26 de novembro de 2024 Doar
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Morre o cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, campeão do diálogo inter-religioso, aos 72

O cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, natural de Sevilha, Espanha, serviu como prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso. | Crédito: Vatican Media.

O prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, morreu ontem (25) aos 72 anos.

O papa Francisco pediu orações pelo cardeal na manhã de ontem, dizendo a uma delegação internacional jainista no Vaticano que o cardeal estava "muito muito mal de saúde, perto da morte”.

Especialista em islã, Ayuso dedicou grande parte de sua carreira a promover o diálogo com a religião muçulmana e desempenhou um papel fundamental no "Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum" do papa Francisco, assinado em Abu Dhabi em 2019.

Ele participou das visitas históricas do papa Francisco a nações de maioria muçulmana, primeiro como secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e, depois de outubro de 2019, como prefeito do dicastério.

As visitas incluíram os Emirados Árabes Unidos e Marrocos em 2019 e, depois, como prefeito do dicastério, ao Iraque em 2021, e Cazaquistão e Bahrein em 2022. A Santa Sé disse que ele "permaneceu ativo em sua missão até que os desafios de saúde o dominaram".

Nascido em 17 de junho de 1952, em Sevilha, Espanha, Ayuso veio de uma grande e devota família católica e foi o quinto de nove filhos.

Ele estudou direito na Universidade de Sevilha, mas sentiu-se chamado à vida religiosa. Em 1973, ele se juntou aos Missionários Combonianos do Coração de Jesus, fazendo seus votos perpétuos e recebendo a ordenação sacerdotal em 1980. Foi para Roma para continuar os seus estudos eclesiásticos, obtendo uma licenciatura do Pontifício Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos (PISAI) em 1982 e depois um doutorado em teologia dogmática pela Universidade de Granada em 2000.

Ayuso foi missionário no Egito e no Sudão de 1982 a 2002. Durante esse tempo, ele serviu como pároco no Cairo e dirigiu um centro catequético na diocese de El-Obeid, Sudão. Sua carreira acadêmica floresceu quando ele ensinou islamologia em Cartum a partir de 1989 e depois no Cairo. Em 2006, ele se tornou presidente do PISAI em Roma, solidificando sua reputação como especialista em estudos islâmicos.

A experiência de Ayuso em diálogo inter-religioso levou à sua nomeação como consultor do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso em 2007. Sua carreira na Santa Sé progrediu rapidamente: em 2012, o papa Bento XVI o nomeou secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso; em 2016, o papa Francisco o nomeou arcebispo e bispo titular de Luperciana; em 2019, ele foi nomeado presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso; e em outubro do mesmo ano, o papa Francisco o nomeou cardeal.

Uma das conquistas mais significativas de Ayuso foi seu papel na retomada do diálogo com o grão-imã Ahmed el-Tayeb da Universidade Al-Azhar do Cairo.

Reconhecida como a instituição mais prestigiosa do islamismo para o aprendizado islâmico, a Al-Azhar suspendeu o diálogo com a Santa Sé em 2011, alegando que o papa Bento XVI havia feito declarações negativas sobre os muçulmanos.

A reconciliação mediada por Ayuso culminou no histórico, mas controverso "Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência", assinado em Abu Dhabi em fevereiro de 2019 pelo papa Francisco e el-Tayeb. O cardeal também representou a Santa Sé no conselho de diretores do Centro Internacional Rei Abdullah Bin Abdulaziz para o Diálogo Inter-religioso e Intercultural (KAICIID) desde sua fundação em 2012.

Em resposta aos críticos preocupados com o curso atual da Santa Sé sobre o diálogo inter-religioso e sua suposta tendência ao sincretismo, ele disse que o diálogo inter-religioso e iniciativas como o "Documento sobre a Fraternidade Humana" não se trata de fazer um "caldeirão" no qual todas as religiões são consideradas iguais, mas que todos os fiéis, aqueles que buscam a Deus e todas as pessoas de boa vontade sem uma afiliação religiosa, têm igual dignidade”.

Ele disse que a Igreja Católica sempre se envolve em diálogo inter-religioso enquanto se lembra “do valor de sua própria identidade”. Ayuso também observou que o pluralismo nas sociedades convida à reflexão sobre a própria identidade, “sem a qual o diálogo inter-religioso autêntico é impossível”.

Respondendo às críticas de que o “Documento sobre a Fraternidade Humana” poderia levar ao sincretismo, ele reiterou que cada fé retém sua própria identidade nesses diálogos e usou a metáfora de uma “rica salada mista” para descrever como diferentes religiões podem se unir enquanto mantêm suas identidades distintas.

Em 2023, o Cardeal Ayuso apoiou fortemente a Casa da Família Abraâmica, um complexo inter-religioso em Abu Dhabi projetado para promover o entendimento mútuo, a convivência pacífica e o diálogo inter-religioso entre o islamismo, o cristianismo e o judaísmo. O cardeal disse que o complexo, que foi inaugurado em 2023, era um "farol de entendimento mútuo" e que ele acreditava que poderia promover o respeito e o entendimento mútuos, ao mesmo tempo em que permitia que cada fé mantivesse sua identidade distinta. Os críticos argumentaram que a iniciativa fomentava o indiferentismo religioso e era teologicamente infundada.

O Vatican News disse em 25 de novembro que o cardeal Ayuso "incorporou a visão de fraternidade do papa Francisco", conforme descrito na encíclica Fratelli Tutti (Todos os Irmãos) de 2020, e que por meio de sua "dedicação incansável ao diálogo, ele demonstrou que a convivência pacífica entre diversas religiões é possível e necessária".

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