29 de novembro de 2024 Doar
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Líderes dissidentes descartam advogar por mudança violenta em Cuba

Oswaldo Payá, líder do Movimento Cristão Libertação (MCL), e Vladimiro Rocha, Presidente da Partido Social-democrata de Cuba (PSC), descartaram que a dissidência procure uma mudança com violência na ilha.

"Eu proponho mudanças, não revoluções. Já não quero mais revoluções. As revoluções trazem sangue e violência, eu o quero tudo tranqüilo", disse Rocha, de 64 anos, em entrevista concedida ao jornal espanhol ABC.

"Pode haver movimentos dentro de Cuba que estejam pela violência, mas não se aproximam de nós, em primeiro lugar porque têm que ser clandestinos. O governo sempre tratou de nos inclinar para a parte violenta para poder reprimir à largas", indicou o Presidente do PSC.

Por sua vez, Oswaldo Payá disse ao jornal francês Libération que os opositores querem uma "transição pacífica", defendeu "a reconciliação nacional e o perdão" e expressou que as mudanças rápidas em Cuba são inevitáveis. A mudança "se produzirá rapidamente" e "é inevitável" já que "o povo não suporta mais a idéia de viver mais um ano".

Para Rocha, Raúl Castro, o irmão de Fidel, poderia favorecer uma abertura em caso de assumir definitivamente o poder. "O primeiro reformista que há em Cuba a muito tempo tempo se chama Raúl Castro. Começou com as Forças Armadas, que agora é o organismo mais eficiente no governo, do ponto de vista econômico. Isso o obteve a base de reformas e deixar-se guiar por gente que sabe. É muito mais organizado que Fidel. Cada pessoa é um mundo e com Raúl as coisas vão ser diferentes", disse. "Estou quase certo de que Raúl iniciaria quase imediatamente uma reforma econômica geral", acrescentou.

"Penso que iria procurando a eficiência econômica, como o tem feito com os grupos empresariais dentro do Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), que têm interesses e normas capitalistas. Ele foi também um dos que começaram estimulando o mercado agropecuário para procurar camponeses que garantissem a alimentação do povo, enquanto que o que se fechou e está contra todas essas

reformas é Fidel", continuou Rocha.

Sobre o futuro da Ilha depois de Fidel, o líder do MCL insistiu em que a oposição não quer "em nenhum caso uma intervenção exterior, nem sequer uma constituição redigida por outros governos ou tirada de outro país". Payá lembrou que há milhões de cubanos exilados, que "formam parte integrante da nação cubana". "Todos têm direito a voltar e dispor de seus direitos de cidadãos. Mas não acredito que possam reivindicar suas antigas casas porque então terei que expulsar a famílias que se instalaram há décadas", acrescentou.

O líder dissidente afirmou que os lucros em saúde e educação do regime cubano devem ser conservados, mas assinalou que esses aspectos foram utilizados para justificar "a privação de todos os direitos políticos e econômicos". Nesse sentido, assinalou que "não se pode esquecer que milhares de pessoas foram fuziladas e outros milhões se exilaram desde 1959".

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