5 de dezembro de 2024 Doar
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Santa Sé começa este mês inquérito sobre a canonização do padre Arrupe, mentor do papa Francisco

Papa Francisco reza perto do túmulo do padre jesuíta Pedro Arrupe, superior-geral da companhia de jesus de 1965 a 1981, em missa na igreja jesuíta do Santíssimo Nome de Jesus, conhecida como “Gesú” em Roma em 12 de março de 2022, no 400º aniversário da canonização de santo Inácio de Loyola, o fundador da sociedade. | Vatican Media/Abaca/Sipa USA/Sipa via AP Images

Uma investigação sobre a potencial santidade do padre jesuíta Pedro Arrupe, mentor do papa Francisco, terá sua fase diocesana concluída este mês, depois da qual a Santa Sé poderá começar a considerar os próximos passos para sua possível beatificação.

O tribunal diocesano vai concluir seu inquérito sobre a vida, virtudes e santidade de Pedro Arrupe com uma cerimônia em 14 de novembro no palácio de Latrão, em Roma, disse a Santa Sé ontem (31).

O vigário-geral da diocese de Roma, o futuro cardeal Baldassare Reina, vai celebrar a cerimônia com a presença de membros do tribunal diocesano.

A cerimônia vai ocorrer no dia que seria o 117º aniversário do padre Arrupe.

Assim que a fase diocesana for concluída, as conclusões do tribunal podem ser consideradas pelo dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé. Depois de analisar as conclusões, o dicastério vai investigar se deve declarar Arrupe um “venerável” —título que o papa pode dar a ele se for descoberto que ele viveu uma vida santa e virtuosa.

Se Arrupe for declarado “venerável”, o próximo passo seria a beatificação, que lhe daria o título de “beato”. Isso requer que pelo menos um milagre seja atribuído à sua intercessão. Para que ele seja canonizado como um “santo”, um segundo milagre deve ser confirmado.

Justiça social

O servo de Deus padre Pedro Arrupe Gondra foi o 28º superior geral da companhia de Jesus, também conhecida como jesuítas, de 1965 a 1983. Na década de 1970, ele enfatizou a justiça social como um dos principais pontos focais do trabalho apostólico dos jesuítas, uma mudança que foi abraçada por alguns e recebeu protestos de outros na época.

O papa Francisco, que foi ordenado padre jesuíta em 1969, abraçou o foco na justiça social sob a liderança de Arrupe. O biógrafo do papa, Austen Ivereigh, descreveu Arrupe como “uma espécie de modelo para o papa Francisco”.

Em uma foto de arquivo sem data, o então padre Jorge Mario Bergoglio (à esquerda) celebra uma missa com o superior-geral dos jesuítas, Pedro Arrupe. Cúria Geral dos Jesuítas via Getty Images

Ivereigh disse que o então padre Bergoglio “tinha um relacionamento muito bom e próximo [com ele], e Bergoglio o via como um pai espiritual; ele o admirava enormemente e se inspirava nele”.

Em 1973, Arrupe nomeou Bergoglio como provincial jesuíta da Argentina.

O papa Francisco falou sobre sua admiração por Arrupe. Em setembro, o papa disse aos jesuítas em Singapura que eles deveriam “sempre enfrentar os desafios colocados pela sociedade com um espírito de oração seguindo o modelo do padre Pedro Arrupe”, segundo Vatican News, serviço oficial de informações da Santa Sé.

Arrupe nasceu no país basco, na Espanha, em 1907, e entrou para o noviciado jesuíta em 1927 depois de concluir os estudos médicos em Madri. Depois de sua formação, a ordem o enviou ao Japão para trabalhar como missionário. Ele se tornou mestre de noviços em 1942 enquanto estava no Japão.

Seu trabalho missionário no Japão coincidiu com a Segunda Guerra Mundial. Quando os EUA lançaram uma bomba atômica em Hiroshima em 1945, Arrupe morava perto da cidade. A bomba devastou a cidade, matando mais de 100 mil pessoas e ferindo dezenas de milhares.

Para ajudar a população, Arrupe ajudou a transformar o noviciado em um hospital de campanha e usou seu treinamento médico para ajudar pessoas feridas.

Arrupe se tornou superior-geral da companhia de Jesus em 1965 e supervisionou os jesuítas nas reformas do Concílio Vaticano II, concluídas em dezembro do mesmo ano.

Na 32ª congregação geral dos jesuítas de 1974 a 1975, ele apoiou uma série de decretos que reformaram os jesuítas, um dos quais se concentrou na promoção da justiça social e foi intitulado “Nossa missão hoje: o serviço da fé e a promoção da justiça”.

Ele fundou o serviço jesuíta aos refugiados em 1980, que continua a prestar serviços aos refugiados.

A liderança de Arrupe não foi isenta de controvérsias. Em 1973, o papa são Paulo VI alertou Arrupe sobre a experimentação nos jesuítas. Em 1979, o papa são João Paulo II disse que a liderança jesuíta estava “causando confusão entre o povo cristão e ansiedades à Igreja e também pessoalmente ao papa”.

O papa criticou especificamente “tendências secularizantes” e “não ortodoxia doutrinária” dentro dos jesuítas. Arrupe posteriormente repreendeu alguns dos padres sobre os quais o papa são João Paulo II tinha preocupações.

Arrupe sofreu um ataque cardíaco em 1981 e deixou seu papel como superior geral em 1983, depois de desenvolver paralisia e perda da fala devido ao ataque cardíaco. Ele morreu em 1991.

A causa da santidade de Arrupe começou em fevereiro de 2019.

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