4 de dezembro de 2024 Doar
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Documento final do Sínodo da Sinodalidade: o que se deve saber

Foto dos participantes no Sínodo da Sinodalidade hoje (26) | Vatican Media

O resultado do processo sinodal que começou em 2021 e foi debatido em Roma durante dois anos seguidos concretizou-se em um documento cujas propostas marcarão o futuro da Igreja.

O papa Francisco disse hoje (26), que aprova o documento na íntegra e, ao contrário da prática comum, não vai publicar uma exortação apostólica, o que significa que o texto já é considerado parte do Magistério da Igreja Católica.

Os 355 membros do Sínodo votaram por voto secreto em cada parágrafo das 54 páginas do documento, em que se refletem as conclusões sobre questões como o papel da mulher, a descentralização da autoridade da Igreja e uma maior participação dos leigos na tomada de decisões.

O esboço deste documento recebeu um total de 1.135 alterações (950 coletivas e 185 individuais). Em termos de diferenças com o relatório de síntese da assembleia de 2023, o documento final de 2024 apresenta propostas mais desenvolvidas e recomendações estruturais mais claras.

O deste ano é um relatório mais concreto, com menos perguntas e propostas mais específicas divididas em cinco partes: O coração da sinodalidade ( o chamado do Espírito Santo à conversão); Juntos, na barca de Pedro (a conversão das relações); Sobre a tua Palavra (a conversão dos processos); Uma pesca abundante (a conversão dos laços) e “Eu também te envio” (a formação de discípulos missionários).

Principais mudanças estruturais

Entre as mudanças estruturais fundamentais propostas, destacam-se os conselhos pastorais a nível paroquial e diocesano. O documento propõe “assembleias eclesiais regulares a todos os níveis”, procurando também “não limitar a consulta dentro da Igreja Católica, mas abrir-se à escuta das contribuições das outras Igrejas”.

Os membros do Sínodo exigem também novos processos de avaliação da liderança da Igreja. O documento faz referência a uma “autoridade sinodal”, propondo um equilíbrio com a autoridade episcopal, à qual se referem como “irrenunciável”, mas “não incondicional”.

Neste sentido, propõe uma revisão das normas canônicas “em chave sinodal, que esclareça tanto a distinção como a articulação entre consultivo e deliberativo, e ilumine as responsabilidades de quem participa dos processos de tomada de decisões em suas diversas funções"”, lê-se no parágrafo 92.

Indica também a necessidade de estabelecer requisitos de prestação de contas financeiras, medidas de prevenção e resposta ao abuso, bem como mecanismos de relatórios regulares e maiores requisitos de transparência.

O documento reitera a unidade na diversidade proposta desde o início do Sínodo, sugere uma relação contínua entre as Igrejas Orientais e Latina e iniciativas ecumênicas e provisões para a adaptação cultural de cada contexto.

O documento considera também uma revisão global da formação nos seminários, assim como uma integração dos princípios pastorais.

O papel das mulheres na Igreja

A respeito do papel das mulheres na Igreja, o documento propõe um estudo contínuo do ministério diaconal, assim como um aumento dos papéis de liderança, a participação na formação do clero e uma maior voz nos processos de tomada de decisões.

O parágrafo 60, em particular, afirma que “não há razões para impedir que as mulheres assumam papéis de liderança na Igreja: não se pode impedir o que vem do Espírito Santo”. A este respeito, afirmam que “a questão do acesso das mulheres ao ministério diaconal também continua em aberto” e que “é necessário continuar a discernir a este respeito”.

Maior responsabilidade dos leigos

Os leigos assumem um papel essencial no documento final. Os membros votaram a favor de uma maior presença nas assembleias sinodais, “nos processos de discernimento eclesial e em todas as fases da tomada de decisões”.

Eles pedem também novos processos de avaliação e de seleção dos bispos, uma maior participação dos leigos em cargos de responsabilidade nas dioceses, bem como uma maior presença nos processos canônicos.

Sobre as questões mais polêmicas, destaca-se a procura de um equilíbrio entre a tradição e as necessidades pastorais, assim como o papel da consulta de especialistas.

Embora o Sínodo da Sinodalidade tenha terminado hoje e o papa Francisco considere “concluído o caminho sinodal”, há ainda pela frente uma etapa crucial, centrada na implementação das medidas acordadas para fazer da sinodalidade "uma dimensão constitutiva da Igreja”.

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