26 de novembro de 2024 Doar
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O Papa chama a não permitir que a fé seja reduzida ao âmbito particular na Europa

Ao receber um grupo de parlamentares europeus do Partido Popular, que organizam em Roma as Jornadas de Estudo sobre a Europa, o Papa Bento XVI pediu que o continente europeu continue sendo fiel a suas raízes cristãs e chamou os políticos a não permitir que a fé seja reduzida ao particular e o subjetivo na Europa.

O Papa começou seu discurso aos parlamentares lembrando a atenção que os pontífices romanos dedicaram sempre à Europa, pelo que era exemplo eloqüente a audiência de hoje, "que se coloca na longa série de reuniões entre meus precursores e os movimentos políticos de inspiração cristã", disse o Papa.

O Santo Padre citou depois as complexas questões que a Europa deve enfrentar, como "a ampliação e o desenvolvimento do processo de integração européia, a definição cada vez mais exata de política de vizinhança dentro da União e o debate sobre seu modelo social", indicando que para obter esses objetivos, era importante "inspirar-se com fidelidade criativa na herança cristã que deu uma contribuição fundamental à identidade européia".

"A Europa –acrescentou o Santo Padre– será capaz de dar um rumo seguro às opções de seus cidadãos e de seus povos se valorizar suas raízes cristãs, assim reforçará sua consciência de pertencer a uma civilização comum e alimentará o compromisso de enfrentar os desafios do presente para obter um futuro melhor"

O Santo Padre manifestou sua avaliação pelo reconhecimento da herança cristã da Europa do Partido Popular Europeu, que "oferece valiosas diretrizes éticas na busca de um modelo social que responda adequadamente às exigências de uma economia globalizada, assegurando o crescimento e o emprego, a proteção da família, a igualdade de oportunidades educativas e a solicitude com os mais pobres".

Não aceitar relegar a fé

Bento XVI afirmou além disso que a apoiar a tradição cristã contribui para a derrota de uma cultura claramente difundida na Europa, que relega à esfera privada e subjetiva a manifestação das próprias convicções religiosas", e acrescentou que "as políticas apoiadas neste suposto não só implicam o rechaço do papel público do cristianismo; geralmente excluem o reconhecimento da tradição religiosa da Europa, que é tão clara, apesar de suas variações confessionais, o que entranha uma ameaça para a própria democracia, cuja força depende dos valores que promove".

O Papa afirmou que "opor-se a estes valores e ignorá-los, em vez de dialogar com eles, seria um sinal de imaturidade, quando não de debilidade. Neste contexto, é preciso reconhecer a existência de uma certa intransigência secular que é inimizade da tolerância e de uma sã concepção secular do estado e da sociedade".

"Não podemos esquecer –destacou o Pontífice–, que quando as Igrejas ou comunidades eclesiásticas intervêm no debate público, expressando reservas ou recordando uma série de princípios, isto não constitui uma forma de intolerância ou uma interferência, já que tais intervenções apontam unicamente a iluminar as consciências, para que as pessoas possam agir livremente e com responsabilidade, segundo as exigências verdadeiras da justiça, inclusive quando isto contrasta com situações de poder e de interesse pessoal".

O Papa lembrou então que o "foco principal das intervenções da Igreja Católica" se centrava na proteção e a promoção da dignidade da pessoa", e por isso exigia uma "atenção particular para os princípios que não são negociáveis: proteção da vida em todas suas etapas, o reconhecimento e a promoção da estrutura natural da família, como uma união entre um homem e uma mulher apoiada no matrimônio, defendendo a das tentativas de fazê-la juridicamente equivalente com formas radicalmente diferentes de união que a prejudicam e contribuem para sua desestabilização, obscurecendo seu caráter particular e seu insubstituível papel social, e a proteção do direito dos pais de educar seus filhos".

"Estes princípios não são verdades de fé, embora a fé os ilumine e os confirme; estão gravados na natureza humana, e portanto são comuns a toda a humanidade. A ação da Igreja em sua promoção não é portanto de caráter confessional, dirige-se a todas as pessoas, prescindindo de qualquer filiação religiosa".

O Papa se despediu dos parlamentares exortando-os a ser "testemunhas críveis e constantes destas verdades básicas em sua atividade política, e de forma ainda mais fundamental, por seu compromisso de viver de forma autêntica e coerente".

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