Dec 12, 2024 / 11:04 am
Guadalupe e Coromoto também seriam as únicas manifestações marianas da história que deixaram “imagens vivas” de Nossa Senhora: a tilma de são Juan Diego e a imagem milagrosa que apareceu na mão do cacique Coromoto, uma pequena tela de 2,5 centímetros de altura que tem impressa a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus.
Em 1531, foi fundada a diocese da Venezuela, com primeira sede na cidade de Coro, no atual Estado de Falcón. Em dezembro do mesmo ano, “a sempre Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus, por quem se vive” se revelaria ao indígena são Juan Diego.
Quase 200 anos depois, Nossa Senhora também chegaria a Coro. Em fevereiro de 1723, um grupo de indígenas Caquetío se preparava para pescar, quando encontrou um baú na beira da praia. Dentro dele havia vários objetos, entre eles uma tela enrolada, que tinha a imagem de “uma bela senhora”.
A impressão que a beleza da mulher retratada lhes causou foi tão grande que a levaram para seu assentamento, em El Carrizal, onde colocaram a imagem dentro de uma cabana. O padre Pedro de Sangronis, que atendia os indígenas, viu a tela e disse-lhes que era Nossa Senhora de Guadalupe, que apareceu no México.
O amor e a devoção pela Santíssima Mãe de Deus espalharam-se de tal forma que, em 1º de maio de 1723, dois indígenas foram batizados com os nomes de Juan Diego e Juan Bernardino. Poucos meses depois, em setembro, seria oficialmente fundado o assentamento de Valle de El Carrizal de Nuestra Señora de Guadalupe.
Ali foi construída uma capela onde a imagem de Nossa Senhora foi entronizada no altar-mor. O templo passou por várias reformas ao longo do tempo, até se tornar o santuário que é hoje. Em 1928, o papa Pio XI declarou Nossa Senhora de Guadalupe a patrona celestial da diocese, hoje arquidiocese, de Coro.
Em 1994, a capela de El Carrizal foi elevada a santuário diocesano e em 2008, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) declarou-a santuário mariano nacional da Venezuela. No mesmo ano, o papa Bento XVI elevou o santuário a santa basílica menor de Nossa Senhora de Guadalupe.
“A devoção de Guadalupe enraizada em El Carrizal tem um significado regional, nacional e internacional. Este ano celebramos 301 anos da milagrosa descoberta da tela”, disse o padre Arling Moreno, reitor do santuário de Guadalupe, à ACI Prensa, agência em espanhol da EWTN News.
Segundo o padre, “só o que é tocado por Deus tem a capacidade de permanecer no tempo”.
O reitor do santuário diz que a Providência quis que o baú em que a imagem chegou percorresse um longo caminho e fortes correntes marítimas para encalhar no litoral do Estado de Falcón.
Segundo o padre Moreno, esse é um verdadeiro milagre, e “os indígenas guardaram a imagem e ela ainda hoje é guardada”.
O padre diz também que há testemunhos de pessoas que estiveram presentes no único processo de restauro feito na imagem, que dizem que os rasgos na tela foram reparados de uma forma incrível e a imagem recuperou imediatamente a sua cor.
“As únicas mariofanias que deixaram evidências reais são encontradas no México e na Venezuela, isso nos diz que Deus vigia todos nós. Em 1531 a Virgem apareceu no México e talvez de lá tenha visto essa nova Igreja nascente. Nessas aparições podemos sentir o grande amor que Deus teve por nós, ao nos dar uma Mãe tão boa”, diz o padre.
O reitor da basílica de Nossa Senhora de Guadalupe de El Carrizal fala sobre a importância da mensagem de Nossa Senhora nos dois países, onde foram construídos templos em sua homenagem sempre com a aprovação dos bispos dom Juan de Zumárraga, no México, e dom Rodrigo de Bastidas, na Venezuela.
“A Virgem busca 'fazer Igreja', porque é Mãe da Igreja”, diz o reitor da basílica.
Para as celebrações do dia de Nossa Senhora de Guadalupe, o santuário de El Carrizal organiza desde 1984 a “Marcha da Fé”, um percurso de 28 km pela cidade, transportando a tela de Nossa Senhora de Guadalupe.
“É a peregrinação mais extensa que existe na Venezuela”, diz o padre Moreno.
A igreja de Nossa Senhora de Guadalupe de El Carrizal e a arquidiocese de Coro esperam mais de 40 mil peregrinos entre ontem (11) e hoje (12).
Um dia de encontro e oração, “independentemente das diferenças de qualquer espécie, para acompanhar Nossa Mãe enquanto filhos”, conclui o padre.
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