Oct 31, 2024 / 14:21 pm
Teólogos e outras pessoas envolvidas no encontro do Sínodo da Sinodalidade deste mês se reuniram esta semana para dar suas opiniões especializadas sobre o processo sinodal à medida que ele avança para a fase de “recepção” ou implementação.
O congresso acadêmico “Do Concílio ao Sínodo: relendo a jornada de uma Igreja, 60 anos depois da Lumen Gentium (1964–2024)” foi organizado pela Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma entre segunda-feira (28) e ontem (30).
“Ainda estamos neste processo sinodal e, com a aprovação do documento final, de fato, abre-se a terceira fase do sínodo, que é a da recepção”, disse o padre Dario Vitali, professor de teologia e coordenador teológico das assembleias do Sínodo da Sinodalidade.
“Serão as Igrejas, acima de tudo, que farão o trabalho [de implementação], mas também torna-se importante ter um evento como este, no qual especialistas teológicos e canonistas que participaram das sessões sinodais podem dar sua reflexão depois de terem servido na assembleia, uma reflexão baseada em expertise”, disse o padre Vitali na abertura do evento na segunda-feira.
O congresso, que aconteceu imediatamente depois da reunião de um mês da segunda sessão do Sínodo da Sinodalidade no Vaticano, contou com a presença de muitos especialistas que se apresentaram em quatro fóruns teológicos na assembleia sinodal.
Entre eles estavam teólogos como o padre Gilles Routhier, o padre Carlos Galli, o arcebispo de Turim, Itália, dom Roberto Repole, futuro cardeal; o acadêmico leigo alemão Thomas Söding, assessor do sínodo, e canonistas como a leiga holandesa Myriam Wijlens e o padre José San José Prisco.
A liderança do sínodo também participou do evento acadêmico de três dias, incluindo o secretário-geral do sínodo, cardeal Mario Grech, e o padre jesuíta Giacomo Costa e o padre Riccardo Battochio, secretários especiais do sínodo.
“É urgente promover o diálogo entre pastores e os envolvidos na pesquisa teológica”, disse o cardeal Grech na segunda-feira (28).
“Poderíamos dizer que para algo que se fecha, há algo mais que se abre”, disse o cardeal Grech. “O documento final que é o fruto maduro do consenso alcançado é agora devolvido ao povo santo de Deus, porque há circularidade entre a Igreja universal e as Igrejas locais”.
“A fase da celebração termina e a fase da recepção começa”, disse o cardeal Grech.
No segundo dia da conferência, que se concentrou no tema da sinodalidade e do papel do bispo, o padre e teólogo canadense Gilles Routhier falou sobre como “as conferências episcopais não são simplesmente um agrupamento de hierarcas”, ou seja, bispos, “mas expressam a 'communio ecclesiarum'”, a comunhão das Igrejas.
Wijlens disse em sua apresentação que, “com esse sínodo, o papa Francisco convida todos a entrar em um processo de reconfiguração dos princípios ativos da Igreja”, e “o povo de Deus entrou nesse novo caminho”, que representa uma “Igreja em movimento onde as normas canônicas devem prever a implementação desse caminho e não sufocá-lo”.
O terceiro dia da conferência teve como tema “A Igreja e suas instituições: uma reinterpretação de uma perspectiva sinodal”.
O cardeal Grech falou sobre as conexões entre o concílio Vaticano II e o Sínodo da Sinodalidade e disse estar feliz que o papa Francisco escolheu aprovar o documento final do sínodo, ao permitir que ele participasse “do magistério ordinário do sucessor de Pedro”.
“Parece-me que posso dizer que o Vaticano II foi o modelo inspirador, o horizonte certo para o caminho percorrido até hoje, uma espécie de bússola para orientar o caminho da Igreja, o nosso caminho”, disse o cardeal Grech.
“Não é descabido”, disse o cardeal, “falar do sínodo como um momento de recepção madura, ou pelo menos mais madura, do concílio”.
“Pode-se dizer que o documento final repropõe a doutrina eclesiológica do concílio. De fato, percebe-se aqui um avanço em linha com o concílio, mas que avança significativamente a doutrina do concílio”, disse o cardeal Grech.
“Mas o documento final não apenas assume o concílio: ele o repensa, o traduz, o incorpora em processos”, disse o cardeal. “Como no caso da terceira parte, dedicada à conversão de processos, aqui a participação em processos decisórios é um assunto que o concílio não pretendia tocar”.
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