SANTIAGO DE COMPOSTELA, Aug 18, 2004 / 15:54 pm
O Bispo da diocese de Mondoñedo-Ferrol, Dom. José Gea Escolano, advertiu que a Igreja "não pode se calar" diante da "degradação moral" que o Governo projeta para a legislação espanhola, em temas como a equiparação da uniões homossexuais ao matrimônio e a ampliação dos casos de legitimação do aborto.
"Somos conscientes de que muitas vezes incomodamos ao falar, por isso alguns políticos nos pedem que nos calemos. Mas uma Igreja que não fala quando isto acontece, para que serve?", questionou o Bispo em sua última carta pastoral.
"É que a Igreja tampouco pode orientar seus fiéis em questões que afetam a fé e a moral?, querem amordaçá-la?", perguntou-se o Prelado e explicou que “a presença da Igreja pregando a verdade do homem e de sua irrenunciável dignidade é incômoda aos que, por umas ou outras razões, tratam de instrumentalizá-la”.
Por isso, para estes “Cristo incomoda. E também a religião”, afirmou o Bispo e lamentou que exista "uma postura não só anticlerical, mas também anti-religiosa” que leva a “uma apostasia geral”.
Entretanto, Dom. Gea expressou que “o vão ter muito difícil” já que a Igreja “não procura privilégios, mas sim defende direitos”.
Do mesmo modo, o Bispo assinalou que "muitos que estão vivendo à margem da Igreja" opinam a respeito do que esta deve fazer. "Estariam contentes se apoiasse suas opções políticas ou sindicais. Não posso fazê-lo”, sustentou.
Gosto por apontar os defeitos
De outro lado, Dom. Gea Escolano criticou que exista "um gosto especial, tanto por parte de alguns políticos como de alguns setores da própria Igreja, em insistir constantemente nos defeitos de hierarquia" eclesiástica de uma vez que arremeteu contra grupos "que se consideram católicos", mas que a apresentam "como usurpadora de poderes que pertencem ao conjunto dos fiéis".
Segundo o Bispo, não se pode andar pela Igreja opinando "conforme lhe pareça com cada um", já que "a fé e a moral da Igreja não se servem a la carte, de maneira que cada um possa escolher o que mais lhe agrada".
"Ou se admite totalmente a fé e a moral que ensina, ou se situa quando se está fora da comunhão eclesiástica", concluiu o Prelado.
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