WASHINGTON DC, Sep 27, 2006 / 17:10 pm
Uma bebê de pais mexicanos se converteu no centro da atenção de Phoenix e recebe diariamente formosos presentes de pessoas que talvez nunca conheça. Faz quase dois meses, sua mãe, Verônica Celis, foi declarada com morte cerebral. Os médicos a mantiveram conectada a um respirador artificial até domingo passado, quando nasceu a bebê que esperava e pela qual se negou a receber um tratamento que pôde prolongar a sua vida.
Verônica tinha 36 anos de idade e três filhos varões de 19, 13 e 10 anos, sempre quis uma menina e com seu marido tinha considerado adotar uma.
Faz um tempo lhe diagnosticaram câncer aos seios, submeteu-se a um tratamento e a enfermidade pareceu recuar. Em junho passado se confirmou que Verônica tinha câncer novamente e além que estava grávida da menina que sempre quis.
“Poucas semanas depois que descobrimos o câncer, ela disse que ‘se eu morrer, cuida do bebê’. Me assustou muito”, lembra Aarón, seu marido faz 21 anos, em declarações ao jornal Yuma Sun de Arizona.
“Estava contrariada, mas sempre confiou mais em Deus do que eu. Pedia-me que não me abatesse: ‘vamos ficar bem. Você tem que ser mais firme’”, lembrou.
Quando os médicos lhe sugeriram abortar, o casal considerou a proposta mas Verônica mudou de idéia.
“Um dia depois ela disse ‘Não. Deus me deu isto e Ele sabe por que’”, assinalou Aaron. Em julho, o câncer já estava nos ossos, a dor era muito intensa e o desenlace era iminente. Deveu ser transladada de Yuma ao Centro Médico Banner Good Samaritan de Phoenix.
Logo caiu em coma e em 7 de agosto os médicos declararam sua morte cerebral.
Aarón decidiu cumprir a promessa que fez à sua esposa e aceitou mantê-la conectada ao respirador até que sua filha pudesse nascer. Embora os médicos queriam prolongar a gravidez até meados de outubro, uma forte infecção atacou o corpo de Verônica e deveu adiantar o parto.
No domingo, Aarón recebeu a sua filha (ver foto) e um dia depois retiraram as equipes do corpo de Verônica. A bebê nasceu com 30 semanas de gestação e pesou pouco mais de um quilogramo. Foi batizada como Verônica Destiny em comemoração à sua mamãe. Embora seu estado é delicado, os médicos confiam em que sobreviva.
“O último desejo que me legou minha esposa foi ‘Cuida da bebê’. Foi uma decisão muito difícil de tomar, mas lhe fiz uma promessa à minha mulher, e vou cumprí-la”, sustenta Aarón.
Aarón e Verônica se conheceram quando tinham 17 e 15 anos de idade respectivamente. Ela trabalhava em uma fábrica que produzia garrafas de plástico, e Aarón trabalhava como supervisor da mesma companhia em manutenção das máquinas.
“Realmente, era a moça mais bonita do mundo”, recordou. “Minha esposa é uma dessas pessoas que sempre me puxava para melhorar, uma mulher muito firme, mas sempre muito feminina, gentil e delicada”, assinalou Aarón.
Durante todo este tempo, Aarón viajou semanalmente de Yuma a Phoenix para visitar Verônica. “Embora lhe falava, rezava com ela e segurava a sua mão, sei que não está ali. Sei que a sua alma está em algum lugar melhor”, disse Aarón.
A história desta família está tocando numerosos corações em Arizona. Os trabalhadores do hospital vêem desde segunda-feira a chegada de inesperados e anônimos presentes, cartas e cartões para a pequena Verônica.
Segundo o porta-voz do hospital, Craig Fischer, não surpreende que os residentes da zona queiram expressar sua proximidade com a família Celis. “Acredito que as pessoas sentem uma conexão pessoal com esta história e querem celebrar o nascimento desta bebê tão extraordinária”, assegurou.
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