VATICANO, Jul 14, 2006 / 15:54 pm
"O comércio livre pode só pode ser chamado de justo quando obedece as exigências da justiça social", afirma o Pontifício Conselho Justiça e Paz em um comunicado emitido hoje sobre os resultados da Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), celebrada em Doha (Qatar) em junho passado.
O texto, assinado pelo Cardeal Renato Martino e Dom Giampaolo Crepaldi, Presidente e Secretário respectivamente desse dicastério, lamenta que a reunião tenha concluído deixando em suspense as questões principais, um fato que contrasta com "a intensidade do compromisso demonstrado pelos negociadores e o pessoal da OMC, de concluir Doha com um acordo geral".
Embora o Pontifício Conselho reconheça a complexidade desse compromisso "devido à dificuldade objetiva de mediar entre tantos estados com interesses diferentes e expectativas", mas também as esperanças que encerra, pelas que manifesta sua avaliação.
Para a Santa Sé, o tema principal de Doha,"a igualdade nas relações comerciais", foi, e continua sendo, uma preocupação principal, e cita então as palavras de Paulo VI, que na Populorum progressio afirmava que "o comércio livre pode só pode ser chamado de justo quando obedece às exigências da justiça social".
O documento destaca a necessidade de retornar ao espírito que inspirou a Rodada de Doha de há cinco anos, quando se chegou a uma declaração conjunta "sobre o desenvolvimento e o alívio da pobreza e ao compromisso específico de melhorar a participação eficaz dos países menos desenvolvidos no sistema comercial multilateral".
"As semanas que os negociadores têm agora para alcançar um acordo de cara à conclusão positiva e eficaz da Rodada, são uma oportunidade única", observa o comunicado, manifestando a esperança de que a próxima reunião do G8 que se celebrará em São Petersburgo "desemboque nas decisões políticas necessárias para transformar os pontos técnicos em pontos operativos".
Para terminar, o texto precisa que "a urgência particular desta tarefa não se pode tomar levianamente, sobretudo tendo em conta as sérias repercussões das relações comerciais nos seres humanos e em sua dignidade. Por isso, nas negociações comerciais deve-se considerar sempre o impacto que estas provocam na família humana".
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