17 de dezembro de 2024 Doar
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“Eles não queimaram a nossa fé”, dizem cristãos sobre massacre que matou 150 pessoas em Burkina Faso

A cruz é uma presença constante na vida quotidiana dos cristãos em Burkina Faso. | ACN

Mais de 150 pessoas, incluindo muitos cristãos, foram mortas por terroristas islâmicos no Burkina Faso, país da África ocidental, disseram fontes locais à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

Em 6 de outubro, aconteceu um ataque terrorista na cidade de Manni, no leste do país africano. Há vários meses os insurgentes aumentam a sua brutalidade e a sua determinação em espalhar o terror, o que lhes permite controlar cerca da metade do território do país.

Apesar do massacre, que os cristãos locais descrevem como “mais do que horrível”, a comunidade de cristãos diz sem hesitação que “embora os terroristas tenham queimado tudo, eles não queimaram a nossa fé”.

Fontes locais disseram à ACN que os terroristas primeiro cortaram todas as comunicações telefônicas antes de atacarem um mercado, onde muitas pessoas se reuniam depois de assistir à missa dominical. Depois dispararam indiscriminadamente, saquearam lojas e incendiaram vários edifícios, queimando vivas algumas vítimas.

No dia seguinte, os terroristas atacaram uma equipe médica e mataram feridos que eram tratados. Em 8 de outubro, tomaram a cidade novamente, desta vez matando todos os homens que encontraram.

A ACN diz que muitas das vítimas eram pessoas de outras cidades, deslocadas pelos mesmos ataques e encontraram refúgio em Manni. No final do mês passado, um padre do departamento de Rollo disse à fundação pontifícia que receberam 2 mil pessoas, católicos e muçulmanos, deslocadas pelo terrorismo islâmico desde 8 de maio de 2023.

“Quando chegam, os extremistas matam toda a população ou, depois de matarem várias pessoas ao acaso para mostrar que são perversos, obrigam as pessoas a abandonarem as suas casas antes do anoitecer”, disse o padre André Poré.

Em 9 de outubro, o bispo de Fada N'Gourma, dom Pierre Claver Malgo, enviou uma mensagem aos padres, consagrados e leigos da sua jurisdição, em que qualificou os ataques como “bárbaros” e expressou a sua “sincera compaixão a todas as famílias enlutadas”.

O bispo disse que “qualquer ameaça à dignidade do homem e à sua vida deve tocar o próprio coração da Igreja” e falou sobre a importância de não perder a esperança “num amanhã melhor”.

Segundo a ACN, Burkina Faso tem o nível mais elevado de violência extremista em toda a região do Sahel, ao sul do deserto do Saara, o que se reflete em ataques como os de Manni e Barsalogho, no final de agosto, em que se estima que pelo menos 400 pessoas foram mortas por terroristas.

No entanto, a Igreja permanece firme na promoção da paz e da fraternidade entre cristãos e muçulmanos, como diz o padre Poré, pároco de Santa Teresa do Menino Jesus, em Rollo. “Estamos unidos e atualmente celebramos muitos mais encontros inter-religiosos. Ao distribuir ajuda às pessoas deslocadas, a paróquia não faz distinções entre grupos religiosos, e isso impressionou os muçulmanos e fortaleceu os nossos laços”.

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