5 de dezembro de 2024 Doar
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Santa Sé aprova adaptações litúrgicas para comunidades indígenas no México

Celebração litúrgica no México. Imagem referencial. | San Cristóbal de las Casas

A Santa Sé aprovou adaptações litúrgicas para comunidades indígenas do Estado de Chiapas, no México. Segundo o bispo emérito de San Cristóbal de las Casas, dom Felipe cardeal Arizmendi Esquível, essa decisão transforma certas expressões indígenas em “liturgia da Igreja” e elimina a percepção de que eram simples “usos e costumes vistos com desconfiança”.

O dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé deu a confirmatio (confirmação) em 8 de novembro, ao apoiar as “adaptações ao Ordinário da Missa em espanhol” para as etnias Tseltal, Tsotsil, Ch’ol, Tojolabal e zoque. O dicastério também deu recognitio (reconhecimento) à tradução para o tseltal de documentos fundamentais do magistério da Igreja, como a constituição apostólica Missale Romanum e o motu proprio Mysterii paschalis.

O cardeal Arizmendi, responsável pela iniciativa da Conferência Episcopal Mexicana (CEM) de adotar essas adaptações, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que essas práticas são uma forma de “encarnação da fé em expressões típicas dessas culturas” e que sua aceitação pela Santa Sé representa um exemplo de que “se houver desvios em alguns costumes indígenas, podemos ajudá-los a alcançar a sua plenitude em Cristo e na sua Igreja”.

O cardeal disse ter esperança de que essa aprovação “encoraje o processo de promover adaptações semelhantes em outros grupos indígenas”. Por isso, convidou a CEM e agentes pastorais a “ter interesse em dar valor litúrgico a muitas expressões católicas dos nossos grupos nativos, e não vê-los como simples folclore”.

Quais são as adaptações aprovadas pela Santa Sé?

Dom Arizmendi diz que “as danças rituais foram aprovadas no ofertório, na oração dos fiéis ou nas ações de graças depois da comunhão”, ao dizer que “não são folclore, mas simples movimentos de toda a assembleia, monótonos, contemplativos, acompanhados pela música tradicional, que expressa o mesmo que o rito romano, mas em outra forma cultural”.

“Não muda o conteúdo da missa, mas sim a forma de expressá-la”, disse o cardeal.

Outro ponto aprovado é que as mulheres poderão exercer o ministério dos incensários na missa. Quando o sacerdote “impuser e abençoar o incenso”, elas vão incensar o altar, as imagens, do livro do Evangelho, os ministros e a assembleia.

“Não fazem isso com o incensário comum, mas com um incenso típico da cultura”, disse dom Arizmendi.

O cardeal disse que esse sinal “não é uma exigência feminista”, mas sim uma exigência que responde aos costumes das comunidades indígenas, nas quais “geralmente são elas que incensam nas orações tradicionais”.

Também aprovou-se que um leigo de “reconhecida relevância moral” pode liderar “certas partes da oração comunitária”.

Isso pode ser feito “no início da Missa, para iniciar a comunidade na celebração, para nomear as intenções e pedir perdão”, e “na oração dos fiéis, depois de o sacerdote fazer o convite inicial e terminar com a frase final”.

Isso também pode ocorrer “depois da comunhão como ação de graças, que o sacerdote conclui com a oração pós-comunhão”.

“Isso não significa retirar o sacerdote do seu serviço de presidente da assembleia, já que é ele quem se encarrega da celebração e quem autoriza esses momentos”, disse o cardeal.

Com isso, disse dom Arizmendi, busca-se uma forma de participação da assembleia.

“Não se altera o conteúdo do rito romano, mas sim a sua expressão cultural”, disse o cardeal.

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