MADRI, May 11, 2006 / 14:52 pm
Em meio à reabertura do debate na Espanha sobre a eutanásia como resultado da recente morte de Jorge León, a pentaplégica Olga Bejano e o tetraplégico Juan Carlos Carrión reafirmaram que não têm nenhum desejo de morrer porque suas vidas são "totalmente dignas" e reclamaram da Administração a ajuda necessária "antes de promover a eutanásia".
O jornal La Razón publica o testemunho de Olga Bejano, uma pentaplégica de La Rioja que defende a plena dignidade de sua vida, apesar de seus sofrimentos. "Estou há 20 anos sem poder sair de casa. Não posso falar, ver, comer e respirar sem ajuda artificial. Mas minha vida é totalmente digna. Sofro dores crônicas, febres quase diariamente, tenho três costelas quebradas, infecções e além disso tenho que lutar contra problemas familiares, burocráticos, sociais e políticos. Acaso o senhor Zapatero acredita que sou uma ‘superwoman’?".
Apesar de ser uma convicta defensora da vida, ao ser perguntada sobre o caso de León, Bejano pede não ser manipulada "nem a favor nem contra a eutanásia, porque cada pessoa é um mundo e entendo que haja quem não queira viver".
Em seu testemunho publicado no jornal espanhol, Bejano advoga pelas ajudas e rejeita a eutanásia. "Há quem fale em morte digna, mas o que se deve fazer é oferecer ajudas", diz a mulher, revelando a insuficiência da pensão que recebe para cobrir os gastos de sua doença.
Bejano reafirma sua decisão de continuar vivendo "porque sei que se Deus permite que eu esteja assim é por alguma razão, e ficarei assim até que Ele decida". "Minha vida tem mais qualidade desde que há 5 anos comecei a receber ajuda da unidade de cuidados paliativos de La Rioja, embora sejam as experiências que tive as que me ajudam a seguir em frente", assinala.
Em relação à ajuda que reclama à Administração pública, Bejano ressalta que "se eu tivesse as ajudas necessárias, pelas quais venho lutando há vinte anos, seria a doente mais feliz do planeta".
Clamor pela vida silenciado
Outro testemunho a favor da vida e contra a eutanásia é o de Juan Carlos Carrión, um tetraplégico de Cartagena, que a seus 41 anos vive quase totalmente imobilizado. Segundo Carrión, na Espanha são milhares os tetraplégicos e pentaplégicos "que queremos viver, muitos mais do que os que querem morrer, embora estejamos silenciados pela opinião pública".
Depois de sofrer um acidente de trânsito, Carrión está na cadeira de rodas desde os 17 anos. Cheio de vitalidade, constituiu uma empresa de automóveis especiais para pessoas em sua situação e expressa que não tem vontade de morrer. "Não tenho nenhuma vontade de morrer, e não acredito que nunca venha a ter", diz.
Carrión denuncia que o caso de León "tornou a ser utilizado e manipulado por parte de certos grupos que já estão lembrando o PSOE de sua promessa eleitoral de legalizar a eutanásia".
"O tema da mal chamada ‘morte digna’ é um tapume em uma sociedade cada vez mais desumanizada, que perdeu seus princípios éticos e religiosos, que permite descartar os que são estorvo, seja um velhinho ou um doente Terminal", afirma. Isto "supõe uma contradição, porque um autêntico Governo socialista e progressista deveria procurar primeiro soluções para quem quer viver e não centrar-se só nas exigências de uns poucos que desejam morrer».
"A eutanásia não ajuda absolutamente as classes desfavorecidas, por muito que esteja envolvida em progressismo e em supostas "demandas sociais". A morte nunca é um avanço social, diga o que disserem", afirma.
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