18 de dezembro de 2024 Doar
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Mais de 500 belgas exigem remoção do registro de batismo depois de declarações do papa contra o aborto

Papa Francisco e o rei Philippe ouvem um discurso do primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, em viagem do papa à Bélgica no final de setembro de 2024. | Vatican Media

Mais de 500 belgas exigiram ser removidos do registro batismal (“débaptisation”, em francês) em reação às declarações do papa Francisco em sua viagem apostólica a Luxemburgo e Bélgica sobre o aborto e o papel das mulheres na Igreja.

Depois da visita do papa aos dois países no final do mês passado, 524 pessoas assinaram uma declaração publicada na quarta-feira (16) em Bruxelas, capital da Bélgica, segundo a mídia local.

Em carta aberta ao núncio apostólico em Bruxelas, dom Franco Coppola, ao arcebispo de Malines-Bruxelas, Bélgica, dom Luc Terlinden, primaz da Igreja na Bélgica, e às sete dioceses do país, os signatários condenaram certos comentários feitos pelo papa e pediram para ser removidos do registro batismal.

Enquanto estava na Bélgica, o papa Francisco descreveu a descriminalização parcial do aborto voluntário no país como uma “lei assassina”. No voo de volta de Bruxelas para Roma em 29 de setembro, o papa também chamou os médicos que fazem abortos de “sicários” (assassinos contratados).

A viagem do papa à Bélgica marcou o 600º aniversário da Universidade Católica de Lovaina. Em sua visita à filial de língua francesa da universidade em Louvain-la-Neuve, Francisco disse que “a mulher é acolhimento fecundo, cuidado, dedicação vital”.

As palavras do papa foram rejeitadas pela universidade, que as criticou por revelarem uma “atitude determinista e reducionista”.

Ao referir-se aos comentários de Francisco, algumas organizações belgas pediram que as pessoas se juntassem a um movimento de “desbatismo” para expressar rejeição aos comentários do papa. Até o momento, três semanas depois, 524 pessoas responderam.

Um país historicamente católico, desde a década de 1950 a Bélgica tem visto um declínio significativo no número de seus cristãos praticantes. Uma pesquisa da Comissão Europeia em 2021 descobriu que 44% dos habitantes do país, que tem uma população de mais de 11,5 milhões, se identificam como católicos, abaixo dos 72% da população em 1981.

Um estudo do ano passado da universidade católica KU Leuven estima que o número de católicos na Bélgica seja um pouco maior, 50% da população, mas com apenas 9% frequentando a missa pelo menos uma vez por mês.

Em seu apelo às autoridades da Igreja na quarta-feira (16) para remover o registro oficial de batismo, os 524 requerentes criticaram não apenas as declarações do papa na Bélgica, mas também uma “reação morna à violência cometida por clérigos próximos ao papa” contra crianças e mulheres. Os líderes desse protesto também dizem que houve uma falta de medidas concretas para apoiar e compensar essas vítimas.

No entanto, em suas aparições públicas na Bélgica, o papa Francisco repetidamente falou sobre alegações de abuso, pediu perdão e instruiu a Conferência Episcopal Belga a tomar medidas mais duras. Ele também se encontrou com 15 representantes do círculo de vítimas de abuso para uma discussão pessoal.

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