessoa é, o que significa ser uma mulher ou um homem, é consistente com dados empíricos”, diz o bispo. “Uma compreensão cristã da vida é eminentemente concreta”.

“Tentar ajustar a realidade com base na percepção pessoal é uma tarefa arriscada, especialmente quando começa a fazer promessas impossíveis aos vulneráveis, solitários e feridos”, diz dom Varden.

Os signatários “não têm ilusões sobre a complexidade da vida e dos relacionamentos humanos”, diz o bispo. “Queremos acompanhar situações complexas com compaixão e criatividade”.

Dom Varden diz que um número crescente de pessoas prejudicadas pela ideologia de gênero começa a falar sobre isso. Ele citou a clínica de identidade de gênero Tavistock na Inglaterra, que por anos tratou crianças de até dez anos que passavam por disforia de gênero com “bloqueadores da puberdade” e tratamentos hormonais. O governo fechou a clínica em 2022 depois de uma revisão independente crítica.

“As consequências do caso da clínica Tavistock na Inglaterra são um exemplo bem conhecido de como lidar com essas lesões; não é de forma alguma o único”, diz o bispo. “O coro de vozes que querem ser ouvidas está ficando cada vez mais alto. Isso é uma coisa boa”

Dom Varden diz que os signatários da carta buscam “contribuir construtivamente”.

“Nossa declaração não é nem raivosa nem sem mais nem menos”, diz o bispo. “Ela surge, em oração, de nosso comprometimento com nossa nação e nosso desejo de construí-la”.

“Reafirmamos a preciosidade da vida, de cada pessoa — em quem queremos reconhecer uma irmã, um irmão, um amigo em potencial, vendo-os, tanto quanto possível, como Deus os vê, ou seja, com imensa esperança”, diz dom Varden.

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