29 de novembro de 2024 Doar
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Bispo esclarece a argentinos que defesa da vida é missão humanitária, não religiosa

O Bispo de Zárate-Sino, Dom Oscar Sarlinga, precisou que no debate sobre o aborto não se pode desqualificar como “religiosa” a postura de quem defende a vida e lembrou que esta é uma missão de humanidade.

O Bispo ofereceu aos fiéis algumas considerações frente a polêmica por duas jovens incapacitadas violadas que foram submetidas a um aborto na Argentina. “O ocorrido com estas pessoas sofredoras que requerem de toda nossa empatia e compaixão, relançou com força, por assim dizer, em certa opinião pública a questão do aborto, não já com relação a uma violação, mas em geral, e em especial com vistas a sua possível legalização”, advertiu.

“Estas considerações não são parte só da doutrina e a moral católicas, mas estão integradas em um sentido comum humanista. Não se trata evidentemente de fanatismo algum nem tem a ver exclusivamente com as convicções religiosas, católicas ou não, mas é uma obrigação de consciência para todos os que acreditam no direito à vida e na dignidade do ser humano”, manifestou.

Neste sentido, lembrou que “o drama do aborto tem horizontes mais amplos, alguns dos quais praticamente ignorados” e esclareceu que “a valorização negativa do aborto provocado pode ser defendida no cristianismo, em outras religiões, ou a partir de uma consciência não-crente mas com bases humanistas e humanitárias”.

A diferença, explicou, é que “a fé cristã nos dá uma luz especial para ver o essencial da defesa da vida”.

Dom Sarlinga denunciou que muitas vezes querem desqualificar a opinião dos católicos, reduzindo sua postura a uma questão religiosa, quando “o tema que nos ocupa é profundamente humano, antropológico”.

“Diga-se a título de exemplo, os dez mandamentos (próprios do Judaísmo e do Cristianismo) proíbem roubar e assassinar ("Não cobiçarás os bens alheios"; "Não matarás") e ninguém pensaria em dizer que o tema do roubo ou do assassinato está no âmbito só do religioso, e por isso, que sejam somente os crentes que não devem matar ou roubar, sendo lícito a todos os outros fazê-lo”, indicou.

Além de esclarecer que a preocupação pelo concebido se estende ao amparo da criança depois de seu nascimento, bem como a vida e prosperidade de sua mãe e de seu pai”, o Bispo lembrou que “a defesa da vida inclui o bem integral do ser humano, e nisto devemos nos unir, crentes e não crentes”.

Dom Sarlinga lembrou que a ciência tem muito a dizer sobre o não nascido. “Nem se fale das pesquisas sobre o DNA. Porque, da existência de um ‘novo ser’, que é humano, que é autônomo em seu ser do corpo de sua mãe, que tem seu próprio DNA, e que por conseguinte é um ser humano individual, não se ecoaram em tão grande medida os meios de comunicação. E são conclusões da ciência”, advertiu.

“A ciência demonstra que o ser humano recém concebido é o mesmo, e não outro, que o que depois se transformará em bebê, em criança, em jovem, em adulto e em idoso. Seria muito bom que neste ponto tão fundamental a opinião pública fosse informada adequadamente pelos meios de comunicação, com artigos, declarações e opiniões dos mais autorizados cientistas na matéria”, exigiu.

Dom Sarlinga afirmou que “o direito à vida é verdadeira pedra angular na via do progresso moral da humanidade. É um direito fundamental que provém da dignidade que corresponde a cada ser humano, por ser tal. E por isso mesmo, a fonte última dos direitos humanos não se situa na mera vontade dos seres humanos, na realidade do Estado, dos poderes públicos, mas sim no ser humano mesmo e em Deus seu criador”.

“Freqüentemente se combate este pensamento com o argumento de que este poderia possivelmente ter validade para as pessoas católicas práticas, ou religiosas, mas que em si não constituiria um princípio sustentável universalmente, nem mesmo em sentido jurídico. Mas é uma questão da própria natureza humana, criada e elevada, claro está, por Deus”, esclareceu.

O Bispo também precisou que “na experiência dos países que legalizaram o aborto se manifesta claramente que esta legalização não ajuda” para seu desaparecimento mas sim “aumenta -inclusive grandemente- seu número”.

“O efeito multiplicador da legalização do aborto se deve a que a opinião pública geral vê como bom o que é legal, o que é legalizado, e cada vez mais banalizado nas consciências a decisão de abortar”, afirmou.

Finalmente, animou os cristãos a continuar defendendo a vida. “Nós, como cristãos, temos esperança e não vemos perdição e ruína em tudo o que nos rodeia. Não queremos lutas nem conflitos estéreis. Temos consciência, isto sim, de possuir uma mensagem e uma praxe que aponta ao desenvolvimento integral do ser humano, e forças que podem colaborar a realizá-lo efetivamente. Com humildade e com firmeza seguimos propondo o valor imenso da vida humana e a maravilhosa mensagem do Evangelho, de modo adequado para chegar ao mesmo coração da cultura de nosso tempo”, indicou.

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