8 de janeiro de 2025 Doar
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Pregador do papa fala sobre sua humanidade, retorno à fé e ser especialista em Bíblia

Frade Roberto Pasolini. | Daniel Ibáñez/CNA

O frade franciscano capuchinho Roberto Pasolini se sente muito confortável ao falar em público. É basicamente seu trabalho como especialista nas Escrituras, pelo qual é chamado para dar palestras e liderar retiros pela Itália.

No fim do ano passado, ele começou uma nova aventura, que ele considera um pouco mais intimidadora: pregar para o papa, os cardeais e os servidores da Santa Sé na Quaresma e no Advento.

Em 9 de novembro do ano passado, o papa Francisco nomeou Pasolini pregador da Casa Pontifícia, sucedendo o cardeal Raniero Cantalamessa, de 90 anos, que ocupou o cargo por 44 anos.

Pasolini, de 53 anos, disse que o chamado para ser pregador do papa foi uma grande surpresa e lhe causou “muito medo”.

“O fato de Deus estar me chamando, neste momento, para ir direto ao coração da Igreja, diante do papa, dos cardeais, das pessoas que apoiam a instituição cristã, para falar palavras tão importantes e significativas, me assusta”, disse Pasolini à CNA, agência em inglês da EWTN News, em entrevista na casa geral dos capuchinhos, em Roma, no último dia 11 de dezembro.

“Por outro lado, também senti um grande alinhamento com o que já estava acontecendo [na minha vida], “porque sempre segui palavras, li textos e busquei na realidade o significado que pode dar clareza à nossa existência”, disse o frade.

Depois de receber a notícia sobre o novo cargo, Pasolini teve pouco menos de um mês antes de fazer sua primeira meditação do Advento para a Cúria Romana no último dia 6 de dezembro, a primeira de três que ele fez nas sextas-feiras de dezembro que antecederam o Natal.

“No Advento, como o chamado era muito recente, [eu estava] imediatamente tentando remexer nos meus bolsos para encontrar algumas palavras, algumas reflexões que nos últimos anos talvez eu já tivesse preparado um pouco em torno do tema da Encarnação, do Advento e do Natal”, disse o frade.

"Não vou reter minha humanidade"

A posição de pregador da Casa Pontifícia existe de forma estável desde o pontificado do papa Paulo IV por volta dos anos 1500. Em 1743, o papa Bento XIV estabeleceu que a função deveria sempre ir para um membro da ordem dos frades menores capuchinhos.

Ao seguir o longo e celebrado legado de Cantalamessa, Pasolini disse que está tentando não se comparar muito e planeja trazer sua própria contribuição, “dando catequeses que são talvez um pouco mais narrativas e mais bíblicas do que o gênero teológico que o padre Raniero usou”.

“Acho que não vou reter minha humanidade, que é a humanidade de um frade muito mais jovem que o padre Raniero, para me comunicar também por meio de uma linguagem e de uma forma de tratamento que corresponda mais às pessoas da minha idade”, disse Pasolini. “Tentarei, tanto quanto possível, ser natural, permanecer eu mesmo, e continuar a fazer o que basicamente tenho feito até agora: anunciar, com todo o meu coração, com toda a inteligência de que sou capaz, o mistério de Deus”.

Retorno à fé

Antes de ser frade ou pregador, Pasolini cresceu no norte da Itália, torcendo apaixonadamente pelo Milan, seu time de futebol.

Ele cresceu católico, mas, quando adolescente, o frade sentiu o desejo de se distanciar da fé.

“Então, tirei um tempo de Deus e passei alguns anos em que busquei o sentido da minha vida em outro lugar, fora da paróquia e do contexto da Igreja em que cresci”, disse Pasolini.

O frade descreveu aqueles anos como bons, embora difíceis: “Porque quando nos distanciamos de Deus, por um lado nos sentimos um pouco mais livres, e por outro lado descobrimos que ainda não sabemos usar bem a nossa liberdade”.

“Foram também anos de escolhas que me levaram a sofrer, a perceber a escuridão que havia dentro de mim”, disse Pasolini.

A jornada de retorno do frade à fé começou inesperadamente enquanto ele estudava ciências da informação numa universidade em Milão.

Ao viajar um dia no metrô da cidade, ele encontrou uma cópia do Evangelho de são Mateus, um brinde gratuito dentro de um jornal, e começou a lê-lo. Pouco a pouco, ele encontrou seu caminho de volta para a Igreja.

“Senti o desejo de me confessar e depois participar da Eucaristia e me envolver um pouco na minha vida paroquial, que eu tinha descartado às pressas. E esse foi o tipo de momento em que comecei a compreender novamente o mistério da fé, o mistério da Igreja, mas especialmente a beleza do Evangelho, o amor de Cristo”, disse Pasolini.

'Uma segunda vocação'

À medida que Pasolini redescobria a fé e experimentava cada vez mais o amor de Deus por ele, sentia um desejo crescente de divulgar essa beleza a outros.

Segundo o frade, foi nessa época que ele “conheceu” são Francisco de Assis por meio de seus escritos.

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“Achei seu estilo, seu modo de vida, tão bonito, tão simples, tão inspirado pelo Evangelho, que fiquei curioso e tentei ir conhecer os frades em Milão”, disse Pasolini.

“E pouco a pouco, indo para lá, senti meu desejo de viver meu batismo se concretizando ao abraçar essa forma de vida junto com outros irmãos. E então me formei, deixei tudo e entrei para o convento”.

Pasolini diz que não demorou muito depois de entrar para os capuchinhos para os superiores do frade notarem a centralidade da palavra de Deus em sua vida, seus dias, seu modo de falar, seu modo de rezar.

E assim, depois de sua formação inicial para a vida religiosa e o sacerdócio, ele foi enviado a Roma para estudar no Pontifício Instituto Bíblico.

Isso, disse o frade, foi o início de “uma segunda vocação dentro da minha primeira vocação” para ser não apenas um frade, mas também um especialista nas Sagradas Escrituras.

Em seus anos de formação bíblica, Pasolini estudou em Roma e Jerusalém e obteve o doutorado por uma tese sobre o Evangelho de são Marcos.

O frade descreveu aquele tempo como “sete anos de formação maravilhosa na palavra de Deus… que definitivamente me definiram como um frade e um estudioso bíblico, e depois como um pregador, capaz de extrair das Escrituras os recursos para proclamar o Evangelho, o reino de Deus, aos outros”.

Abordagem da pregação

Segundo Pasolini, a melhor preparação para a pregação pode e deve começar muito antes de subir ao púlpito.

“Por anos, antes de começar o ministério de pregação, adquiri o hábito de meditar na palavra de Deus todos os dias, para mim em primeiro lugar — para meu coração, para minha vida”, disse o frade.

“Esse hábito de fazer 'lectio divina', como diríamos hoje, me acostumou a ficar diante de Deus, todos os dias, como alguém que o escuta, recebe uma palavra e tenta responder a essa palavra”.

“Então, quando me tornei frade e comecei a dar homilias e catequeses, eu só contava aos outros o que Deus e eu já tínhamos dito um ao outro na oração. Claro, de uma forma um tanto organizada, porque talvez Deus e eu tenhamos dito algumas coisas um ao outro na oração que não são realmente boas para serem ditas a todo”.

“Mas … a melhor preparação para fazer uma homilia, para fazer uma catequese, é deixar a palavra de Deus tocar seu coração pessoalmente. Então, se nos permitirmos ser tocados, certamente seremos capazes de tocar os corações dos outros”, disse o frade aos padres e a outros que pregam publicamente.

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