Oct 22, 2024 / 15:44 pm
Um novo relatório fala sobre a repressão enfrentada por dez bispos na China que resistiram à tentativa do Partido Comunista Chinês (PCCh) de controlar questões religiosas desde que a Santa Sé assinou um acordo com a China sobre a nomeação de bispos em 2018.
O relatório, escrito por Nina Shea para a organização conservadora Hudson Institute, documenta as experiências angustiantes de bispos aprovados pela Santa Sé que foram detidos sem o devido processo, vigilância, investigações policiais e banimentos de suas dioceses por se recusarem a se submeter à Associação Católica Patriótica Chinesa (CPCA, na sigla em inglês), um grupo administrado pelo Estado e controlado pelo Departamento de Trabalho da Frente Unida do PCCh.
“Esse relatório mostra que a repressão religiosa à Igreja Católica na China se intensificou desde o acordo da Santa Sé com a China de 2018 sobre a nomeação de bispos”, disse Shea.
“Pequim atacou esses dez bispos depois que eles se opuseram à Associação Católica Patriótica Chinesa, que exige que seus membros jurem independência da Santa Sé”, disse ela.
O Hudson Institute publicou o relatório dias antes do esperado anúncio da Santa Sé sobre se o acordo provisório com a China sobre a nomeação de bispos seria renovado.
O acordo provisório foi assinado pela primeira vez em 2018 e depois foi renovado em 2020 e 2022. Hoje (22), a Santa Sé anunciou que renovou o acordo por mais quatro anos.
O relatório também fala sobre medidas que formuladores de políticas dos EUA podem tomar para defender a libertação de bispos detidos na China.
A seguir, informações sobre os dez bispos chineses apresentados no relatório:
Dom Vincent Guo Xijin
O bispo de Mindong, Fujian, dom Vincent Guo Xijin, de 66 anos, foi preso várias vezes ao longo de 30 anos, incluindo em 2019, quando foi colocado sob vigilância de dois guardas e submetido a "táticas de persuasão" coercitivas.
Depois da assinatura do acordo entre a Santa Sé e a China em 2018, dom Xijin foi convidado a renunciar ao cargo de bispo principal de Mindong para permitir que o bispo nomeado pelo governo, Zhan Silu, tomasse seu lugar. Embora Guo tenha concordado em servir como bispo auxiliar, ele continuou a enfrentar pressão implacável para se registrar na Associação Católica Patriótica Chinesa, teve a eletricidade e a água de sua residência cortadas e foi despejado em janeiro de 2020. Ele renunciou em outubro de 2020 aos 62 anos.
Dom Augustine Cui Tai
O bispo de Xuanhua, na província de Hebei, dom Augustine Cui Tai, foi submetido a várias detenções, prisão domiciliar e trabalhos forçados nos últimos 31 anos. Ele foi detido quatro vezes desde que o acordo da Santa Sé com a China foi assinado em 2018 e não foi visto desde que foi levado sob custódia policial em abril de 2021. Sua diocese pediu várias vezes sua libertação, mas sem sucesso.
Dom Julius Jia Zhiguo
O bispo de Zhengding, dom Julius Jia Zhiguo, de 90 anos, tem uma longa história de perseguição e foi detido várias vezes desde 1963. Sua detenção mais recente começou em agosto de 2020, quando o acordo da Santa Sé com a China estava prestes a ser renovado pela primeira vez. Seu "crime" foi ter permitido em sua igreja o canto de hinos sem permissão do governo, segundo o relatório. Dom Jia permanece detido desde 2020 e o governo chinês reconheceu que ele sofre de uma doença amplamente desenvolvida a partir de seus tempos de detenção. A polícia também desmantelou o orfanato para crianças deficientes que o bispo manteve com a ajuda de freiras por mais de 30 anos.
Dom Thaddeus Ma Daqin
Depois de declarar publicamente sua recusa em cooperar com a CPCA em sua ordenação episcopal em 2012, o bispo de Xangai, dom Thaddeus Ma Daqin, de 56 anos, foi detido e isolado em um seminário e ficou em prisão domiciliar desde então, sob constante vigilância, restrições e detenção. O acordo da Santa Sé com a China não melhorou sua situação.
Dom Peter Shao Zhumin
O bispo de Wenzhou, dom Peter Shao Zhumin, de 61 anos, foi preso pelo menos seis vezes desde que o acordo foi assinado em 2018. Sua detenção mais recente aconteceu em janeiro deste ano sem o devido processo, e ele continua preso. As autoridades o pressionaram repetidamente para se unir à CPCA, mas ele recusou de forma consistente.
Dom Melchior Shi Hongzhen
O bispo de Tianjin, dom Melchior Shi Hongzhen, de 95 anos, está em prisão domiciliar há mais de 15 anos. Ele está confinado no complexo de sua igreja paroquial e ocasionalmente tem permissão para sair para fazer deveres religiosos. Este ano, a Santa Sé disse que a China o reconheceu oficialmente como bispo, embora sua idade e restrições contínuas agora dificultem cumprir seu ministério.
Dom James Su Zhimin
O bispo de Baoding, dom James Su Zhimin, de 92 anos, está em detenção secreta contínua há mais de 27 anos, tendo sido preso em 1997 enquanto liderava uma procissão religiosa para um santuário mariano. Sua localização permanece desconhecida, e ele é um dos líderes católicos detidos há mais tempo na China. O sobrinho do bispo disse à agência de notícias católica UCA News em 2020 que "teme-se que o bispo Su não esteja mais vivo".
Dom Joseph Xing Wenzhi
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O bispo de Xangai, dom Joseph Xing Wenzhi, de 61 anos, desapareceu em circunstâncias misteriosas em 2011. O PCCh disse que ele renunciou ao cargo, mas não deu nenhuma informação adicional. A Santa Sé disse ter esperança por uma resolução para o caso, o destino do bispo permanece incerto.
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun
Um crítico vocal do PCCh, o bispo emérito de Hong Kong, dom Joseph cardeal Zen Ze-kiun, de 92 anos, enfrenta pressão contínua desde a imposição da lei de segurança nacional pela China em Hong Kong. Ele foi preso em 2022 sob acusações de "conluio com forças estrangeiras" e foi libertado sob fiança horas depois. O cardeal Zen foi condenado por não registrar um fundo que ajudou a pagar as taxas legais e tratamentos médicos de manifestantes pró-democracia de Hong Kong e foi forçado a pagar uma multa.
Dom Joseph Zhang Weizhu
O bispo de Xinxiang, dom Joseph Zhang Weizhu, de 66 anos, foi impedido de entrar em sua diocese por muito tempo e foi preso em maio de 2021, enquanto se recuperava de uma cirurgia contra o câncer. Ele continua detido sem julgamento. As autoridades também invadiram e fecharam seu seminário, rotulando-o como ilegal. Em março do ano passado, a Asia News, agência de notícias católica da Ásia, confirmou que o bispo permanecia detido pela polícia local.
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