22 de dezembro de 2024 Doar
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A Igreja reconhece danos causados ​​por abuso, mas “o celibato não é a causa”, diz cardeal

O cardeal Seán Patrick O'Malley apresenta o primeiro relatório anual sobre esforços da Igreja para proteção contra abusos da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores em entrevista coletiva ontem (29) no Vaticano. | TIZIANA FABI/AFP via Getty Images

O arcebispo emérito de Boston, EUA, dom Seán cardeal O’Malley, presidente da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, disse que “o celibato não é a causa da pedofilia”, mas falou sobre a necessidade de mais reformas dentro da Igreja para adotar uma abordagem centrada nas vítimas para melhor proteger as crianças.

Depois da publicação ontem (29) do primeiro relatório anual sobre esforços da Igreja para proteção contra abusos da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, o cardeal O’Malley disse que “nunca viu nenhum estudo sério que indicasse que o celibato e o abuso sexual estão relacionados".

“Sim, estamos cientes do dano incrível que [a pedofilia] causou à credibilidade da Igreja e à nossa capacidade de ter uma voz profética na sociedade”, disse ontem o cardeal em resposta à pergunta de um jornalista sobre uma potencial “ligação entre celibato e abuso sexual”.

“E isso só ressalta a urgência da Igreja em se reformar para que possamos continuar a missão de Cristo e ser um sinal de seu amor. E o reino de Deus é sobre justiça e verdade, e esses são os valores centrais dos quais estamos falando aqui”, disse dom O’Malley.

Maud de Boer-Buquicchio, jurista e defensora internacional dos direitos das crianças que foi nomeada pelo papa Francisco como membro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores em 2022, disse também não ver nenhuma relação entre o celibato e o abuso sexual contra crianças.

“Não vejo nenhuma relação”, disse. “Relacionamento sexual com crianças é crime e quem comete isso tem um problema, que está relacionado ao seu estado psicológico”.

“Não há exceção para isso, não há nenhuma desculpa para esse crime. As crianças devem ser respeitadas em sua integridade — física e moral. Então, celibatário ou não, não importa. As crianças devem ser protegidas”, disse a jurista.

Dom O'Malley disse que o objetivo da comissão pontifícia, que ele lidera desde que foi criada em 2014, é "fazer todo o possível" para lidar com a falta de justiça e reconhecimento das pessoas na Igreja.

“Seu sofrimento e suas feridas abriram nossos olhos para o fato de que — como Igreja — falhamos em cuidar das vítimas, não os defendemos e resistimos a entendê-los quando mais precisavam de nós”, disse o cardeal.

“Esperamos que esse relatório — e os que virão — compilados com a ajuda das vítimas e sobreviventes no centro, ajudem a garantir o firme compromisso de que esses eventos nunca mais aconteçam na Igreja”.

Segundo dom O'Malley, o relatório anual de proteção — que descreve as políticas e procedimentos da Santa Sé para a proteção de menores contra abusos — tem como objetivo complementar o papel de defesa da comissão e apoiar o trabalho do Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé (DDF).

“O trabalho da DDF é tão central na administração da justiça na área de abuso sexual, e nossa tarefa é tentar trazer uma dimensão pastoral a isso e à voz das vítimas”, disse o cardeal.

A Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores comemora seu décimo aniversário este ano. Agora, é uma instituição permanente dentro da Santa Sé, encarregada de acompanhar e auxiliar os ministérios de proteção contra abusos das Igrejas locais por meio de formação e treinamento.

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