24 de dezembro de 2024 Doar
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A Igreja na Nicarágua sofreu quase mil ataques do governo em seis anos

Daniel Ortega, presidente da Nicarágua. | Crédito: Itamaraty do Equador / Flickr: CC BY-SA 2.0 DEED.

A pesquisadora e advogada Martha Patricia Molina apresentou a sexta parte de seu relatório Nicarágua: Uma Igreja Perseguida, no qual denuncia um total de 971 ataques do governo de Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma mais de 30 anos no poder, e de sua mulher e copresidente Rosario Murillo contra o Igreja no país centro-americano nos últimos seis anos.

“Nesta VI edição estão documentados 971 ataques contra a instituição religiosa. Isso é um sinal de que o ataque à liberdade religiosa se perpetua na Nicarágua”, diz o relatório de 443 páginas, divulgado em 20 de dezembro.

O novo relatório enumera os vários tipos de ataques – como perseguições, proibições, repressões de pessoas religiosas, roubos e profanações; e confiscos – perpetrados pelo governo entre abril de 2018 e dezembro de 2024.

Segundo o relatório de Molina, o ano com maior número de ataques foi 2023, com 321. O ano em que se registrou o menor número de ataques foi 2018, com 93. Este ano de 2024 fecha com 177 ataques do governo contra a Igreja.

O relatório informa, entre outras coisas, que há quatro bispos católicos que foram exilados da Nicarágua: o bispo auxiliar de Manágua, dom Silvio Báez; o bispo de Matagalpa e administrador apostólico de Estelí, dom Rolando Álvarez; o bispo de Siuna, dom Isidoro Moro; e o último, expulso em 13 de dezembro para a Guatemala, é o bispo de Jinotega, dom Carlos Enrique Herrera, presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua.

Segundo o relatório, o governo fez 11.763 proibições de atividades de piedade popular católica.

Sobre os ataques contra a Igreja, Molina disse à EWTN Noticias, telejornal em espanhol da EWTN, ontem (23) que “este ano de 2024 vimos uma ligeira diminuição em relação ao ano anterior, 177 este ano e mais de 320 em 2023, mas isso não significa que os ataques contra a Igreja, pela ditadura Ortega-Murillo, diminuíram, mas que os religiosos e leigos decidiram não denunciar”.

Isso, continua, porque “na hora de fazer denúncias, se o fazem, recebem maior repressão, e essa é a razão da diminuição” neste último ano.

A pesquisadora disse que os ataques mais comuns ultimamente têm sido “os fechamentos de organizações sem fins lucrativos, que são os projetos sociais que a Igreja Católica fazia no interior do país; também o fechamento de meios de comunicação como a Rádio Maria Nicarágua, bem como a perseguição e a vigilância permanente dos religiosos”.

Sobre os motivos da perseguição, Martha Patricia Molina disse que “o objetivo da ditadura continua sendo o mesmo, que é erradicar a fé católica do povo nicaraguense, também fazer com que a Igreja caia sob o seu próprio peso, mas definitivamente é uma instituição que existe há milhares de anos e uma ditadura não vai erradicá-la tão facilmente, embora seja verdade que com os duros golpes que estão dando enfraquecem o trabalho pastoral”.

“O que a ditadura pretende é fazer desaparecer a fé católica no país, mas obviamente não vão conseguir porque é algo que está extremamente enraizado em nós, nicaraguenses”, concluiu.

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