16 de dezembro de 2024 Doar
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O diaconato feminino ainda será estudado, diz cardeal Fernández

O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, o cardeal Victor Manuel Fernández, em entrevista coletiva sobre a declaração Dignitas infinita, documento da Santa Sé sobre a dignidade humana, em 8 de abril de 2024. | Daniel Ibáñez/ACI Digital

O cardeal Víctor Fernández, prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé (DDF), disse que o diaconato feminino será objeto de estudo mais aprofundado, impulsionado pelas propostas enviadas à comissão designada para esse trabalho. O cardeal disse também que essa questão, embora o papa Francisco a considere não “madura”, não é uma “questão encerrada”.

Aprofundar as diferenças entre ordem sagrada e poder, para confiar aos leigos funções de liderança na Igreja, é, para o cardeal o objetivo do trabalho do grupo que lidera no Sínodo da Sinodalidade para refletir sobre o papel da mulher na Igreja, a pedido do papa Francisco.

O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé disse isso em um encontro ontem (24) à tarde com quase cem membros, convidados e especialistas participantes do sínodo para ouvir suas perguntas e propostas relacionadas ao trabalho do grupo cinco.

A reunião foi convocada por iniciativa do cardeal Fernández depois da indignação de alguns membros devido à sua ausência numa reunião marcada para a semana passada.

Segundo os relatos e o áudio divulgado depois do encontro , o cardeal disse que a maioria das mulheres quer “ser ouvida e valorizada”, pede para “ter autoridade” e poder desenvolver os seus carismas sem pedir especificamente o diaconato feminino, já que não querem ser “clericalizadas”.

“Penso nas teólogas que em alguns lugares do mundo não têm possibilidade de desenvolvimento ou liberdade real para o trabalho teológico (...) nas mulheres que têm dons para liderar comunidades (...) ou nas mulheres que têm grande capacidade de aconselhar como os melhores consultores ou diretores espirituais, mas não são aceitas porque não têm ordem sagrada”, disse Fernández.

O cardeal também falou sobre a possibilidade desse tema ser o tema principal do próximo sínodo.

“Não sei quais são os procedimentos para propor os próximos temas, não é minha função, mas talvez esse seja um dos temas propostos” no final deste sínodo, disse o prefeito do DDF.

O cardeal disse também que “a experiência da Amazônia” é “muito importante” para esse estudo pela existência, “de uma experiência de comunidades lideradas por mulheres sem sacerdote”.

“Essa experiência é muito importante para nós e já consultamos algumas mulheres” que pertencem “a grupos leigos que visitam constantemente as comunidades”, disse dom Fernández.

A ideia dos ministérios, disse o cardeal, “não é uma decisão do bispo que escolhe um amigo para um cargo importante, mas sim uma necessidade na comunidade e há em algumas pessoas um dom que responde a essa necessidade”.

“Devemos ter cuidado com isso para não criar uma estrutura que, em última análise, permaneça dependente da autoridade”, disse dom Fernández.

Assim, o prefeito do DDF disse ser possível “ter um consenso significativo” sobre os papéis de liderança das mulheres na Igreja, ao mesmo tempo que disse que serão dados passos “muito concretos” sobre isso.

“Se no passado as mulheres pregaram na celebração da Eucaristia ou exerceram o poder sem terem sido ordenadas diaconisas, isso conta menos?”

Com o objetivo de fazer uma consulta mais aberta ao seguir um “estilo sinodal”, o cardeal argentino renovou o convite para enviar contribuições e propostas ao dicastério da Santa Sé.

“Sinceramente, precisamos receber ideias e propostas porque tentamos interpretar as necessidades e possibilidades que as mulheres vislumbram, mas eu não estou na carne delas, não. Portanto, precisamos compreender onde podemos ir nesses caminhos concretos de empoderamento das mulheres.”

Para isso, o cardeal disse ser “realmente necessária a ajuda de propostas concretas com as quais possamos dar verdadeiros passos em frente”.

“O que ouvi hoje me pareceu muito interessante e abriu um pouco minha mente para outras ideias”, disse dom Fernández.

“Não sou conhecido na Igreja por ser um medieval de mente fechada, sou? Então podem ter certeza que estou com o coração aberto para ver aonde o Espírito Santo nos leva e vamos seguir em frente”, disse o cardeal.

O diaconato feminino será estudado “com mais força”

Embora o diaconato feminino tenha sido afastado dos debates centrais do sínodo, o cardeal disse que os que “estão convencidos de que é necessário aprofundar” essa questão, possam também enviar as suas considerações à comissão liderada pelo arcebispo emérito de L'Aquila, Itália, dom Giuseppe cardeal Petrocchi para aprofundar-se no assunto.

Dom Fernández disse que esse órgão, criado pelo papa Francisco em 2020, vai retomar seu trabalho ainda com “mais força”, impulsionado pelas propostas enviadas pelos membros da assembleia sinodal e de outras partes do mundo.

Sobre a posição do papa Francisco sobre a questão do diaconato, que o cardeal Fernández disse “não ser madura”, o prefeito do DDF disse que isso não significa que Francisco deseje “encerrar a questão”.

Essa reflexão vai também continuar, segundo o cardeal, porque “as conclusões do trabalho da comissão não são unívocas e há historiadores segundo os quais no passado houve casos de mulheres ordenadas diaconisas”, enquanto outros historiadores dizem, no entanto, que foi “uma bênção e não uma verdadeira ordenação”.

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