22 de novembro de 2024 Doar
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Arcebispo de Nairóbi recusa doações de presidente do Quênia à Igreja

O arcebispo de Nairóbi, Quênia, dom Philip Anyolo Subira. | Arquidiocese de Nairóbi

O arcebispo de Nairóbi, Quênia, dom Philip Anyolo Subira, recusou doações que o presidente do país, William Samoei Ruto, ofereceu a uma paróquia, alegando que a Igreja não vai se comprometer por ofertas de políticos que buscam usar eventos de arrecadação de fundos da Igreja em proveito próprio.

Dom Subira disse ter recusado mais de 5 milhões de xelins quenianos (mais de R$ 244 mil) que o presidente Ruto ofereceu à igreja de Soweto no último domingo (17). A doação em dinheiro era destinada à construção de uma nova residência paroquial na igreja.

O presidente também ofereceu ao coral da paróquia e à obra missionária Pontifícia Infância Missionária 600 mil xelins quenianos (cerca de R$ 27 mil) e prometeu doar um ônibus para a paróquia, mas o arcebispo também recusou.

Dom Subira disse que as “doações políticas” à igreja de Soweto violam o Projeto de Lei de Pedidos para Arrecadação de Fundos Públicos do Quênia de 2024, que exige que os pedidos de arrecadação de fundos tenham uma autorização.

“Esses fundos serão devolvidos aos respectivos doadores”, disse o arcebispo.

Dom Subira disse que a Conferência dos Bispos Católicos do Quênia (KCCB, na sigla em inglês) tem mantido de forma consistente uma posição firme sobre a questão de políticos doarem dinheiro para igrejas, ao destacar as preocupações éticas e a necessidade de proteger a Igreja de ser usada para fins políticos.

“A Igreja Católica desencoraja fortemente o uso de eventos da igreja, como arrecadações de fundos e reuniões, como plataformas para autopromoção política”, disse o arcebispo. “Os políticos são instados a se absterem de transformar o púlpito em um palco para retórica política, pois tais ações minam a santidade dos espaços de culto”.

Dom Subira disse que a Igreja é chamada a defender sua integridade, ao recusar contribuições que possam “inadvertidamente” comprometer sua independência ou facilitar “enriquecimento injusto”.

Ao citar a carta publicada pela KCCB em 14 de novembro, chamando a atenção do governo por ignorar “questões pertinentes não resolvidas”, o arcebispo disse que “os líderes políticos são instados a demonstrar liderança ética ao abordar as questões urgentes levantadas pela KCCB”.

Dom Subira reiterou a mensagem da KCCB dizendo que os políticos devem abordar questões como disputas políticas, corrupção, políticas de interesse próprio, violações de direitos humanos e liberdade de expressão, e a “cultura da mentira".

O arcebispo também falou sobre o apelo da KCCB aos políticos quenianos para que prestassem atenção às questões que envolvem o Fundo Nacional de Seguro de Saúde e o que eles disseram ser "promessas não cumpridas, prioridades equivocadas, agendas egoístas para estender os mandatos dos líderes eleitos e impostos excessivos sobre os quenianos".

Dom Subira disse que a Igreja deve permanecer uma entidade neutra, livre de influência política, para servir efetivamente como um espaço para crescimento espiritual e orientação comunitária. O arcebispo disse que, embora os políticos sejam bem-vindos para frequentar a igreja para sua vida espiritual, eles devem fazer isso como cristãos comuns, “sem alavancar suas posições para ganho político”.

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