9 de janeiro de 2025 Doar
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Mal sobrevivemos, diz bispo do Haiti sobre a situação ‘sufocante’ do país

Procissão no Haiti. | Ajuda à Igreja que Sofre

O bispo de Fort Liberté, Haiti, dom Quesnel Alphonse, descreveu a situação que o país do Caribe enfrenta, especialmente fora da capital, Porto Príncipe, como “sufocante”.

“É como se eles estivessem nos afogando. Mal se sobrevive. As coisas estão ficando mais difíceis e não sabemos o que vai acontecer”, disse dom Alphonse em entrevista divulgada ontem (8) pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), em que o bispo falou sobre esse momento difícil no país.

O Haiti está imerso numa espiral de violência desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 7 de julho de 2021. Há um vácuo de poder no país, que carece de liderança eleita legítima e sofre com o aumento da influência de grupos armados que controlam grandes áreas do território.

A violência causada pelas gangues no Haiti soma-se a uma grave crise econômica que, segundo dom Quesnel Alphonse, levou a população a uma situação extrema em que os haitianos “não são apenas pobres, mas agora vivem na miséria”.

“Isso afeta todo o país. O desespero está no auge e, quando isso acontece, tudo pode acontecer”, diz o bispo.

Situação de migração

O bispo haitiano diz que uma das principais preocupações é a situação de deslocamento e migração forçada que a crise gerou, especialmente fora de Porto Príncipe, a capital do país, em que “os habitantes rurais, não encontrando resposta às suas necessidades no campo, migraram para a capital".

Segundo o Data Commons, iniciativa do Google para explorar vários dados, o Haiti tem uma população estimada de cerca de 11 milhões de habitantes, e Porto Príncipe, a capital, tem cerca de 2,87 milhões de habitantes.

O bispo diz que Porto Príncipe não tem “infraestrutura para receber tantas pessoas”, o que gera “miséria ainda maior”.

Dom Alphonse diz que muitos haitianos migram principalmente para a República Dominicana, para as Bahamas ou para os EUA, arriscando “suas vidas no mar, em busca de melhores condições de vida”.

“No entanto, nesses países nem sempre são bem recebidos e enfrentam problemas de segregação”, diz o bispo.

O problema da imigração gerou um desafio ainda maior. Segundo dom Quesnel Alphonse, o deslocamento para outros lugares ou países “afeta as famílias, que estão separadas”.

O bispo diz que “a família, pilar fundamental, está ameaçada e isso gera instabilidade social”.

“As famílias são essenciais e essa situação afeta vários âmbitos, inclusive as vocações dos jovens”, diz o bispo.

Dom Alphonse diz que a situação tem sido aproveitada pelo islã, ao destacar que os muçulmanos “atraem os jovens pagando-lhes quase US$ 100 (R$ 610,29) para se juntarem a eles”.

“Embora o islã seja uma religião minoritária no Haiti, sua presença vem aumentando. É triste ver como esses jovens se unem por necessidade e não por convicção”, diz o bispo.

Situação de gangue

Aproveitando a falta de controle governamental e a crise socioeconômica, as gangues aumentaram o seu poder e influência no Haiti, o que dom Quesnel Alphonse diz ser “uma questão de sobrevivência".

“Na necessidade mais extrema, as pessoas estão dispostas a fazer qualquer coisa, até mesmo matar”, diz o bispo.

“E a isso se soma o fenômeno das drogas. Sob a influência das drogas, e para obtê-las, muitos jovens estão dispostos a fazer qualquer coisa. Eles perdem a humanidade e são capazes de tudo. Os jovens dos bairros mais desfavorecidos estão completamente perdidos”, diz dom Alphonse.

Esperança no Haiti

O bispo diz que o Jubileu que a Igreja vive este ano “poderá encher o Haiti de esperança” e, neste momento, pediu a colaboração dos cristãos, dizendo que “há lugares, como diz o papa Francisco, que nos convidam a comprometer-nos a oferecer esse sinal de esperança”.

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Embora a situação continue extremamente difícil, dom Quesnel Alphonse diz que “algo melhorou e alguns deslocados internos já começaram a retornar", embora tenha reconhecido que, para muitas pessoas, "vai levar tempo, muito tempo, para poder voltar a viver, para poder voltar a habitar aquela casa que foi saqueada e ocupada" por criminosos.

O bispo diz ser necessário um compromisso urgente para resolver essa crise:

“É uma crise existencial. Trata-se da pessoa como um todo: o homem haitiano, a mulher haitiana, cuja identidade está sendo questionada, e é algo que requer atenção urgente”.

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