Divisão da Igreja de 1054 ‘não é intransponível’, diz patriarca ortodoxo

Patriarca Bartolomeu de Constantinopla em audiência  com a Associação Alemã da Terra Santa Patriarca ecumênico Bartolomeu de Constantinopla em audiência na sede patriarcal em Istambul, Turquia, com a Associação Alemã da Terra Santa, 12 de março de 2025. | Martin Rothweiler/EWTN Alemanha

O patriarca ortodoxo ecumênico Bartolomeu de Constantinopla deu na última quarta-feira (12) disse que o "grande cisma" que separou a Igreja de Roma da de Constantinopla em 1054 "não são intransponíveis".

"Claro, os problemas se acumularam ao longo de mil anos. Mas estamos cheios de esperança de que eles serão resolvidos em alguns anos", enfatizou o patriarca em audiência em Istambul na última quarta-feira com um grupo de peregrinação da Associação Alemã da Terra Santa.

O chefe honorário da Igreja ortodoxa mundial fez os comentários na presença do patriarca greco-católico melquita emérito Gregório III Laham.

A peregrinação precedeu o 1.700º aniversário do concílio de Nicéia, feito em 325 d.C.

Em vez de uma ruptura repentina em 1054, data tradicional da separação entre a Igreja ortodoxa e a Igreja Católica Apostólica Romana, o patriarca Bartolomeu sugeriu que essas tensões se fortaleceram gradualmente ao longo do tempo.

Em janeiro, nas vésperas de conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, o papa Francisco destacou o tempo "providencial" da Páscoa cair na mesma data nos calendários gregoriano e juliano deste ano.

"Vamos redescobrir as raízes comuns da fé. Vamos preservar a unidade", exortou o papa.

O prefeito do Dicastério para o Serviço da Unidade dos Cristãos da Santa Sé, cardeal Kurt Koch, apoia os esforços em direção a uma data comum para a Páscoa há muito tempo. Em 2021, o cardeal Koch recebeu a sugestão de que o ano de 2025 seria o momento ideal para introduzir uma reforma do calendário, permitindo que os cristãos orientais e ocidentais celebrassem a Páscoa juntos.

"Não será fácil chegar a um acordo sobre uma data comum para a Páscoa, mas vale a pena trabalhar para isso", disse Koch na época, dizendo também que a iniciativa era "muito cara ao papa Francisco e também ao papa copta Tawadros".

Considerações sobre o calendário

O Primeiro Concílio de Nicéia, feito em 325 d.C., decidiu que a Páscoa seria celebrada no primeiro domingo depois da lua cheia depois do início da primavera, tornando a data mais próxima possível 22 de março e a última possível 25 de abril.

Hoje, os cristãos ortodoxos usam o calendário juliano para calcular a data da Páscoa em vez do calendário gregoriano, que foi introduzido em 1582 e é usado pela maior parte do mundo. O calendário juliano calcula um ano um pouco mais longo e atualmente está 13 dias atrasado em relação ao calendário gregoriano, resultando em datas diferentes para as celebrações da Páscoa na maioria dos anos.

Um possível obstáculo a um acordo universal poderia ser as tensões contínuas entre diferentes igrejas. Em 2018, a Igreja Ortodoxa Russa cortou os laços com o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla depois do patriarca Bartolomeu confirmar sua intenção de reconhecer a independência da Igreja Ortodoxa da Ucrânia.

Em reunião com a Comissão Teológica Internacional no Vaticano em novembro do ano passado, o papa Francisco confirmou  sua intenção de viajar para a Turquia em maio deste ano para marcar esse aniversário significativo.

"Pretendo ir para lá", disse Francisco, dizendo que o concílio de Nicéia "constitui uma pedra fundamental no caminho da Igreja e de toda a humanidade, porque a fé em Jesus foi formulada e professada como luz que ilumina o significado da realidade e o destino de toda a história".

No entanto, a situação de saúde do papa pode afetar a peregrinação planejada para a Turquia, já que sua internação em andamento levantou questões sobre a capacidade de Francisco de fazer a viagem.

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